Wednesday, 18 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1318

A crise de identidade do Jornalismo

O artigo repensa o Jornalismo a partir dos conceitos de poder disciplinar e campo social, cuja legitimidade pré-determinada o torna socialmente apto para a construção da atualidade. Evidencia que na nova ecologia midiática, caracterizada pela porosidade entre fontes-jornalistas-interagentes como instâncias de enunciação, há um deslocamento das atitudes epistêmicas coletivas que asseguravam aos veículos jornalísticos a exclusividade da mediação diária como instrumento de coesão social. Salienta que no cenário digital da nova ecologia midiática observam-se mediações multiníveis, com sucessivos reenquadramentos das notícias jornalísticas. Conclui que a crise de identidade do Jornalismo decorre do deslocamento da ênfase na produção das notícias para a circulação, o que significa dizer, das redações profissionais para o tecido social. Metodologicamente, o artigo se configura como de cunho teórico-analítico, a partir de revisão de literatura.

Introdução

A relevância do tema comunicação na cultura digital, caracterizada por redes, processos, dispositivos, produtos e sistemas on-line, renorteia as mídias e as sociabilidades e mobiliza um plural núcleo de pesquisadores. Não parecem ser coincidência denominações propostas como sociedade dos mass mídia (Gianni Vattimo), sociedade media-centric (Venício Lima), capitalismo de informação (Frederic Jameson), sociedade conquistada pela comunicação (Bernard Miège), planeta mídia (Dênis de Moraes), idade mídia (Antonio Rubim). Todas essas denominações, entre muitas outras possíveis, têm sido insistentemente evocadas para nomear o contemporâneo.

O sociólogo polonês Zygmunt Bauman utiliza a metáfora do líquido para narrar o momento presente, pela impossibilidade de manter estáveis formas socialmente inscritas ou controlar os rumos do novo enraizamento social, devido à extrema mobilidade na qual a sociedade se vê imersa. O autor, ao se referir ao momento presente como “modernidade líquida” ou “sociedade líquido-moderna” pontua que:

“Líquido-moderna é uma sociedade em que as condições sob as quais seus membros agem mudam num tempo mais curto do que aquele necessário para a consolidação de hábitos e rotinas, das formas de agir. A liquidez da vida e a da sociedade se alimentam e se revigoram mutuamente” (BAUMAN, 2007, p.7).

Tributária ao autor, em trabalhos anteriores (RUBLESCKI, 2011, 2011a, 2011b, 2011c) desenvolvi o conceito de jornalismo líquido, onde busquei entender como algumas das questões-chave do Jornalismo [neste artigo utiliza-se a inicial maiúscula para designar o Jornalismo como área do conhecimento e Campo Social e a grafia com minúscula ao fazer referência ao jornalismo enquanto prática social] (mediação, credibilidade, agendamento, legitimidade e fluxo noticioso) se recofiguram na nova ecologia midiática [é de Neil Postman a autoria do termo “ecologia da mídia,” definido por ele em 1970 como o estudo das mídias como ambientes, isto é, sua estrutura, conteúdo e impacto sobre o modo das pessoas pensarem e agirem, onde um ambiente constitui-se em um sistema complexo de mensagens complexo]. O jornalismo líquido não significa o fim do Jornalismo, embora talvez sinalize o término de um dado modelo de jornalismo informativo diário, enunciado nas redações e a partir de uma mediação verticalizada. O jornalismo líquido é antes um cenário instável, em aberto, permeado por um contínuo de mudanças que aparentemente desencadeiam um processo de alargamento das fronteiras do campo, cujo ponto de equilíbrio é uma questão que permanece em aberto.

Isso porque as práticas sociais propiciadas pelas redes digitais ultrapassam o conjunto de regras referentes aos modelos tradicionais do jornalismo. O jornalismo de massa baseia-se no pressuposto de que é possível transmitir uma mesma notícia para uma grande audiência, heterogênea e geograficamente dispersa, sempre mediada pelos jornalistas, que definem quais acontecimentos e por quais enquadramentos alguns fatos merecem ser alçados à visibilidade, via noticiário. Notícias que, nos meios tradicionais, possuem uma função massiva [a utilização do termo “função”, em detrimento de “meios” de comunicação de massa, é intencional, já que funções massivas e pós-massivas estão presentes tanto nas mídias analógicas como nas digitais. Por exemplo, um portal na internet ou um grande site de buscas tenta desempenhar funções massivas, enquanto que mídias analógicas como fanzines e rádios comunitárias exercem funções de nicho. No Brasil, o termo nicho é utilizado como sinônimo de mídia segmentada], e que ajudaram a configurar o que se convencionou chamar de Jornalismo contemporâneo.

