Depois da entrevista coletiva de ontem do deputado Severino “Mentira, Mentira, Mentira” Cavalcanti, o leitor de jornal pode se regalar com a de hoje, ao Estadão, de outro pepista, o ex-prefeito Paulo “Jamais Pratiquei Algum Crime” Maluf, preso na Polícia Federal.
A de ontem, transmitida pela TV, permitiu aos espectadores ver a cena sempre edificante de um político perdendo a cabeça. Foi quando o presidente da Câmara saiu do script do não temo porque não devo para investir contra o parlamentar que lhe disse da tribuna, olho no olho, que a sua permanência no cargo era “um desastre para o país”.
Ontem, decerto porque alguma pergunta pegou numa veia severina, ele sugeriu, alterado, que o deputado Fernando Gabeira, que teve a hombridade de jogar-lhe a verdade ao rosto, era homossexual e maconheiro.
Num raro momento de jornalismo que não se limita a reproduzir o que todo mundo viu e ouviu, a repórter Cida Fontes, do Estado, capturou e transmitiu a seguinte pérola: ““Sua nora Olga pôs as mãos na cabeça, desesperada. “Ele não consegue segurar a língua”, disse com a cabeça baixa.””
Já a entrevista de Maluf, além de exclusiva, tem outra particularidade: as respostas vieram do próprio punho do entrevistado, com rasuras e tudo, em papel pautado. O jornal reproduz cinco desses escritos.
Com isso, permitiu aos leitores ver a letra estressada da notória figura que se proclama “um homem público há 38 anos e sem nenhuma condenação penal”.
O perito a quem a revista Veja submeteu o documento que Severino nega ter assinado “de forma consciente” concluiu que a sua assinatura “está perfeita, firme, dinâmica”. Não é preciso ser perito em grafotécnica para perceber que a letra de Maluf pode estar tudo, menos isso.
Por si só, o contraste entre as juras de inocência do ex-prefeito e a sua expressão escrita já seria incriminador.
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