Sunday, 24 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Visões da História

O historiador mexicano Enrique Krauze deu a Eduardo Salgado entrevista que o Estado de S. Paulo publica hoje (31/1): “A democracia no México corre perigo”. No âmbito do debate sobre as características históricas do Brasil, sua resposta à última pergunta da entrevista é interessantíssima. Aí vai o trecho que importa aqui:


“Fala-se muito das semelhanças entre o Brasil e o México. Na sua opinião, quais são as principais?


– Neste momento, o Brasil me parece – apesar de todos os seus problemas – um país mais aberto, mais seguro de si, mais forte, e com a imensa virtude, que os brasileiros não apreciam o suficiente: o país não tem uma mitologia revolucionária em seu passado. O Brasil nasceu de um pacto, não de um trauma de rompimento e violência. O México não tem, neste momento, um rumo claro. E penso que há grandes possibilidades de que tome o caminho da Argentina ou da Venezuela, o que seria uma lástima. (….)”



É curioso como essa avaliação positiva da trajetória brasileira se choca contra determinadas visões… brasileiras. Só para exemplificar, em planos diferentes, porque agora se trata de um jornalista, veja-se o que disse o diretor de Carta Capital, Mino Carta, em entrevista à Caros Amigos de dezembro último:


“A nossa herança é muito ruim, até porque nunca houve briga de verdade. As guerras de independência de outros países foram guerras de verdade. Esses países depois foram se perdendo pelo caminho, mas as guerras foram de verdade, o sangue nas calçadas foi derramado de fato. Isso forma efetivamente, a meu ver, as nações. Sem isso, você não tem nada”. (….)