Tuesday, 24 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Mossack Fonseca fecha escritórios e perde mercados

O escritório de advocacia no centro das revelações dos Panama Papers decidiu fechar suas filiais nos territórios britânicos de Jersey, Ilha de Man e Gibraltar. A empresa Mossack Fonseca “irá por fim às operações” nesses territórios, “mas continuaremos atendendo todos os nossos clientes”, disse um comunicado da empresa.

“Tivemos muita pena de ter que tomar esta decisão, pois a Mossack Fonseca esteve presente nesses lugares por mais de 20 anos”, acrescentou a empresa, com sede no Panamá. O fechamento das filiais foi parte de uma estratégia para “consolidar a nossa rede de serviços de escritório”, disse o comunicado.

O anúncio foi feito quase oito semanas depois de terem surgido as primeiras reportagens sobre os Panama Papers, divulgando detalhes de quase quatro décadas de registros de arquivos dos computadores da Mossack Fonseca. Eles revelaram que muitos destacados líderes, políticos, celebridades e pessoas muito ricas do mundo todo usavam a Mossack Fonseca para criar ou dirigir entidades no exterior que mantinham seus ativos.

Embora as empresas no exterior não sejam ilegais em si, a repentina publicação da informação chamou a atenção para uma possível sonegação de impostos e, em alguns casos, crimes de lavagem de dinheiro, deixando constrangidas algumas personalidades que tentavam manter suas finanças em sigilo.

Escândalos políticos

As declarações, pelo Twitter, não mencionaram um fato divulgado no início da semana: que a afiliada da Mossack Fonseca no estado norte-americano de Nevada havia renunciado de ser o agente de 1.000 empresas que ali administrava.No dia 23 de maio, o secretário de estado de Nevada disse que a empresa MF Corporate Services, com sede em Las Vegas, encaminhou processo comunicando que renunciava do cargo de agente registrado de todas as 1.025 empresas registradas em livro.

O responsável pela regulação das finanças do país confirmou esta semana que a empresa Mossack Fonseca também continua sob investigação nas Ilhas Virgens britânicas. A Comissão de Serviços Financeiros das Ilhas Virgens disse na terça-feira (24/05) que tinha pedido ao escritório de advocacia que nomeasse uma “pessoa qualificada” para supervisionar suas operações e apresentar relatórios sobre a sua gestão.

O vazamento de 11,5 milhões de documentos da Mossack Fonseca, conseguido pelo jornal alemão Süddeutsche Zeitung e compartilhado com uma centena de jornais – inclusive o Guardian – pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos em Washington, levou à renúncia do primeiro-ministro da Islândia e a escândalos políticos na Argentina, no Reino Unido, em Malta e no Paquistão.

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Informações da agência France Presse