Luiz Geraldo Mazza, colunista da Rádio CBN Curitiba e da Folha de Londrina, traça um panorama do que considera intimidação da imprensa paranaense pelo governador Roberto Requião. Mazza disse ao Observatório no Rádio (Requião assusta) que a imprensa do Paraná tem uma antiga tradição de oficialismo, mas afirma que a situação é agravada por Requião. “Qualquer coisa que haja, convoca-se o jornalista para prestar depoimento numa delegacia de polícia”.
O próprio Mazza sofreu vários processos. O mais recente é relativo a um episódio ocorrido durante o processo eleitoral do ano passado. A campanha do candidato de Requião, Angelo Vanhoni, foi coordenada pelo secretário de Educação, Maurício Requião, irmão do governador. “A esposa dele tem uma empresa de pesquisa de opinião”, conta Mazza. “Na reta final da campanha , fez uma pesquisa que dava resultados incompatíveis com as dos outros institutos, mais acreditados – se é que a gente ode acreditar em algum – e eu fiz uma observação veemente na Rádio CBN. Fui processado porque estaria afetando a imagem do instituto. Imagine o grau de isenção que uma empresa ligada à família pode ter na hora do desespero da campanha eleitoral, quando já estava mais ou menos definido que o Beto Richa [PSDB] ganharia a eleição.
Mazza diz que Requião não está fazendo um governo de obras e sim de “atitude”. Tem forte apoio do Ministério Público estadual. Criou pânico entre empresários com um aparelho de escuta telefônica que permite gravar 600 conversas simultaneamente. “Não sei para que tanto”, pergunta-se o jornalista. Com alguma dose de conformismo, diz que conversa de empresário não é “sobre golfe”, mas sobre “jogadas de pré-qualificação, acertos para ficar de fora quando não concordam com o preço”. A secretária de uma entidade dessas empresas, de médio porte, gravou umas conversas, que foram jogadas no caldeirão com outras gravações. ‘O governo misturou tudo’. Resultado: empresário do Paraná não fala contra Requião.
Segundo Mazza, o governador usa a TV Cultura sem qualquer constrangimento. Às terças-feiras, tem um programa chamado Escola de Governo, que é conhecido como a “Escolinha”, durante o qual distribui os troféus Severino Cavalcanti, “uma coisa de mau gosto, a cabeça do Severino com um corpo de rato”. O grupo que o governador mais ataca é a Rede Paranaense de Comunicação, que possui a TV Paranaense, afiliada da Rede Globo, e o principal jornal do estado, a Gazeta do Povo. “Embora o jornal tenha uma orientação de não-combate, quando faz matérias documentais sobre a questão da saúde, por exemplo, deixa o governador irritadíssimo. Por isso ele cortou o jornal da programação de mídia”.