O New York Times recusou-se a publicar, como veio, um artigo do candidato republicano John McCain falando de seus planos para o fim da ocupação americana do Iraque.
O jornal pediu a McCain que reescrevesse passagens do texto para dizer em termos concretos o que entende por “vitória no Iraque” e se irá anunciar um cronograma para a retirada.
O pedido foi rejeitado, e a equipe do candidato se queixou de discriminação.
Na fase das primárias, o NYT anunciou seu apoio a Hillary Clinton entre os democratas e a McCain entre os republicanos.
Recentemente, o Times publicou um artigo do afinal vitorioso Barack Obama sobre o Iraque. Não se sabe se saiu como recebido, ou se precisou ser canetado pelo autor, por exigência do jornal.
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Nem todos apoiam essa política. O argumento contrário é o de que o jornal não tem de interferir em artigos assinados – o leitor que julgue os seus autores. É, por exemplo, a rotina na imprensa brasileira.
Mas o Times está certo. Nem sempre o leitor sabe distinguir informação falsa da verdadeira, e o jornal não deve mesmo se prestar ao papel de transmissor de enganos alheios, propositais ou não, em nome do respeito à integridade das idéias dos articulistas.
No caso McCain, o NYT foi mais longe. Pelo visto, não quis ser mula do eventual lero-lero de um candidato diante de uma das duas questões que deverão decidir a eleição de novembro. (A outra é a economia.) Se ele fala em “vitória no Iraque”, tem de explicar o que quer dizer com isso.
Se os jornais brasileiros tratassem com a mesma severidade os artigos com as promessas dos nossos candidatos, nenhum deles iria gostar – mas o leitor encontraria menos abobrinhas nas páginas opinativas.