Compro o Estadão nesta quinta-feira na rodoviária de Ribeirão Preto para me ajudar a enfrentar a viagem até São Paulo, depois de comer pó quatro dias na Agrishow. A manchete tem tudo a ver com a paisagem da estrada: Relatório da ONU vai defender etanol de Cana. Nas 4h20 de trajeto, tudo o que eu vejo pela janela é cana. De vez em quando, um pouco de laranja. Mas a cana prevalece.
O Estadão antecipa o tom do relatório IPCC, que trata das mudanças climáticas, francamente favorável ao etanol produzido da cana-de-açúcar. Os especialistas consideram o etanol brasileiro mais eficaz para reduzir as emissões de CO2 do que o etanol de milho.
A matéria, que ganhou a manchete da edição, continua na página A-16. Mas não há nem sequer uma linha sobre a grande feira da agroindústria, a Agrishow, que começou dia 29 de abril em Ribeirão Preto e vai até sábado, dia 2. E olha que a Agência Estado tinha dois repórteres por lá.
O jornal perdeu uma boa chance de mostrar que o sucesso internacional do etanol brasileiro está provocando uma grande barulho no interior paulista. As vendas da feira, a maioria destinadas às usinas, estão a pleno vapor. As grandes indústrias de máquinas e implementos para o plantio e a colheita da cana estavam lá. Mais de 700 jornalistas devem visitar a feira, mas poucos deles são dos grandes veículos nacionais. Estes só vêem cana nos relatórios da ONU.