Wednesday, 25 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

A história da descoberta do “Homo Naledi”

As capas dos jornais do mundo todo destacaram a notícia dos fosseis achados na África do Sul, que poderiam definir um novo ancestral para a espécie humana. A pesquisa foi financiada pela National Geographic e eu recomendo a reportagem (em inglês) da revista no endereço : http://news.nationalgeographic.com/2015/09/150910-homo-naledi-human-ancestor-species-reaction-science/ É uma excelente porta de entrada para os jornalistas que desejarem conhecer detalhes do trabalho dos pesquisadores. Acesso ao texto é gratuito mas há necessidade de cadastramento prévio.

Em primeiro lugar há, como todo mundo espera da National Geographic, fotos maravilhosas da caverna Rising Star a 50 km de Johanesburgo onde foram achados os fosseis. Para os amantes da aventura da descoberta, o texto principal descreve os personagens principais em tom de documentário. Minibiografias similares as que que estão no origem dos sonhos infantis que acabam em carreiras profissionais de arqueólogos, antropólogos, biólogos marinhos e similares.

Da inveja até do filho do Lee Berger, o paleo-antropólogo principal, que em 2008 com apenas 9 anos, fez junto com o pai una importante descoberta. O internauta que procura inspiração pode acessar a um vídeo com direito a emoção e batida de palmas na hora da saída da caverna com a sacolinha cheia de ossos. E a emoção não e’ apenas pela possível descoberta: descer na caverna e voltar vivo já é uma experiência radical: está a 30 metros de profundidade e é necessário percorrer 200 metros entre a entrada e a câmara onde foram achados os ossos.

Como é de praxe neste tipo de revistas, a publicação oferece imagens de 360 graus da reconstrução artística de nosso ancestral. Refazer a cara dele, com pele e cabelo levou 700 horas de trabalho. Há também mapas e gráficos muito claros e bonitos, além de entrevistas. Cito a primeira mulher a descer: “Olhando para baixo não estava segura de que ia estar bem. Era como olhar a boca do tubarão” disse Marina Elliot.. Pode-se ver também uma foto selfie na caverna feita pela cinegrafista de aventura Garrret Bud, escolhida como todas as outras mulheres pelas medidas corporais (só podiam entrar pessoas muito magrinhas e que tinham deslocar-se na posição Superman, com o braço estendido na frente).

Os jornalistas que desejarem se aprofundar no tema podem conhecer os fatos tal como são discutidos nos ambientes científicos e não apenas o que todo mundo vê já pronto nos documentários. O site oferece também uma maneira fácil e gratuita de ler o artigo original que foi publicado na revista digital eLife, concretamente na área de Genômica e Biologia evolutiva. É possível ver todo o material de constituiu a “cozinha” da descoberta . Além do texto completo estão as fotos, reconstruções, gráficos, tabelas e a bibliografia, como a carta em que os pesquisadores aceitam as condições de publicação do artigo, sugestões dos editores da National Geographic e as respostas dos autores do texto. Para os que gostam de ver a ciência no seu dia a dia, no ritmo do reality show, ainda dá para ler e ver os posts do blog da expedição.