O Jornal da Ciência, órgão da Sociedade Brasileira para o Avanço da Ciência, publicou um comentário do sr. Sérgio H. Martins sobre a matéria “Autor denuncia plágio”, publicada pelo Observatório da Imprensa, em outubro de 2012.
Como a SPPC não me concedeu direito de resposta, espero que pelo menos o Observatório da Imprensa não me negue o democrático direito de responder aos comentários do sr. Sérgio Martins, que reproduzo a seguir:
Comentário sobre a matéria “Autor denuncia plágio” – http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.php?id=91417
O Observatório da Imprensa é um site respeitável, mas não inteiramente confiável. Uma rápida pesquisa pela internet revela que o sr. Wladimir Guglinski é profundamente envolvido com pseudociência e ligado a editores de comportamento questionável, além de ter protagonizado episódios de “trolagem” – que, inclusive, levaram a Wikipedia a bloqueá-lo. Os links a seguir detalham esse histórico:
http://www.armazem.literario.nom.br/autoresarmazemliterario/eles/wladimirguglinski/
http://en.wikipedia.org/wiki/User_talk:W.GUGLINSKI
http://clubecetico.org/forum/index.php?topic=16804.0
http://www.amazon.com/Quantum-Ring-Theory-Wladimir-Guglinski/dp/0972134948
(Sergio H. Martins)
Panorama científico mudou
Vejamos então os fatos.
Primeiramente, o sr. Sérgio Martins demonstra desconhecer o que é pseudociência. Então esclareçamos o que é pseudociência.
Pseudociência é qualquer proposta de cunho científico que não possa ser comprovada através de experiências. Portanto a minha Quantum Ring Theory não pode ser rotulada como pseudociência, pois os modelos propostos em minha teoria podem ser testados por experiências científicas. E uma teoria científica, que for testada e desmentida por experiências, não é pseudocientífica. Ela é uma teoria científica errada, mas não uma teoria pseudocientífica, já que pode ser testada.
E o fato de que minha teoria é testável vem sendo comprovado nos últimos três anos, durante os quais várias experiências vêm confirmando as previsões da Quantum Ring Theory. Ela até poderia ser uma teoria cientifica errada, se as experiências viessem desmentindo-a. No entanto, além de não ser pseudocientífica, nem errada até agora as experiências tampouco demonstraram que ela é, pois as experiências posteriores a 2009 vêm confirmando suas propostas e previsões.
Visto isso, cabe esclarecer outro ponto. O sr. Sérgio Martins está parado no tempo, pois invoca links de discussões que aconteceram em 2006 e 2007 (sete anos atrás). Acontece que a partir de 2009 várias experiências novas mudaram o panorama científico que havia em 2006 e 2007. E assim fica evidente que o sr. Sérgio Martins usa argumentos ultrapassados, na esperança de que águas passadas movam moinhos, e desabonem uma teoria que vem sendo confirmada por experiências.
“Modelo em desacordo”
Entre 2006 e 2007, durante as discussões que tive com físicos em vários sites pela internet, eu fui xingado, acusado de charlatanice e minha teoria foi tachada de pseudociência. Em alguns casos (mas só em alguns) até que era compreensível essa agressividade por parte dos físicos, e eu explico o motivo a seguir.
Durante cerca de 80 anos os físicos nucleares (do início do século 20 até 2001) consideraram que núcleos leves com quantidades iguais e pares de prótons e nêutrons devem ter formato esférico (devem ter uma distribuição esférica de prótons e nêutrons), porque esse formato esférico era exigido pelos princípios da Física Nuclear vigente.
Segundo o modelo nuclear proposto na minha Quantum Ring Theory, esses núcleos leves com quantidades iguais e pares de prótons e nêutrons tem formato não-esférico, porque o modelo nuclear proposto em minha teoria funciona com princípios diferentes dos que foram adotados na Fisica Nuclear.
Então, é compreensível que em 2006 e 2007, durante as discussões, qualquer físico nuclear considerasse meu modelo nuclear como absurdo, pois ele estava em total desacordo com os modelos da Física Nuclear atual. E esses físicos nucleares até poderiam acrescentar:
“Um núcleo com formato não-esférico, como o seu, deveria ter momento quadrupolar diferente de zero. Mas as experiências nunca detectaram que esses núcleos leves com quantidades iguais e pares de prótons e nêutrons tenham momento quadrupolar diferente de zero. Portanto, além de absurdo, seu modelo nuclear está em completo desacordo com os resultados experimentais.”
Tentativa de enganar leitores
Aliás, esse foi um dos motivos pelos quais eu nunca submeti qualquer artigo de meu modelo nuclear a uma revista de Física revisada por pares. Eu já sabia de antemão, naquela época, que nenhum revisor aceitaria aquele modelo nuclear, pois o modelo estava em total desacordo com o que se conhecia sobre Física Nuclear até o início da primeira década do século 21. E esse foi o motivo de ter optado por publicar minha teoria na forma de livro, porque eu sabia que minhas teorias nunca seriam aceitas para publicação em qualquer jornal revisado por pares.
Mas entre 2009 e 2011 a tecnologia das experiências que medem o formato dos núcleos atômicos começara a ser refinada. E em 2011 finalmente o resultado dessas experiências foi publicado, e estarreceu a comunidade científica: as experiências mostraram que os núcleos leves com quantidades iguais e pares de prótons e nêutrons tem formato não-esférico.
Assim, caiu por terra um dogma de 80 anos da Física Nuclear. E a previsão da Quantum Ring Theory se confirmou.
Mas a coisa não parou por aí.
Quando desenvolvi minha teoria, eu tinha que justificar um resultado experimental: por que os núcleos leves com quantidades pares e iguais de prótons e nêutrons apresentam momento quadrupolar nulo? Afinal, tendo eles formato não-esférico, eles deveriam apresentar um momento quadrupolar diferente de zero. Mas as experiências nunca detectaram momento quadrupolar diferente de zero para tais núcleos.
A solução para o enigma foi proposta na página 137 do livro Quantum Ring Theory. A proposta se fundamenta no fato de tais núcleos terem spin zero e momento magnético zero.
Como as experiências de 2011 haviam detectado que tais núcleos tem formato não-esférico, houve um esforço dos físicos nucleares para tentar explicar essa anomalia que derrubou um dogma de 80 anos na Física Nuclear. Por isso a revista Nature publicou em 2012 o artigo “How Atomic Nuclei Cluster”, no qual os autores tentam justificar aquele formato não-esférico daqueles núcleos leves.
Mas obviamente, em 2012, os autores do artigo da Nature se depararam com o mesmo desafio que eu enfrentei dez anos antes: justificar o motivo pelo qual tais núcleos, apesar de terem formato não-esférico, exibirem momento quadrupolar nulo. E a proposta do artigo da Nature se baseia no mesmo argumento que eu propus, publicado em 2006: a proposta deles também se fundamenta no fato de tais núcleos terem spin zero e momento magnético zero.
Não sei se o sr. Sérgio Martins tomou conhecimento desses fatos. Talvez não, visto que ele cita links de sete anos atrás, época em que (em alguns casos) até era compreensível a intolerância dos físicos às teorias propostas em meu livro.
Mas caso ele tenha tomado conhecimento dos fatos posteriores a 2011 (ano que demarcou a derrocada da Física Nuclear atual) e recusando-se a aceitar os fatos, tenha maliciosamente relacionado os links desatualizados na tentativa de enganar os leitores com seu comentário maledicente, esta atitude revela que ele tenta descaradamente impingir um engodo aos leitores do Jornal da Ciência.
******
Wladimir Guglinski é engenheiro, Juiz de Fora, MG