Mas, afinal, o que é o Jornalismo?

Para além do sorriso irônico que essa pergunta provoca nos profissionais da área, pressionados por deadlines para o fechamento de edições ou novas postagens online a cada um ou dois minutos, a pergunta se impõe com oportuna insistência, especialmente nesse cenário de perplexidade.

Prática datada, posto que social, o jornalismo já passou por grandes transformações em diferentes períodos históricos. Foi assim com a prensa de Johannes Gutenberg (1450), com a introdução das impressoras a vapor no século 19 e do papel barato, com a criação do telégrafo (1844) e a utilização das ondas eletromagnéticas no século 20, que propiciaram o desenvolvimento do rádio e da televisão. E, nesse início de século 21, estariam as novas formas de mediação, propiciadas pela sociedade em rede, pela ruptura do polo de emissão e por uma pluralidade de fluxos comunicacionais redesenhando os preceitos caracterizadores do Campo, tornando difusas as suas fronteiras e reconfigurando o próprio conceito de Jornalismo? E, se assim o é, que características já são visíveis neste cenário quanto ao papel social mediador no Jornalismo líquido?

Estas são as questões que movem o presente artigo, a partir de uma abordagem que repensa o Jornalismo como Campo Social e por seu poder disciplinar junto à sociedade, cotejando esses olhares com o cenário digital, convergente e multimídia próprio da nova ecologia midiática, onde se observam mediações multiníveis, inclusive das notícias jornalísticas. Metodologicamente, o artigo se configura como de cunho teórico-analítico, a partir de revisão de literatura.

O Jornalismo como campo social

Um campo social consiste numa estrutura de relações, em um espaço socialmente estruturado, onde os agentes que nele se encontram lutam com meios e fins diferenciados, conforme a sua posição. Para Bourdieu (1997, p.102):

“O campo jornalístico impõe sobre os diferentes campos de produção cultural um conjunto de efeitos que estão ligados, em sua forma e eficácia, à sua estrutura própria, isto é, isto é, à distribuição dos diferentes jornais e jornalistas segundo sua autonomia com relação às forças externas, as do mercado dos leitores e as do mercado os anunciantes.”

Na mesma linha de raciocínio, Rodrigues (1990) salienta que um campo deve ser entendido como uma instituição social, uma esfera de legitimidade. Nesse sentido, o campo dos media é aquele:

“[…] cuja legitimidade expressiva e pragmática é por natureza uma legitimidade delegada dos restantes campos sociais (…) quer prossiga modalidades de cooperação, visando, nomeadamente, o reforço da força da sua legitimidade quer prossiga modalidades conflitais, de exacerbação das divergências e dos antagonismos” (RODRIGUES, 1990, p.152).

Observa-se que a legitimidade é, então, dada a priori, sendo pré-determinada e não-negociável, e estabelece que o Jornalismo é apto e legítimo para captar informações e transmiti-las de forma verdadeira, tornando público o que de relevante há na sociedade para o leitor. Sociedade que pode ser considerada, entre tantas definições possíveis, como a totalidade dos campos em convívio e/ou confronto em dado local e momento histórico.

Retomando-se Bourdieu (1997), relembra-se que a eficácia simbólica do discurso, necessariamente, agrega as propriedades do discurso propriamente dito, as propriedades daquele que o pronuncia e, finalmente, as propriedades da instituição que o autoriza a pronunciá-lo. No caso do jornalismo, a prática social é autorizada tanto pelas fontes (outros campos, que delegam à imprensa a sua representação pública social) como pelo leitor, que lhe delega o poder de entregar uma versão diária do que mais relevante ocorreu em dado espaço temporal, até recentemente um ciclo de 24 horas. É neste equilíbrio que reside a legitimação da imprensa e dos jornalistas.

