Sunday, 24 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Sebastianismo inconsciente

Do economista Sérgio Besserman, ex-presidente do IBGE, atualmente presidente do Instituto Pereira Passos, do Rio de Janeiro, hoje, no Globo: “O Dom Sebastião mais freqüente de nossas elites, mesmos as mais intelectualizadas, é a política econômica. Algum dia chegará a política econômica correta (dos bons economistas), ou vinculada aos setores produtivos (e não aos financeiros), ou voltados para os interesses populares (e não para os ricos), e assim por diante, ao gosto do freguês. Quando ela chegar, todos os problemas nacionais e sociais começarão a ser resolvidos”.


Besserman cita a categoria “poder decrescente do título eleitoral”, criada pela sociologia alemã, e afirma: “Mudança de ´modelo´ operada estritamente dentro das fronteiras nacionais, sinceramente, é assunto de revista de moda e não o Santo Graal da sociedade brasileira”.


Acossada por muitos problemas, entre os quais as conseqüências ainda não compreendidas da revolução digital, a mídia brasileira flutua como um barco sob o influxo de marés produzidas pelas elites pensantes. A mídia se imagina poderosa, mas tem sido incapaz de formular mesmo uma pauta para um diagnóstico articulado dos problemas brasileiros.


Besserman reconhece que “a política econômica será sempre objeto de debate e conflitos”, mas sua “receita” passa ao largo da espetacularização ou da manipulação interesseira desse debate:


“Nossos graves problemas são produtos de nossa história e a transformação da sociedade brasileira, especialmente a redução da desigualdade, depende de muito conhecimento, trabalho e mobilização política. Não há milagre nem atalhos. Há a história e seus caminhos, no Brasil e no mundo”.