Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Restrições da Fifa quanto ao uso de imagens





A WAN (Associação Mundial de Jornais) abriu uma campanha contra
interferências comerciais no trabalho de jornalistas esportivos por conta das
restrições impostas pela Fifa ao uso de imagens da Copa por jornais e sites.


Duas limitações descontentam a Associação. A primeira atinge os sites.
Publicar imagens dos jogos até uma hora depois do final das partidas está
proibido. Além disso, só podem ser usadas dez fotografias por jogo, mais quatro
em caso de prorrogação.


Já á segunda afeta os jornais. Não será permitido o uso de títulos e gráficos
sobrepostos às fotos. Cortes de imagem são a única interferência permitida.


A distribuição de fotos pelas agências de notícias será vetada se os clientes
não seguirem as regras válidas para o Mundial. Caso não aceitem esses termos, os
veículos não terão credenciamento da Fifa. Se os descumprirem, terão suas
credenciais cassadas. O objetivo das medidas é proteger os veículos que
compraram os direitos dos campeonatos.


A assessoria da TV Globo, principal detentora dos direitos da Copa do Mundo,
disse ser favorável a todas as medidas que protejam quem paga pela transmissão
da competição.


As proibições levaram WAN, Fifa e agências de notícias a se reunirem na
última segunda-feira. O encontro resultou na formação de uma comissão para
discutir o caso. Em um mês deve sair o resultado desse grupo de trabalho.


O jornal Folha de S. Paulo procurou a assessoria da Fifa que
informou que não se pronunciaria sobre o caso.


As regras atuais, de uma hora de atraso para a publicação de fotos, já foram
uma concessão da entidade à WAN – antes eram duas horas.


A situação identificada agora pela associação de jornais em relação à Fifa e
a outras entidades já ocorreu, em escala menor, no futebol inglês, em 2004.
Naquele ano, a federação inglesa restringiu o número de fotos e informações
publicadas durante os jogos da liga local nos sites.
Unidos pela Associação
Nacional de Jornais da Inglaterra (NPA), os veículos locais passaram a boicotar
os patrocinadores dos times. Só publicavam fotos em que as marcas dos parceiros
dos clubes não apareciam e não mencionavam seus nomes.


Como retaliação, a liga inglesa ameaçou proibir a entrada de repórteres nos
jogos em setembro de 2004. Então, as duas partes negociaram um acordo que
reduziu as restrições, mas não as extinguiu por completo.


Acertou-se que os sites poderiam publicar 15 fotos e nove relatos durante a
partida. Isso incluiu transmissões por telefones celulares, que também sofrem
limitações da Fifa similares às impostas aos sites.



ANJ diz que proibição não tem sentido


A Associação Nacional de Jornais (ANJ) emitiu nota oficial onde avaliou como
como ‘sem sentido’ a restrição da Fifa ao uso de fotografias da Copa do Mundo. A
entidade apoiou o protesto da Associação Mundial de Jornais (WAN), a quem é
filiada.


O presidente da organização brasileira, Nelson Sirotsky, disse na nota que ‘a
ANJ está ciente de que essas restrições anunciadas pela Fifa seguem a mesma
lógica já adotada por outras entidades organizadoras de eventos esportivos. É
alarmante que isso esteja acontecendo. Nada, e sobretudo interesses comerciais,
justifica limitação à liberdade de informação’.


Segundo o dirigente da ANJ, a Fifa e outras entidades esportivas têm como
objetivo proteger os veículos que compram direitos das competições. Mas a
associação afirmou que o uso de imagens proibido pela Fifa não interferiria
nesses direitos.


O ombudsman da Folha, Marcelo Beraba, diz não entender a decisão da Fifa.
Afirmou que, sem explicação, parece uma ‘interferência indevida’ no trabalho
jornalístico. ‘Entendo a proteção de quem comprou os direitos. Mas a Copa é
acompanhada pelo mundo inteiro. Tem muito instrumento para a veiculação de
informação. Não vejo propósito nas proibições.’