No jornalismo líquido, a instabilidade mais sensível aos preceitos constitutivos do campo e de maiores consequências para o papel mediador do jornalismo é a ruptura do polo de emissão. É por esse viés – do jornalismo líquido que se estabelece entre os subsistemas jornalísticos a partir da porosidade entre as instâncias leitor, jornalista e fonte – que se torna possível questionar se e como a legitimidade do Jornalismo se reorganiza em tempos de cultura líquida.

Por um lado, leitores passam a ter acesso direto a fontes primárias de informação (personalidades, sites institucionais e empresariais, por exemplo), bem como a recursos técnicos para publicação de notícias de forma desvinculada da mediação da grande imprensa. Por outro, estas mesmas fontes primárias de informação, que sempre dependeram da mídia para uma maior visibilidade pública, abrem os seus próprios portais de serviço e comunicação com o leitor ou mesmo se inserem na blogosfera, construindo espaços de visibilidade e interação direta com o público e, em alguns casos, de interpelação à própria imprensa.

Para Weber (2007) [o foco do trabalho referenciado é a decisão do voto por parte do eleitor. Contudo, entende-se que as inferências da autora são extrapoláveis para temáticas diversas na comunicação na web], são práticas e discursos estratégicos que ocorrem nas diversas redes de comunicação pública, “pautados entre a visibilidade (dada) e a credibilidade (desejada) da argumentação oferecida ao eleitor que saberá cotejá-las com suas vivências” (WEBER, 2007, p.23). Para a autora:

“A argumentação exigida nessa esfera (ao contrário da esfera pública de Habermas) se reveste dos privilégios de cada instituição, hierarquia e seus respectivos interesses. Esse processo causa, estrategicamente, tensionamentos junto ao trabalhador, consumidor, eleitor, espectador disponível às versões do tema de seu interesse (interesse público), cuja opinião dependerá da compreensão das partes desse processo, assim entendido: o tensionamento sustentado pela argumentação sobre os temas de interesse público cuja repercussão está na sua importância (potência, polaridade, impacto)para o cidadão-eleitor que, por sua vez, fará o reconhecimento de quem fala e do lugar institucional de quem fala (representatividade, legitimidade, autoridade, autonomia, compromisso). Essa argumentação é trabalhada em diferentes modalidades discursivas (informativa, persuasiva, institucional, individual, híbrida) e o tema será estrategicamente qualificado por competências (simbólica, tecnológica, estrutural, profissional) que permitem ao tema obter visibilidade e repercussão com o intuito de gerar credibilidade” (WEBER, 2007, p.23).

São instituições que até recentemente disputavam espaço nos veículos noticiosos e que agora – de forma simultânea à busca de inserção na imprensa tradicional – passam ao largo do velho paradigma de produção centralizada e vertical de notícias. São atores sociais (indivíduos ou empresas) que investem em espaços próprios de visibilidade junto ao público, beneficiando-se da configuração em rede e contribuindo para o fluxo informativo que constitui o jornalismo líquido.

Ora, um campo social é, conceitualmente, um espaço estruturado de posições, estruturas hierárquicas e funções. Neste sentido,

“Um campo social é o resultado ou o efeito de uma gênese, de um processo de autonomização secularizante bem-sucedido, graças à capacidade de impor, com legitimidade, regras que devem ser respeitadas num determinado domínio da experiência, baseada numa indagação racional metodicamente conduzida” (RODRIGUES, 2000, p.192).

Por isso mesmo um campo social também é um espaço de disputa pelos atores sociais que nele atuam visando ao controle dos capitais que o conformam.

Bourdieu (2010), na análise dos diversos capitais que configuram os campos sociais, defende a existência do poder simbólico, superior a todos os demais poderes, por dar sentido ao mundo e transitar por todos os campos. Mediante o poder simbólico, as classes dominantes (ou campos dominantes) são beneficiadas por um capital simbólico, que lhes possibilita exercer o poder. O autor considera que o poder simbólico consiste, então, “[n]esse poder invisível que só pode ser exercido com a cumplicidade daqueles que não querem saber que lhe estão sujeitos ou mesmo que o exercem” (BOURDIEU, 2010, p. 11-12). Percebe-se, novamente aqui, a necessidade da legitimação tácita do poder pelo outro para que seu exercício surta efeito, já que, como há pouco afirmado, a legitimidade é delegada. Neste sentido, observa-se que:

