A mídia mundial trouxe de volta ao noticiário, em 11 de março, os horrores da catástrofe que devastou o litoral nordeste do Japão, há cinco anos, lembrando as dificuldades que ainda acompanham o cotidiano dos habitantes das cidades engolidas por uma onda gigante de 20 metros de altura gerada por um forte terremoto de 9 graus na escala Ritcher que também atingiu a usina nuclear de Fukushima. Foi o mais dramático e traumatizante episódio ocorrido no Japão desde a Segunda Grande Guerra, com 15.894 mil mortos e 2.572 pessoas desaparecidas.
Antecipando-se à data, duas semanas antes a agência de notícias BBC Brasil publicou uma reportagem sobre as consequências do fatídico tsunami, trazendo à tona um aspecto pouco focado pelo jornalismo tradicional assentado em acontecimentos e evidências. Assinada pelo seu correspondente no Japão, Ewerthon Tobace, um jornalista paulista que vive no país desde 2001, a matéria aborda os fenômenos sobrenaturais que assombram os moradores de Ishinomaki, uma das cidades atingidas pela catástrofe. Essas histórias já vinham sendo estudadas por profissionais de diversas áreas após a imprensa japonesa dar destaque ao tema, apresentando depoimentos de pessoas que afirmam ter tido contato com prováveis mortos da tragédia.
Taxistas entrevistados fizeram relatos espantosos acerca de espíritos que procuram por familiares, vizinhos e amigos. Um deles contou que alguns meses depois do tsunami, uma mulher pediu que a levasse até o distrito de Minamihama, totalmente arrasado. A passageira teria perguntado se ela havia morrido e quando o taxista se virou para responder não viu mais ninguém no carro.
Apesar de especialistas atribuírem essas histórias a uma espécie de transtorno psicológico pós-trauma que pode ocorrer naqueles que sobreviveram à tragédia, o assunto despertou o interesse de uma graduanda de Sociologia, Yuka Kudo, que levou adiante uma pesquisa com 200 moradores da região, quinze dos quais afirmaram terem tido contato com fantasmas ou experimentado situações inexplicáveis.
Um simpósio sobre o tema também foi instalado na Universidade Tohoku Gakuin, na cidade de Sendai, a 300 quilômetros de Tóquio, com estudiosos de fenômenos sobrenaturais. Um dos participantes, o jornalista e escritor Masashi Hijikata, já publicou vários livros sobre fantasmas e mensagens de pessoas mortas no tsunami. O monge budista Taio Kaneta revelou que tem realizado atendimentos a pessoas que dizem ouvir vozes e que o procuram para contar aparições sobrenaturais.
Visitando Sendai, cidade de 1,3 milhão de habitantes e igualmente afetada pelo tsunami, o jornalista da BBC Brasil não conseguiu arrancar das pessoas das quais se aproximou alguma história ou experiência pessoal que confirmasse a existência desses fenômenos estranhos. Muitas delas tinham ciência dos relatos, mas preferiam se abster de falar sobre o assunto.
O tsunami no Japão inundou e destruiu cidades num raio de 400 quilômetros quadrados, desalojou 160 mil pessoas, que perderam as suas casas e seus meios de subsistência, causando prejuízos estimados, na época, de 150 bilhões de dólares. Mais de 1.500 crianças ficaram órfãs de um ou ambos os pais.
A matéria está disponível no link:
http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2016/02/160218_japao_fantasma_tsunami_et