Alvo é uma palavra bonita e forte. Possui, além disso, a vantagem de ter apenas quatro letras – uma benção para os mancheteiros. Hoje não deu outra, portanto:
‘Ausente, Lula é alvo de ataques em debate’ (Folha).
‘Lula falta a debate e vira alvo de candidatos na TV’ (Globo).
‘Lula não aparece e vira alvo de candidatos em debate’ (Estado).
Permitam-me acrescentar, aos títulos desses três principais jornais brasileiros, um outro da minha lavra, motivado pelo espetáculo do falso debate travado por Geraldo, Heloísa e Cristovam:
Sessão de tiro ao alvo em parcerias
A questão para Lula, desde sempre, era calcular qual dos males o menor: ser alvejado por três, de corpo presente ou com a cadeira vazia.
O Estado informa que ele resolveu trocar a ida ao Projac, em Jacarepaguá, por um comício na Praça Giovani Breda, em São Bernardo do Campo, contra o conselho dos companheiros ministros Tarso Genro e Luiz Dulci e do companheiro chefe da campanha Marco Aurélio Garcia.
‘Falta ao debate foi decisão solitária’, diz o jornal.
É possível que até domingo alguma pesquisa indique se ele fez bem ou mal – para os seus interesses eleitorais, naturalmente. Os do eleitor não estiveram nem aí nessa esquálida campanha.
O efeito da ausência, qualquer que seja, será provocado menos pelas imagens e falas do evento propriamente dito, do que pelo tratamento que o Jornal Nacional de hoje der ao fato. A julgar pela edição de ontem, quando anunciou o não comparecimento, pegará pesado.
‘Aposta de risco’, crava na Folha a colunista Eliane Cantanhêde, resumindo a sensação da maioria dos pesquiseiros e jornalistas políticos de que Lula pode até ‘matar’ a eleição no primeiro turno, como garantiu outro dia – mas, se o fizer, será por um fio. Ou, conforme o jargão do turfe, no olho mecânico.
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