“Ao assumir o controle das narrativas nos discursos, os cidadãos-repórteres investem-se do poder simbólico, antes hegemônico aos mass media tradicionais. […] Outra ruptura ocorre no que tange às interações entre público e mídia. Se antes as relações sociais que eram mediadas pelos meios de difusão de informação para massa se davam pelo sentido único do fluxo da comunicação, atualmente, esta interação ocorre também de forma plural e interdependente, na qual os usuários superam a verticalidade e estrutura monológicas dos oligopólios da informação” (ALMEIDA, 2009, p.37).

Esta mediação descentralizada do jornalismo líquido revigora o questionamento sobre quem é legítimo para publicar, pilar central do campo jornalístico até recentemente, visto que tensiona o próprio habitus jornalístico. Bourdieu (2010, p. 44) assevera:

“Os condicionamentos associados a uma classe particular de condições de existência produzem o habitus, sistemas de disposições duráveis, estruturas estruturadas predispostas a funcionar como estruturas estruturantes, isto é, enquanto princípios geradores e organizadores de práticas e de representação que podem ser objetivamente adaptadas a seus fins sem supor o alcance consciente desses fins e domínio expresso das operações necessárias para alcançá-los.”

É neste sentido que se pode considerar que no jornalismo líquido – a partir do momento em que as mídias sociais passam a ter visibilidade e a comportar também informações de relevância jornalística – afetando e sendo afetadas pelo jornalismo corporativo, há o que Palacios (2006) e Rublescki (2011) denominam de “alargamento” do campo jornalístico.

A partir de um estudo baseado exclusivamente nos blogs (apenas uma das mídias digitais possíveis, cujo conjunto forma a blogosfera), Palacios (2006) demonstra que este formato de comunicação passa a ganhar um espaço na mídia cada vez maior, inclusive disputando a audiência com empresas jornalísticas tradicionais. Rublescki (2011) amplia a pesquisa e mapeia sete tendências [para o autor, o jornalismo informativo compreende notas, notícias, reportagens e entrevistas; enquanto o opinativo inclui editoriais, comentários, artigos, resenhas, colunas, crônicas, caricaturas e cartas] de ampliação do campo na nova ecologia midiática.

O que se observa é que quando diferentes subsistemas jornalísticos-comunicacionais – até então inexistentes para o jornalismo – passam a dialogar cada vez mais entre si e com os veículos tradicionais e estes, entre si e de forma co-referencial, configura-se um cenário instável, líquido, que demanda outros olhares para sua apreensão, motivo pelo qual se retoma a pergunta: afinal, o que é Jornalismo?

Jornalismo: um olhar multiconceitual

As definições de jornalismo variam conforme a ideologia, o recorte teórico e o contexto histórico do pesquisador, indo de abordagens ligadas à prática, a forma, ao suporte, ao conteúdo desejável e a análise conceitual-epistemológica sobre Jornalismo, viés que se busca (re) discutir neste artigo.

Enquanto prática jornalística é usual operacionalizar definições que tipifiquem o jornalismo pela mídia que lhe dá suporte, como radiojornalismo, telejornalismo, fotojornalismo, webjornalismo ou impresso; já que “o dispositivo prepara para o sentido” (MOUILLAUD, 1997, p.30). Mas, neste caso, subjaz latente o mesmo problema, já que o prefixo que particulariza (tele, rádio, web) implica aceitar que há uma definição de jornalismo “base”, de onde derivam os demais face ao suporte.

Além disso, o jornalismo praticado em um veículo de comunicação não se mantém estável, posto ser prática que reflete o momento sócio-histórico em que se insere. Assim, é necessário avançar na delimitação do conceito de Jornalismo, para, a partir dele, examinar os eventuais deslocamentos que as novas práticas acarretam em relação ao papel social mediador do Jornalismo, no cenário de jornalismo líquido.

