Sunday, 22 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Novidades, rapidez e credibilidade

O que é globalização? Uma pergunta que ainda ressoa entre teóricos das mais diversas áreas. Mais do que um fenômeno que ainda não foi claramente definido, é um processo que ainda vivenciamos e que apresenta novas e diferentes nuances, dependendo do ponto de vista em que ele é analisado. Os seus efeitos são sentidos em todos os estratos que compõem o mundo como conhecemos – economia, política, relações sociais, comunicação.

No jornalismo, não é diferente. Em si mesmo um agente de transformação – ao assumir o papel de informar e conectar o cidadão a diferentes realidades através de suas notícias, o jornalismo foi afetado e também objeto ativo desta globalização, ao assumir novas formas, assimilando novas tecnologias e se adequando a uma nova ordem mundial.

Este trabalho tem o objetivo de analisar as diferentes definições do fenômeno da globalização, observando seu contexto histórico e seus efeitos em diferentes esferas, mas relacionando-o principalmente ao seu papel como modificador do jornalismo, levando em conta transformações do ponto de vista tecnológico, e também como um processo que se também se alimenta e se transforma através dos movimentos da indústria jornalística, afetando outros setores em função disso.

Caracterizando a globalização

Para entender a globalização como um todo – se isso é possível, primeiramente é necessário defini-la. E para isso, uma contextualização é necessária, já que, afinal de contas, nenhum fenômeno parte do nada. Para Santuário (2002), é um fenômeno de múltiplos significados, partindo de diferentes análises e, até mesmo diferentes pontos na história. Não é fácil fazer esta caracterização.

“Uma farta literatura ilustra uma variedade de interpretações. Enquanto alguns veem no fenômeno apenas uma ameaça para as sociedades nacionais e suas perspectivas de desenvolvimento sustentado, outros o analisam como uma chance de progresso para as nações em desenvolvimento, e de fortalecimento para as democracias” Santuário (2002, p. 26).

Segundo Canclini (2000), a globalização é um fenômeno questionável de variados pontos de vista, e que parte de diferentes razões, sem um ponto concreto no tempo e no espaço. Ao citar Canclini, Santuário observa que teóricos se dividem ao caracterizar o fenômeno ao partir de diferentes origens – econômica, política, cultural ou social.

No entanto, é possível que algumas destas teorias confundam o conceito de globalização – algo que denota algo bem mais moderno e complexo – se confunda com os processos de internacionalização da economia e cultura e de transnacionalização, dois processos prévios que prepararam o terreno para a globalização, que é um produto essencialmente da segunda metade do século 20.

Para Sinclair (2000), a globalização se deriva de transformações em quatro estágios. A primeira ocorre devido a mudanças no cenário mundial após o final da guerra fria, talvez o último resquício de um mundo polarizado e posições unificadas do ponto de vista econômico, político e cultural. Após isso, a política neoliberalista, que abriu relações e quebrou paradigmas políticos e econômicos entre as nações, eliminando extensões territoriais para apresentar um método transnacional de operações mercadológicas também marcou um passo importante para a categorização do processo globalizador.

Mais do que ideológicas e econômicas, gradualmente as fronteiras físicas e a percepção destas fronteiras por parte do cidadão também foram derrubadas . Isto é algo que acontece até hoje, seja de forma literal, ao viajar e conhecer o mundo, mas também no virtual, onde todos se tornam cidadãos globais ao clicar do mouse, o que também nos leva ao quarto elemento – a pós-modernidade, um efeito que pode ser tanto causa ou efeito desta transformação.

Ao analisar esta proposição de Sinclair, é possível traçar características da globalização não apenas como um efeito, mas também como um processo em si mesmo. A forma como esta transformação afetou diferentes esferas – econômica, política e cultural – se reflete de forma semelhante em muitos outros setores.

Segundo Santuario (2002:31), ao citar Ianni (1996), a globalização é um processo civilizatório de alcance mundial. “Estamos diante de um processo de amplas proporções, envolvendo nações e nacionalidades, grupos e classes sociais, economias e sociedades, culturas e civilizações”.

No entanto, para complicar um pouco, Canclini (2000:47) joga luz sobre a forma – ou a disforma – deste fenômeno. Para ele, a globalização não é um objeto científico e nem econômico, e não oferece um conjunto coerente e consistente de saberes. É um resultado de múltiplos movimentos, com resultados abertos e que provocam diversas conexões entre o local e o global. Se Canclini sugere que a globalização não possui uma definição clara, ela pode ter, curiosamente, uma definição bastante ampla.

Voltando ao conceito de globalização como um processo em si, traçando um paralelo com a teoria de Sinclair, é possível ver similaridades entre as transformações sofridas no “fazer jornalístico” ao longo das duas últimas décadas e as mudanças no estrato econômico, social e político em todo o planeta na era da globalização, pós-guerra fria.

Globalização e tecnologia

A globalização das comunicações tem sua face mais visível na internet, que se popularizou desde a segunda metade do século 20 no mundo e, no Brasil, desde a década de 90. Graças a acordos e protocolos entre diferentes entidades privadas da área de telecomunicações e governos no mundo. Isto permitiu um fluxo de troca de ideias e informações sem critérios na história da humanidade. Se antes uma pessoa estava limitada a imprensa local, agora ela mesma pode se tornar parte da imprensa e observar as tendências do mundo inteiro, tendo poucas barreiras e limitações neste ambiente.

