Saturday, 23 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Sem essa de ‘mensalinho à parte’: se não houve, Severino fica

O político Severino Cavalcanti é um horror. Os deputados da oposição que votaram nele para presidente da Câmara sabiam disso.

Não venham agora querer apagar a marca de suas digitais na desonra infligida à Casa, despejando de seu comando – enquanto não houver provas irrefutáveis que justifiquem a sua cassação – aquele que elegeram para “ferrar” o PT, como disse a tucana Zulaiê Cobra.

Ela, pelo menos, não dá o feito pelo não feito. Ao contrário dos super-tucanos que trabalharam por Severino e depois fingiram que não era com eles. Excluo o líder do PSDB Alberto Goldman que foi contra Severino do começo ao fim.

Passados quase sete meses da desgraceira, não tem nada de “mensalinho à parte”. A “oportunidade de agir em benefício da boa imagem da Câmara”, como propõe hoje O Estado, foi desperdiçada na madrugada dos longos punhais, de 16 de fevereiro, por uma parcela ponderável daqueles parlamentares do alto clero de quem se tinha o direito de exigir que agissem em benefício da imagem e da substância do Poder Legislativo.

Agora, para defenstrar Severino, só demonstrando que ele extorquiu, ou favoreceu, mesmo sem extorquir, o dono do restaurante da Câmara – uma história talvez mais esquisita do que parece. O resto é oportunismo.

Oportunidade de remediar o mal cometido quem tem é o relator da CPI dos Correios, Osmar Serraglio, do PMDB paranaense. Nada impede e tudo aconselha que ele peça para abrir processo também contra o ex-governador, senador e presidente interino do PSDB Eduardo Azeredo.

A exclusão do nome de mais esse dono de caixa 2 eleitoral da lista dos cassáveis preparada por Serraglio e pelo seu contraparte da CPI do Mensalão, Ibrahim Abi-Ackel, representa um escândalo ainda maior do que a tese severina contra a cassação dos acusados do mesmo delito.

Severino só falou. Serraglio fez.

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