Medida pelas trapalhadas atuais para escolher um candidato, entende-se por que a condução tucana da crise do mensalão não foi a mais eficaz. Não se trata de aplicar a chamada “sabedoria da visão retrospectiva”, mas sempre se pode ler o passado à luz do presente.
Partindo-se da premissa absurda de que se tratava de uma luta entre o bem e o mal, como no samba de Nelson Cavaquinho, por que o PSDB e seu aliado PFL foram incapazes de produzir evidências incontestáveis contra o PT? Dentro dessa premissa, teria sido incompetência.
Mas não foi só esse o problema. O problema é que as fontes de financiamento são, se não idênticas (o que acontece em alguns casos, vide Marcos Valério e Dimas Toledo), muito semelhantes.
A mídia depende doentiamente de um número limitado e viciado de fontes, porque foi esvaziada por crises econômicas e opções empresariais contestáveis. Por isso não conseguiu ir mais longe na apuração. Como em tantos outros episódios da História republicana. Depende de fontes que têm interesse numa apuração parcial dos fatos: revelem o que atrapalha a vida dos meus adversários. Mas, se chegar perto de mim, alto lá!
Outra hipótese é a de que a mídia seja conivente, por convicção ou por conveniência, com as irregularidades. É o que muita gente gosta de dizer – lêem-se montanhas de comentários assim nos blogs –, mas essa análise é equivocada. Seria preciso que não houvesse concorrência, que os veículos funcionassem como uma máfia, ou um cartel. As coisas não funcionam assim. É óbvio, mas é necessário insistir nisso. E procurar causas reais para deficiências dolorosas, das quais resultam um sentimento de frustração impotente e o alastramento do cinismo.