Sunday, 24 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Recessão econômica nos países ricos fecha jornais gratuitos

Durou pouco a euforia dos jornais gratuitos, principalmente na Europa. A moda surgida por volta de 2003 entrou em declínio em 2007 e agora caminha rapidamente para a extinção em conseqüência de uma violenta queda no volume de anúncios pagos nos chamados jornais descartáveis e que chegaram a ser apontados como uma alternativa para a crise na imprensa.


 Jornais gratuitos em crise


Dos 230 jornais gratuitos existentes no mundo, 23 jogaram a toalha em 2007 e 12 já fecharam as portas em 2008. Quase metade dos membros da associação mundial de jornais gratuitos encontra-se num processo de agonia lenta e os prognósticos são sombrios, segundo o especialista holandês Piet Bakker.


 


“Os jornais gratuitos são extremamente vulneráveis à recessão econômica”  garantiu Bakker que previu dias ainda mais duros para o segmento que já teve uma participação de 30% no mercado mundial de jornais. Os jornais de distriubição livre tornaram-se muito populares nas grandes cidades com redes extensas de metrô. Jornais grátis em metrôs Hoje, os jornais gratuitos crescem apenas em paises emergentes como África do Sul, Turquia, Índia, Indonésia e em alguns países latino-americanos.


 


O grupo sueco Metro International, o maior conglomerado de jornais gratuitos do mundo com investimentos em cerca de 150 grandes cidades em 20 países, admitiu uma redução de 83% na receita publicitária nos primeiros oito meses de 2008. Na Espanha a queda foi da ordem de 20%.


 


A crise das bolsas mundiais aumentou ainda mais a tensão entre os donos de jornais, inclusive os pagos. Na França, o governo entrou na onda dos pacotes de salvação de empresas privadas em dificuldades, ao anunciar que vai socorrer os jornais e a televisão, que já recebem o equivalente a cerca de 4 bilhões de reais anuais em subsídios oficiais.


 


A imprensa francesa é a que se encontra em situação mais difícil, na Europa. O seu faturamento anual caiu de 1,4 bilhões de euros (R$ 3,1 bi)  no ano 2000 para 850 euros (R$ 2,1 bi), em 2007 . O presidente francês Nicolas Sarkozy está sob forte pressão dos seus muitos amigos na imprensa para alterar as leis que regulam a mídia no país e oferecer créditos da ordem de até 300 milhões de euros (R$ 800 milhões).


 


Nos Estados Unidos, o jornal The New York Sun, deixou de ser impresso nesta terça feira (30/9) , depois de seis anos de circulação errática. O jornal, de tendência conservadora, chegou a ter uma tiragem de 150 mil exemplares diários, depois passou a distribuir 66 mil exemplares de graça e sua circulação paga acabou se reduzindo a 14 mil assinantes.


 


A recessão econômica nos Estados Unidos, acentuada pela crise na bolsa, vai afetar duramente toda a indústria dos jornais no país. William Dean Singleton, diretor do MediaNews Group, um dos cinco maiores conglomerados da imprensa norte-americana advertiu que os próximos 18 meses serão críticos porque 60% dos problemas financeiros dos jornais estão vinculados à intensidade da recessão.