O jornalismo pode também ser categorizado pelo gênero do discurso – jornalismo informativo, opinativo, interpretativo, de entretenimento (ERBOLATO, 1991) – ou, de acordo com Marques de Melo (2003), subdividi-lo em apenas duas grandes categorias: informativo e opinativo, desdobradas em doze gêneros diferentes [para o autor, o jornalismo informativo compreende notas, notícias, reportagens e entrevistas; enquanto o opinativo inclui editoriais, comentários, artigos, resenhas, colunas, crônicas, caricaturas e cartas]. Contudo, compactua-se com Adghirni quando a autora, ao se referir ao jornalismo francês onde perdura até hoje a distinção entre os jornalistas que escrevem notícias e os jornalistas formadores de opinião (colunistas, analistas), afirma que “a distinção é limitada e redutora de nuances, face à impossibilidade de se estabelecer fronteiras fixas entre os gêneros jornalísticos” (ADGHIRNI, 2005, p.47).

Mas pode-se afirmar que, a grosso modo, as conceituações de Jornalismo variam desde o extremo do prática/conteúdo – “jornalismo é a ocupação ou prática de produzir e disseminar informação sobre assuntos contemporâneos de interesse público e relevância” (SCHUDSON, 2003, p.11) [“Journalism is the business or practice of producing and disseminating information about contemporary affairs of general public interest and importance”. Tradução da autora] – às conceituações que buscam caracterizar o Jornalismo como uma forma específica de conhecimento (MEDITSCH, 1997; GENRO FILHO, 1989; PARK, 1972).

Ao utilizar a distinção entre “conhecimento de” e “conhecimento sobre”, o primeiro sintético e intuitivo, o segundo sistemático e analítico, o pragmatismo de Park inspira as reflexões marxistas de Genro Filho (1989), autor para o qual o jornalismo, como gênero de conhecimento, difere da percepção individual pela sua forma de produção. Para o jornalismo, a imediaticidade do real é um ponto de chegada, e não de partida. Conforme Meditsch (1997), é justamente ao se fixar na imediaticidade do real que o jornalismo passa a operar no campo lógico do senso comum [para Guerra (2000) o senso comum caracteriza a postura espontânea do homem na sua relação com o mundo e a postura com a qual os indivíduos experimentam a vida como uma partilha de sentidos. Segundo o autor, “olhar para o jornalismo com os olhos do senso comum” implica abrir-se para o modo como os indivíduos lidam com essa prática na sua experiência de vida], e “esta característica definidora é fundamental”.

Isto porque a construção social da realidade, tal como definida por Peter Berguer e Thomas Luckmann, ocorre no nível da vida cotidiana, ainda que nestes espaços fomentem também e simultaneamente processos de institucionalização das práticas e dos papéis sociais, acarretando que a realidade se constitui como um processo socialmente determinado e intersubjetivamente construído (LUCKMANN; BERGER, 1998).

É com este enfoque que a atividade jornalística tradicional pode ser entendida como tendo um “papel socialmente legitimado para produzir construções da realidade que são publicamente relevantes” (ALSINA, 2009, p. 47); ou seja, os conceitos de Campo e poder simbólico abordados anteriormente.

Na sociedade líquido-moderna, marcada pela natureza fragmentada da experiência e pela consequente multiplicidade de esferas de legitimidade, observa-se que diversos autores pontuam que no campo midiático, “o jornalismo assume hoje um imprescindível papel de mediação, garantindo deste modo a constituição de um sentido comum e a indispensável coesão social” (VIZEU, 2004, p.3). Isto porque “os acontecimentos chegam a nós através da mídia e são construídos através de sua realidade discursiva” (ALSINA, 2009, p.46).

Contudo,

“Este modelo pode cair na falácia de considerar a mídia como os construtores da realidade sem levar em conta a interação da audiência. Por isso, precisamos deixar bem claro que a construção social da realidade por parte da mídia é um processo de produção, circulação e reconhecimento. Vejamos a atividade jornalística como ela é. Uma manifestação socialmente reconhecida e compartilhada” (ALSINA, 2009, p.47).

Esta relação entre jornalistas e seus destinatários se estabelece por um contrato social historicamente datado. Na sociedade sólida-moderna (BAUMAN, 2001) podia-se afirmar que:

“Os jornalistas têm a incumbência de recopilar os acontecimentos e os temas importantes e dar-lhes sentido. Este contrato baseia-se em atitudes epistêmicas coletivas, que foram se compondo através da implantação do uso social da mídia como transmissores da realidade social de importância pública” (ALSINA, 2009, p.47).

