Friday, 20 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

A influência da IA na produção e revisão de conteúdo

(Imagem: sujin soman/Pixabay)

A Inteligência Artificial (IA) tem se consolidado como uma aliada em diversas áreas, da medicina à advocacia, passando pela produção e revisão de textos. Ferramentas como ChatGPT e Grammarly são exemplos dessa evolução, prometendo agilidade e precisão na escrita e correção de conteúdos. Contudo, a discussão sobre o futuro da revisão com o olhar humano frente a essas inovações vai além da eficiência: ela envolve ética, cultura e criatividade.

De acordo com os dados apresentados por análises de mercado de Processamento de Linguagem Natural (PLN), o setor deve crescer a uma taxa composta anual (CAGR) de cerca de 20% até 2030, impulsionado pela adoção de tecnologias como Grammarly e ChatGPT. Essas ferramentas otimizam a correção gramatical e adaptam textos para diferentes públicos, sendo aplicadas em áreas como educação, saúde e negócios. Além disso, soluções de tradução automática e assistentes virtuais têm aumentado a eficiência e acessibilidade, evidenciando o impacto da IA na transformação digital. E, ao mesmo tempo reforçam a necessidade de supervisão humana para atender às nuances culturais e linguísticas​.

Porém, máquinas ainda enfrentam desafios importantes. Questões culturais e contextuais, por exemplo, são áreas em que as IAs mostram limitações. Um estudo da Universidade de Stanford destacou que ferramentas automatizadas frequentemente falham em compreender expressões idiomáticas ou nuances semânticas, além de terem dificuldades em lidar com ironias e sarcasmos. Esse cenário é crítico em textos que demandam precisão emocional ou cultural, como artigos jornalísticos, obras literárias ou materiais publicitários.

Existem relatos demonstrando que, ao usar o ChatGPT sem revisar o conteúdo, usuários acabaram publicando trechos contendo comandos ou prompts usados para gerar o texto. Com frequência temos notado que, ao fim, na introdução ou mesmo ao longo do texto, instruções como “escreva de maneira clara e formal” são encontradas. Isso simplesmente porque o usuário copiou e colou o conteúdo gerado pela IA sem uma análise cuidadosa. Esses erros não apenas comprometem a qualidade do texto, mas também podem prejudicar a credibilidade do autor.​

Outra limitação diz respeito à ética e à sensibilidade. A IA aprende a partir de grandes volumes de dados e, muitas vezes, reproduz vieses existentes nesses conjuntos de informações. Revisores humanos, por outro lado, têm o discernimento para adaptar o texto ao contexto, evitar perpetuar estereótipos e criar conteúdos mais inclusivos.

Apesar dessas barreiras, a Inteligência Artificial não deve ser vista como substituta, mas como uma ferramenta que complementa o trabalho humano. Com a automatização de tarefas repetitivas, revisores podem dedicar mais tempo ao aspecto criativo e analítico do trabalho. Assim, o uso combinado de tecnologia e supervisão humana garante que erros sejam corrigidos, sem comprometer a qualidade e a intencionalidade do texto.

Desse modo, enquanto a tecnologia oferece velocidade e precisão, cabe aos profissionais preservar a alma do texto, entendendo as nuances, contextos e culturas. O revisor do futuro será, mais do que nunca, um artesão da palavra, que une técnica e criatividade, tendo a tecnologia como parceira.

No fim das contas, a IA não ameaça a relevância dos revisores; pelo contrário, ela os fortalece, permitindo um trabalho mais estratégico e impactante. Essa coexistência é o caminho mais promissor para um campo que exige, antes de tudo, sensibilidade e excelência.

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Guilherme Henrique da Silva, jornalista de 28 anos, é especialista em revisão de textos e atua como analista de comunicação na Naves Coelho Comunicação. É pós-graduado em Revisão de Textos pela PUC Minas e bacharel em Comunicação Social pela UEMG. Com experiência em assessoria de imprensa e produção de conteúdo, passou por empresas como Metas Comunicação, Zoom Comunicação e Rede Comunicação.