Texo: Copyright Folha Online 14/09/2004 – 10h30 CLAUDIA SILVA JACOBS
da BBC Brasil
As mulheres latinas, particularmente as brasileiras e argentinas, estão entre as mais expostas a crimes sexuais no mundo.
A informação faz parte do resumo do relatório O Estado das Cidades do Mundo: 2004-05, divulgado nesta terça-feira, pela ONU (Organização das Nações Unidas).
O documento completo será lançado durante o Fórum Mundial Urbano, que está sendo realizado na cidade de Barcelona, na Espanha.
Ainda de acordo com o que já foi divulgado, as cidades latino-americanas têm a maiores taxas de violência sexual.
A taxa média das cidades da região está em torno de 5%, enquanto a taxa média nas cidades africanas é de 2,4% e da cidades asiáticas é de 1,6%.
Dos crimes sexuais registrados na América Latina, cerca de 70% dos casos de violência sexual são estupros, tentativas de estupro e outras agressões sexuais.
O relatório critica a legislação brasileira, que considera o crime de violência doméstica penalmente mais leve do que uma briga na rua.
O documento também diz que os agressores são rapidamente soltos no Brasil e retornam às suas casas ‘somente para ameaçar a vítima para que não o denuncie novamente’.
Prevenção
A recomendação é de que o Brasil dê mais poder às mulheres, promovendo a prevenção e a redução de sua exclusão social.
A América Latina também possui os níveis mais baixos de pessoas que estão satisfeitas com a atuação da polícia. De acordo com a Pesquisa Internacional de Vítimas de Crimes, 70% da população está insatisfeita.
O documento diz que os policiais latinos são os que aparentam ter o maior envolvimento com subornos.
O relatório também destaca os índices de criminalidade no Brasil, que cresceram muito nos últimos anos.
Entre os quase 30 mil homicídios registrados, a maioria estão ligados ao uso ou tráfico de drogas. A venda de drogas emprega cerca de 20 mil crianças ou jovens. Um ‘avião’ (vendedor de drogas) ganha freqüentemente mais do que seus próprios pais.
Confiança
A América Latina também registra os índices mais baixos de confiança da população em pessoas e em instituições. Entre 1996 e 2003, a situação vem piorando em relação à confiança nas instituições públicas.
Os níveis de confiança vêm caindo gradualmente nesse período, de acordo com os dados coletados e apresentados no relatório.
O Estado das Cidades do Mundo tem como objetivo analisar o impacto da globalização nos países, fazendo um retrato da sociedade tanto do lado econômico como cultural.
A idéia é fazer com que os dados apresentados no relatório sirvam como base para projetos que ajudem aos países cumprem as Metas do Milênio, desenvolvidas pela ONU.