Trata-se de uma abordagem que se articula com o próprio conceito de poder disciplinar do Jornalismo. Conforme Mayra Gomes, o jornalismo se revela, duplamente, como instrumento de disciplinaridade. Por um lado:

“[O jornalismo] aponta os temas a serem privilegiados, em outras palavras, os temas a que seu público deve dar atenção. Seus relatos anunciam, implicitamente, aquilo que é importante para a vida dos leitores. Ora, o critério de importância, que serve de baliza para a escolha dos fatos a serem enfocados, simula uma inocência que lhe é completamente estrangeira. Antes de qualquer seleção dada, perguntamo-nos sobre o que é importante e para quem o é. A importância, assim como implica escolha, ou a escolha segundo o dado a ver de uma época e lugar, serve de baliza para o que é apontado como a verdade do que é posto em visibilidade. Sendo a importância não o fato em si, mas sua implicação na rede institucionalizada, qualquer investigação, qualquer vigilância, faz o desenho do espaço a ser vivenciado procurando lei e ordem e, dessa forma, disciplinando naquilo que ela procura. A seleção por si só coloca o jornalismo numa posição privilegiada na tarefa disciplinar” (GOMES, 2009, p.2-3).

Mas, simultaneamente:

“Cada tema selecionado é o ponto em que estarão dimensionadas as coordenadas da boa conduta. Ainda que os assuntos escolhidos sejam grosseiros, ou sensacionalistas, e revelem aspectos negativos de nossa sociedade, os modos abalizados são, sempre, demonstrados, muitas vezes pela própria negatividade. Em separado ou em conjunto, as chamadas perfazem os caminhos da educação e da disciplina. Do apelo ao Estado ao apelo à responsabilidade individual, delineia-se a ordem desejável, modo com que se induz à interiorização de uma concepção específica do desejável, vale dizer, formatada no aceitável” (GOMES, 2009, p.3).

O que nos diz a autora é que o jornalismo é uma prática social interessada, mas também um exercício público de entendimento do mundo, o que significa que o jornalismo ultrapassa a função de “informar o leitor”, configurando-se antes em “gerenciador da arena simbólica” da sociedade (GANS, 1979, p. 312). Contudo, a Web 2.0 significa, por princípio, interatividade e, como consequência, competências em torno do conteúdo jornalístico são disseminadas e assumidas por múltiplos agentes; o que não acontecia nos meios de comunicação de massa ou no webjornalismo de referência na sua fase inicial.

De iniciativas apenas aparentemente banais (um técnico de futebol que comunica o seu afastamento – para leitores e para a imprensa – via Twitter) às iniciativas corporativas pró-ativas (interpelações à imprensa na blogosfera de uma estatal), a porosidade das instâncias jornalismo-leitor-fontes potencialmente desestabiliza o poder da mídia tradicional de construção da atualidade. Esta construção social da realidade, que tem como eixos de gravidade o agendamento (McCOMBS; SHAW, 1972) e o enquadramento (GOFFMAN, 2006), não está mais exclusivamente nas mãos da imprensa tradicional, mesmo que significativa parcela das notícias que circulam na web ainda provenha dos conglomerados de mídia.

O que aqui se observa são sucessivas e distintas mediações que vão se configurando ao longo da circulação das notícias nos plurais jornalismos que se emergem na web. O espaço da comunicação pública passa a ser constituído por discursos estratégicos sobre temas de interesse público, em que “a capacidade de repercussão desses temas está na disputa de versões que ocorrem em redes de interesses similares propostas como redes de comunicação” (WEBER, 2007, p.22), tornando difusas as fronteiras do papel que cabe a cada instituição no cenário jornalístico.

É a partir de então que a porosidade entre jornalista, leitor e fonte – que tensiona a mediação jornalística e a processualidade das notícias, aspectos centrais do jornalismo líquido – se torna mais visível, especialmente a partir do crescimento da blogosfera, das redes sociais e dos sites autônomos de notícias.

