Ouvi duas vezes a gravação da entrevista de Fernando Henrique à CBN na qual ele diz, de um folego só: ‘Eu não sou contrário à privatização da Petrobrás.’
Numa nota que distribuiu 9 horas depois da entrevista, ele diz que, por culpa de um ‘cacoete de linguagem’ de sua parte e de uma ‘transcrição imprecisa’ da entrevista, criou-se um mal-entendido sobre a sua posição diante do assunto.
O certo seria: ‘Eu não, sou contrário…’ Ou: ‘Eu não; sou contrário…’
De fato, o que ele diz em seguida ao entrevistador Heródoto Barbeiro só faz sentido para quem é contra a privatização: ‘Ela (a Petrobrás) deve ser outra coisa – uma empresa pública. E não ser utilizada para fins políticos.’
Mas que ele falou ‘eu não sou contrário à privatização da Petrobrás’, sem nenhuma pausa entre o ‘não’ e o ‘sou’, lá isso falou. Não houve nenhum erro de transcrição, portanto.
Resta o ‘cacoete de linguagem’, seja lá o que isso queira dizer. Talvez, a súbita irrupção do inconsciente que Freud – o original, não o do PT – chamou de ato falho, também conhecido como lapso freudiano.
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