A mídia brasileira está diante de uma missão que beira o impossível.
Trata-se de responder – com fatos, não especulações ou boatos – à pergunta que o país todo se faz:
O que está realmente acontecendo com Ronaldo?
O desafio é fenomenal porque a CBF, a Nike, a comissão técnica da seleção, a equipe médica, os companheiros do craque, os jornalistas acumpliciados com a cartolagem – num cipoal de interesses legítimos e ilegítimos – ergueram em torno dos problemas ronaldianos uma formidável muralha de silêncio e despistamento.
Por isso, não se crucifique implacavelmente a imprensa por ela não conseguir, como não tem conseguido até agora, entregar a mercadoria que o público não vê a hora de receber – a verdade, ou as verdades, sobre o que se passa com o corpo e a mente do grande artilheiro.
Mas faria melhor o exército de enviados à Alemanha se mandasse a escanteio a tentação do achismo e contasse com todos os detalhes apuráveis como é que funciona a blindagem de Ronaldo.
E exigisse da CBF e tutti quanti o jogo limpo a que os brasileiros têm direito.
É preciso dizer mais do que ‘ontem, a assessoria da CBF não atendeu as ligações da Folha após o anúncio dos exames [do jogador]’, como o jornal fecha a matéria brilhantemente intitulada ‘Corpo estranho’.
A imprensa toda recorda hoje a ‘convulsão’ ou ‘crise nervosa’ do craque pouco antes do vexame da seleção diante da França, na final da Copa de 1998. O que leva a recordar o desempenho pífio da mídia, a começar pela atarantada Globo, na cobertura da crise que decerto atrasou em quatro anos a conquista do penta.
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