O pessoal do New York Times em Paris está realizando um último esforço numa tentativa para salvar uma operação editorial que vem desde o século 19. Em abril, o NYT disse à sua equipe que estava cortando 69 dos seus cerca de 110 postos de trabalho em Paris, onde o original Paris Herald – que depois passou a ser o International Herald Tribune e depois o atual International New York Times – nasceu, em 1887.
A proposta por trás desse esforço consiste em sugerir que seja mantida mais ou menos a metade dos empregos editoriais que a empresa quer cortar e fazer alguns cortes nas redações de Londres, Nova York e Hong Kong.
Embora a empresa pretenda continuar imprimindo a edição internacional, sabe-se que apenas as funções publicitária e administrativa – assim como o pequeno escritório, separado, do NYT – serão mantidos em Paris e uma meia dúzia de empregos serão transferidos para Londres, Hong Kong ou Nova York.
Uma pessoa que acompanha as negociações de perto disse que a proposta do pessoal não via apenas a proteger os cortes de empregos em Paris, mas também a preservar a sensibilidade do jornal. Ele disse: “Propusemos um plano pelo qual o jornal ainda seria rodado em Paris, mas com um número de empregados dramaticamente reduzido. Portanto, também propusemos que a administração leve em conta uma possível redução das equipes em nossos outros escritórios, em Hong Kong e Londres.”
“De qualquer maneira, será uma carnificina, mas a Europa e o continente [europeu] não é o mesmo que a Grã-Bretanha, não é o mesmo que Nova York, não é o mesmo que Hong Kong. Não estamos propondo isto apenas para salvar nossos empregos. Estamos fazendo isto para salvar a sensibilidade que este jornal tem tido ao longo de 130 anos.”
Audiências internacionais para o jornal digital e impresso
Recentemente, o NYT revelou um plano de expansão global de 50 milhões de dólares [R$ 180 milhões], mas sabe-se que a maioria dos empregos terá como objetivo tornar o conteúdo produzido em Nova York acessível a uma audiência global.
Jonathan Freed, um ex-delegado sindical da filial de Paris que saiu em setembro depois de trabalhar por 32 anos para o New York Times, disse que já era evidente, há quatro ou cinco anos, que a administração pretendia fechar o escritório e deixara avisos de advertência, como a falta de treinamento digital para as pessoas que trabalhavam ali. “Com o passar do tempo, ficou claro que o Times já não queria trabalhar em Paris”, disse ele. “Abriram o escritório em Londres e disseram que se você quer ter um plano de carreira, então terá que se mudar para Londres. O que eu deduzo é que ninguém está recebendo a oportunidade de se mudar para Londres; estão lhes dizendo que têm que ir. É apenas um massacre.”
Um porta-voz do NYT disse que a empresa não iria discutir as negociações em curso e acrescentou: “Como já dissemos anteriormente, a proposta do jornal de reorganizar as operações de Paris é no sentido de possibilitar que o escritório continue a desempenhar um papel significativo, na medida em que a empresa New York Times Company aumenta os esforços para atingir audiências internacionais para o jornal digital e impresso.”
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Jasper Jackson é editor assistente de mídia do Guardian