Configuram um jornalismo desvinculado dos meios de comunicação tradicionais, não necessariamente com o intuito de competir com estes; embora o façam, no mínimo, quanto ao tempo e a atenção do leitor, dois bens escassos e não renováveis. Um jornalismo que, eventualmente, pode ser feito por qualquer pessoa (individualmente), por entidades coletivas de interesse social (associações comunitárias, entidades filantrópicas, sindicatos, organizações não-governamentais), por organizações de comunicação independentes (Slashdot [slashdot.org/], OhmyNews [english.ohmynews.com/]), que se dedicam a uma comunicação voltada para enfoques variados de acordo com cada site. São iniciativas que se referem, sobretudo, às funções pós-massivas, propiciadas pela midiatização que se caracteriza pela intensificação do uso de tecnologias que rapidamente se transformam em instrumentos de envio, recepção e circulação de mensagens, também de viés jornalísticos.

“A nova esfera conversacional se caracteriza por instrumentos de comunicação que desempenham funções pós-massivas (liberação do polo da emissão, conexão mundial, distribuição livre e produção de conteúdo sem ter que pedir concessão ao Estado), de ordem mais comunicacional do que informacional (mais próxima do ‘mundo da vida’ do que do ’sistema’), alicerçada na troca livre de informação, na produção e distribuição de conteúdos diversos […]” (LEMOS, 2007, p. 125).

Mas liberdade de expressão não se confunde com Jornalismo. Onde se configura, realmente, a crise de identidade do Jornalismo? Acredito que na reconfiguração midiática, que desloca a ênfase da produção profissional para a circulação.

Jornalismo líquido e a nova ecologia da notícia

No jornalismo líquido, a ênfase analítica parece residir antes na processualidade do que no interior do campo jornalístico. A geração de sentidos jornalísticos desloca-se da perspectiva de campo bourdieniana, até então normatizada a partir do jornalismo profissional, e volta-se para as relações que se estabelecem entre os diferentes subsistemas que se interrelacionam e configuram a nova ecologia midiática.

Até um passado recente os veículos tradicionais eram praticamente soberanos em pautar um tema, selecionar as fontes, o enquadramento (GOFFMAN, 2006), dar ou não “vida” ao acontecimento, tornando-o público via noticiário, ou relegando-o ao desconhecimento, simplesmente ignorando-o. Ao exercer o controle prioritário sobre as notícias que circulavam massivamente, o Jornalismo cumpria também o segundo aspecto do seu poder disciplinar: formatava as coordenadas de entendimento do mundo, da realidade, do dia-a-dia.

A internet desestabiliza este cenário. Tem-se um meio estruturalmente descentralizado e de difícil controle sobre o conteúdo. Já não basta publicar: é necessário que as notícias circulem, sejam filtradas, recomendadas, curtidas. Neste processo, já que o simples ato de recomendar já significa uma mediação, a notícia, potencialmente, se afasta do enunciado no âmbito das redações, através de múltiplos e sucessivos (re)enquandramentos. Dito de outro modo, nesse sistema comunicacional-jornalístico caracterizado por fluxos, o diálogo que se estabelece entre os diferentes subsistemas de jornalismos (fontes, leitores, redações) coloca em xeque o poder mediador do jornalismo; ao menos nos moldes que até recentemente lhe caracterizavam conforme abordado por Mayra Gomes (2009) ou Mesquita (2004, p. 213), isto é, a “construção social da realidade, para a criação de consensos sociais no plano interno”.

No cenário de jornalismo líquido que se configura nos anos mais recentes, um interagente pode se encontrar na posição de fonte e pautar os meios tradicionais, já que os conglomerados são leitores da blogosfera. Um webjornal de referência pauta o assunto do momento em uma rede social, cuja retroalimentação, eventualmente, pauta outros meios, servindo de fonte para reconfigurações da notícia original [a prática, contudo, não é nova: já em 1998 Thompson se referia ao conceito de “notícia estendida” e Thornton (1996, citada por PRIMO, 2008) trabalhava com o fluxo noticioso entre três níveis: mídia de massa, mídia de nicho e micromídia. Primo (2008), numa atualização da abordagem de Thornton, inclui a categoria micromídia digital e conclui que o grande diferencial é o alcance do atual encadeamento midiático, denominação do autor para o fenômeno]. Reconstruída no tecido social, a notícia e os seus novos elementos podem ser reapropriados pelo mesmo webjornal que iniciou o processo. Ao longo do encadeamento midiático (PRIMO, 2008), cada webjornal, site colaborativo ou rede social agrega as suas características próprias de participação, em uma pluralidade de vieses impensável antes de uma sociedade amalgamada em rede (RUBLESCKI, 2011c).

