O leitor Ivan Moraes escreveu, a propósito do tópico “Primeiro, o patrimônio”:
‘´O país parece ter mais de uma população´. São exatamente três populações. A da ´sociedade alternativa´ pobre que faz tudo com dinheiro vivo; a da sociedade alternativa da classe média que faz trambiques bancários e não-bancários pra sobreviver; e a ´sociedade alternativa´ que não precisa de trambiques nos bancos de Nova York e da Europa. O patrimônio vem primeiro porque o autor falava diretamente ao seu superior hierárquico, e não à população, como o comprador de jornal imagina. Entre suporte moral para o fato triste do seqüestro e puxassaquismo aberto, aqui a distância pode ser medida em nanômetros.”
Resposta:
As empresas tomaram a decisão de não aceitar mais chantagens. Como não podem confiar na eficácia da Polícia, disseram isso de maneira enviesada. Quer dizer: não disseram, mas deixaram no texto álibis para o futuro: ‘É urgente e fundamental que aqueles que dirigem o governo e o Estado brasileiro em seus diferentes níveis tomem medidas responsáveis e eficazes contra o crime‘; e ‘Os meios de comunicação, unidos, na sua sagrada [sic] missão de informar e garantir a liberdade de expressão, cobrarão veementemente, dos atuais e futuros governantes, soluções eficazes na defesa da sociedade brasileira’.
O caminho adotado pelas empresas e entidades de mídia foi complicado – de todo modo a situação era muito complexa -, o manifesto tem os defeitos apontados, mas quem tem que combater a criminalidade são as autoridades, hoje em parte cúmplices, em parte intimidadas, em parte omissas, em parte incompetentes, e também, em parte, competentes. A mídia não pode substituir o governo. A não ser que se decida nomear algum repórter de polícia para chefe da Segurança Pública. Porém – e aqui o porém é de bom tamanho -, as autoridades não poderão fazer isso sem o apoio, a colaboração, a solidariedade do povo. E para isso a mídia é estratégica, insubstituível, decisiva. Se tivesse desempenhado seu papel a contento, as autoridades seriam outras, a criminalidade seria outra, principalmente oquadro social, o caldo cultura, seria outro. A mídia falhou historicamente e agora a conta ficou mais pesada para a população, para as autoridades, para a mídia.
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