Monday, 25 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Título-Poliana torce pelo ‘eventual’ 

Tudo parece que virou conta de chegar em favor de Alckmin no Estadão.


Está lá, no alto da primeira página de hoje: ‘Vantagem de Lula cai de 15 para 12 pontos’. No texto se lê que, pelo mais recente Ibope, Lula oscilou de 49% para 48% [na margem de erro] enquanto Alckmin subiu de 22% para 25%. Ou seja, a diferença entre eles caiu de 27 para 23 pontos.


E os tais 12, que eram 15?


Os tais 12 pontos são a nova diferença entre as intenções de voto no petista e em todos os outros candidatos somados. Não é propriamente de tirar a respiração.


Pois a verdade é que, se o Ibope estiver certo, ‘Lula caiu um ponto, mas ainda lidera com folga e hoje venceria no primeiro turno’, como informa sobriamente o Globo na página 1.


Mas em matéria de título-Poliana, ou de criatividade jornalística para destacar o lado bom das coisas – bom para quem mesmo? – nada bate a forma que o Estado encontrou para anunciar, dentro, a última fornada do Ibope:


‘Alckmin diminui dianteira de Lula em eventual 2° turno’.


O problema jornalístico, evidentemente, é o ‘eventual’. Aumento ou diminuição da vantagem de um candidato sobre outro nas pesquisas em caso de 2° turno só é notícia quando não há hipótese, até onde a vista alcança, de um dos competidores liquidar a fatura já na primeira rodada. É o caso da disputa pelo governo de Pernambuco, por exemplo.


No caso da sucessão presidencial, 12 pontos de folga do candidato favorito sobre todos os demais competidores juntos torna irrelevante as projeções para uma segunda volta, porque ela é ainda ‘eventual’ – e ponha-se eventual nisso.


Tanto assim que a Folha e o Globo destacaram o que havia verdadeiramente para destacar na notícia.


Folha: ‘Diminui vantagem de Lula, aponta Ibope’.


Globo, mais informativo: ‘Ibope: Alckmin sobe, mas Lula ganha no 1° turno’.


Ninguém dirá que esses jornais lularam. É o alckmismo do Estadão que já está arrebentando as costuras.


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