A mídia poderá colaborar para o esclarecimento das divergências e dos conflitos entre Brasil e Estados Unidos antes da passagem do presidente George W. Bush por Brasília, daqui a um mês. Mas, se preferir a trilha usual, vai deixar tudo para a última hora e valorizar os aspectos mais sensacionais e mais superficiais. Esse é o tipo do assunto que envolve muita paixão e pouca reflexão.
Os dois países são ao mesmo tempo aliados históricos e rivais. Suas pretensões de colaboração e conflito são condicionadas pelo contexto internacional. Na América do Sul, três grandes temas afetam os interesses nacionais americanos: petróleo, drogas e terrorismo, com repercussões que afetam igualmente interesses nacionais brasileiros. Brasil, Chile e Uruguai são países que hoje observam um regime democrático mais estável e enraizado. Em todos os demais, do Paraguai à Venezuela, passando antes de mais nada pela Argentina – onde ontem explodiram bombas contra a visita de George W. Bush -, o quadro institucional sofre ameaças e arranhões.
Os dois governos devem prestar atenção igualmente, ou principalmente, a suas realidades internas. Há grupos de interesse dos dois lados. Em relação à menina dos olhos do presidente Lula, a política econômica, têm partido do governo americano retumbantes gestos políticos de aplauso.
Do protecionismo à imigração clandestina, a pauta de assuntos bilaterais é muito extensa. Respostas aparentemente simples podem produzir, em vez de entendimento, uma caricatura de debate.