A mensagem do jogador Ronaldo pedindo a libertação do engenheiro brasileiro João José de Vasconcellos Júnior, 49, seqüestrado no Iraque em 19 de janeiro, conseguiu algum destaque para o caso na mídia árabe, mas desde então o assunto acabou saindo quase completamente do noticiário.
Na noite desta quarta-feira, a embaixada brasileira em Amã, na Jordânia, onde está o núcleo responsável pelos assuntos relativos ao Iraque, emitiu uma nota oficial pedindo a libertação do brasileiro e tentando chamar de novo a atenção da mídia e de entidades da sociedade civil iraquiana para o caso.
‘O Brasil foi contrário à intervenção militar no Iraque e não enviou forças ao país e nem pretende fazê-lo’, diz a nota. ‘Existe no Brasil uma vasta comunidade de origem árabe, de cerca de 10 milhões de pessoas, de diversas religiões, e essa população nunca foi objeto de qualquer discriminação. (…) Fazemos um forte apelo para que, em nome da amizade entre nossos povos seja assegurada a libertação de João José de Vasconcellos.’
O editor-chefe da rede de TV Al Arabiya [Dubai], Nabil Khatib, disse à BBC Brasil que a nota ainda não havia chegado à sede da emissora em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, mas que a estação poderia divulgá-la quando a recebesse.
‘A última notícia que demos sobre o caso foi em 28 de janeiro, na reportagem com Ronaldo e com um parente do engenheiro’, disse Khatib.
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Uma fonte na rede de TV Al Jazira [Qatar] disse que o caso seria examinado, mas que o valor jornalístico do caso se reduz à medida em que o tempo passa e que novas notícias aparecem no Iraque.
‘Já tem algum tempo que não fazemos referência específica a este caso. Claro que se houver algum fato novo ele será noticiado, mas atualmente não parece haver’, disse.
Especialistas de empresas de segurança que trabalham no Iraque disseram à BBC Brasil que usar a imprensa local é uma das táticas possíveis quando há dificuldade de contatos com os seqüestradores.
Nem o governo brasileiro nem a construtora Norberto Odebrechet –da qual Vasconcellos Jr. é funcionário– informaram se os seqüestradores fizeram algum contato depois de terem reivindicado a responsabilidade pela ação, poucos dias depois de o brasileiro ser levado, em 19 de janeiro.
A rede Al Arabiya foi, entre as grandes cadeias de TV do Oriente Médio, a que mais interesse demonstrou no caso e, segundo o editor Nabil Khatib, exibiu uma reportagem grande com o apelo de Ronaldo.
‘Mas infelizmente não tivemos nenhum retorno direto dos espectadores’, disse Khatib.