Contudo, embora o poder de agendamento das mídias digitais e dos blogs tenda a crescer face à própria visibilidade estendida e midiatizada que se configura na web, salienta-se que ainda predominam os meios consolidados no agendamento de primeiro nível. Contudo, não se trata de uma mera reprodução do que é noticiado pelos meios de comunicação massivos on e off-line. A assertiva é sustentada pela mediação multinível que se configura no jornalismo líquido, onde cada recomendação, comentário, republicação significa, na realidade, um juízo de valor.

As apropriações diversas que se configuram a partir daí – os fluxos da nova processualidade da notícia – influenciam-se uns aos outros, amplificando as notícias e convertendo gradualmente a agenda de primeiro nível numa agenda de segundo nível. Ao longo do processo, as notícias são reenquadradas por múltiplos olhares e mediações sucessivas. A processualidade, que vai transformando a notícia já dada em um novo acontecimento via circulação, propicia sucessivos níveis de agenda via (re) enquadramento, até que o acontecimento jornalístico perca sua atualidade e relevância social.

Considerações finais

Em uma sociedade gradualmente caracterizada pelo declínio dos discursos verticalizados, o jornalismo líquido se insere em outra ecologia da mídia, onde se observa a configuração de um sistema comunicacional caracterizado por um fluxo permanente de notícias e de relações entre interagentes-fontes-jornalistas até então inexistentes no Jornalismo.

Insistir em olhar apenas para o campo significa conferir aos jornalistas e às empresas consolidadas a mesma posição de monopólio informativo que até recentemente, de fato, detinham, relegando a um segundo plano as demais instâncias. Tal abordagem permite avançar apenas até as interfaces e os deslocamentos entre a imprensa tradicional off-line (quer impressa, quer audiovisual) e os sites de jornalismo tradicionais. Neste caso, qualquer análise fica limitada às discussões quanto ao tempo real, à fragmentação dos textos on-line, à hipertextualidade, aos novos formatos, enfim, um olhar funcional-normativo entre o campo e os diferentes suportes e não voltado às relações sócio-discursivas que se estabelecem entre os subsistemas jornalísticos na sociedade amalgamada em rede. Significa negar a crise de identidade do Jornalismo em um momento de transição, ainda em curso.

O fato é a consolidação da web como plataforma de comunicação está sendo feita por meio de uma significativa mudança de valores entre os jornalistas e os veículos informativos. Se, por um lado, aprodução das notícias está em franco processo de repaginação nos próprios conglomerados, por outro, a mediação multinível, decorrente de uma intensa circulação e reenquadramentos pelo tecido social, também demanda um reposicionamento das redações profissionais.

Anteriormente, a notícia podia ser pensada como um “relato finalizado”, um dos olhares possíveis propostos por esta ou aquela redação sobre um acontecimento. Na nova ecologia midiática, as notícias – lacunares, construídas gradualmente e objeto de postagens sumárias imediatas, sem tempo mínimo de apuração – são apenas o ponto de partida para sucessivas mediações, dentro e fora das redações, levando os próprios conglomerados a buscarem visibilidade e legitimação em plataformas de nichos, como o Twitter, por exemplo.

A extensão desta mudança e de que forma alterará o campo jornalístico ainda são questões em aberto e que estão no cerne da crise de identidade do Jornalismo na nova ecologia midiática. Encontrar respostas de como harmonizar os novos hábitos sócio-informativos, manter as características intrínsecas do Jornalismo como mediador-disciplinar e construtor de atualidade social e, ao mesmo tempo, fortalecer as redações profissionais para que a diferenciação entre fornecer conteúdo e fazer Jornalismo seja visível para a sociedade ainda parecem objetivos distantes de um ponto de chegada.

Referências

ADGHIRNI, Zélia. “O Jornalista: do mito ao mercado”. Estudos em Jornalismo e Mídia.v..2 nº 1, 2005.

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Anelise Rublescki é jornalista, mestre em Comunicação e Ciência da Informação pela UFRJ/IBICT, doutora em Comunicação e Informação(UFRGS) e pós-doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Comunicação da UFSM