Acabam de ser divulgados nos Estados Unidos dois estudos acadêmicos que, apesar de reconheceram e crise na imprensa mundial, identificam algumas tendências que podem amenizar a aguda e continuada redução do número de empregos em jornais, revistas, rádios e televisão.
Um grupo de pesquisadores da Universidade de Indiana descobriu que seis mil jornalistas norte-americanos perderam emprego entre 1992 e 2002. O total de profissionais empregados caiu de 122 mil para 116 mil, o que contraria algumas estatísticas produzidas por organizações sindicais de que a queda tinha sido da ordem quase 11 mil demitidos.
Mas um texto publicado na edição de março/abril da Columbia Journalism Review usa os dados da pesquisa da Universidade de Indiana para afirmar que a médio e longo prazo a tendência é menos pessimista. Houve um crescimento absoluto de 67 mil jornalistas em 1971 para os atuais 116 mil.
A pesquisa da Universidade de Indiana não inclui os profissionais que migraram para a internet onde criaram weblogs pessoais. Não há dados precisos sobre isto mas um artigo publicado na edição de novembro da revista acadêmica Journalism afirma que a migração de jornalistas para a blogosfera pode ser considerada “significativa” , o que de alguma forma reduziria ainda mais o total de sem-emprego no jornalismo americano.
O artigo “Mapping the journalism-blogging relatonship” , produzido por um grupo de pesquisadores da Universidade do Alabama, também nos Estados Unidos, afirma que já não é mais possível estabelecer uma clara fronteira entre o jornalismo e os weblogs.
O que mais chama a atenção é o fato da academia norte-americana ter finalmente despertado para os estudos sobre a crise na imprensa. É um fato extremamente positivo que poderia ser imitado aqui no Brasil, pois a comunicação pública é hoje um componente social estratégico na chamada Sociedade do Conhecimento.
A crise na imprensa não é limitada aos Estados Unidos. É um fenômeno global que também não está restrito a determinadas empresas. É toda uma atividade em mutação, que não tem nada a ver com um processo terminal. Pelo contrário, tudo indica que a tendência é o fortalecimento da imprensa e da comunicação, embora não necessariamente com os mesmos grupos e formatos atuais.
Os estudos sobre desemprego entre jornalistas parecem indicar que os profissionais estão buscando suas próprias alternativas para continuidade da atividade informativa, de uma forma talvez mais ágil do que as empresas onde trabalhavam antes.