Com a chegada dessa realidade é o aumento da universalização do acesso a meios de comunicação, começou um processo de barateamento dos aparelhos, principalmente celulares e os de infraestrutura para as operadoras, com aumento da cobertura e incremento geral da qualidade e a inovação tecnológica. Hoje um acontecendo em qualquer parte do mundo pode ser repercutido e se tornar conhecido em escala global em poucos segundos, graças à disponibilidade da tecnologia e do consumidor-cidadão. Exemplo da universalização do acesso à informação e da interação pode ser visto no dia a dia, quando alguém registra maus-tratos a um animal e isto acaba sendo colocado na internet e torna-se uma notícia com repercussão sem fronteiras.

Antes do uso intensivo da tecnologia o mundo da comunicação era regido basicamente por um sistema onde havia poucos emissores e muitos receptores-consumidores de notícias. A economia e a cultura eram padronizadas num cenário internacional, e o cidadão participava do processo da globalização como mero consumidor de mercadorias. Com o uso da internet e das novas mídias sociais, o cidadão passou a ser emissor também da noticias, capaz de divulgar fatos locais para o mundo todo, além de ter à disposição um espaço de interação nos principais canais de comunicação. Segundo Santuário (2002:27), se a globalização é inevitável, deve se propor agora a discussão em que grau, e ainda se é desejável em todos os aspectos da produção, circulação e consumo.

Com o fim da Guerra Fria e a queda do Muro de Berlim, além do enfraquecimento da Comunidade Europeia, outros países começam a se projetar no cenário internacional, como o Japão e a China. A partir deste momento aspectos sociais ganham mais importância, quando inicia maior aproximação entre ricos e pobres, centro e periferia, além de ocorrer um processo mais qualitativo no campo da globalização. Segundo Featherstone, citado por Santuário (2002), já pelo novo ângulo, “observa-se a globalização como algo que acarreta um processo de integração social, o qual vai de grupos tribais a sociedade organizadas em Estados Nação, blocos superestatais e finalmente uma sociedade que constitui um único estado mundial”.

Este momento é impulsionado pela tecnologia e pela economia. A tecnologia possibilita uma unificação entre tempo e espaço, incluído os meios de comunicação de massa, que mudaram os eixos da comunicação. Primeiro havia uma comunicação de mão única, que passou para comunicação participativa e interativa. A nova comunicação possibilita uma realidade mais inclusiva, principalmente para as regiões que antes eram marginalizadas e sem conexão com a globalização. Com isso, acontece a transnacionalização do capital e das atividades de produção, criação de blocos, processo de integração e abertura para circulação livre da informação, de forma transversal.

Segundo Santuário (2002, p. 35):

“Na segunda metade dos anos 90 e novo sistema eletrônico de comunicação é caracterizado por integrar vários meios e ter um potencial para a interatividade. Vive-se mova fase de formação e dissolução de consórcios, globais e regionais, e ocorre uma integração das mensagens em um modelo cognitivo comum.”

A partir da descoberta deste novo campo da comunicação, cria-se uma discussão nos meios acadêmicos, administrativos e políticos, com uma visão mais ampla na esfera social. Também ocorre uma relação intensa de comunicação de forma individual por causa da internet.

Com o avanço da tecnologia, formou-se uma nova relação do homem com a internet. Com sua exposição à publicidade o homem passa a ser, além de um consumidor de produtos, um consumidor de ideias. Conforme Santuário (2002) a vida e a técnica são inseparáveis, acabam se caracterizando em uma fusão. Para Sergio Caparelli (1986:7) citado por Santuário, para humanidade isso séria ao mesmo tempo uma conquista e um desafio. “Conquista, na medida em que propicia possibilidades de difusão de conhecimentos e de informações, numa escala antes inimaginável. Desafio, na medida em que o avanço tecnológico impõe uma séria invasão e reestruturação dos pressupostos teóricos de tudo que se entende por comunicação”.

Segundo alguns autores, embora a tecnologia facilite a vida, por outro lado os novos fluxos comunicacionais e informatizados engendram processos globais na economia, na cultura e na política. Diante isso, acaba-se criando e padronizando cada vez mais produtos e comportamentos, sem acrescentar aspectos nacionais e locais. “Nestas condições é possível, além de exportar filmes e programas de televisão de um país a outro, construir produtos simbólicos globais, sem âncoras nacionais específicas ou com várias de uma só vez, com os filmes de Steven Spielberg, os vídeo-games e a world music”, Santuário (2002: 40).

Grupos e blocos são formados para dar conta da nova ordem organizacional, com vistas na constante evolução da tecnologia. Também se busca produzir de forma mais enxuta e para uma economia mais global. Mediante a automação de trabalhos, procurava-se eliminar tarefas de camadas administrativas. A ideia é fazer alianças estratégicas, mesmo entre grandes e pequenas empresas, para cooperar e desenvolver novos produtos e tecnologia, além de compartilhar o know-how na área. Assim aumentar a produtividade e competitividade. Baseado em outros autores Santuário (2002) observa “que o objetivo final é mesclar estoque de munição financeira e know-how tecnológico, que uma empresa isolada não teria condições de garantir”.

A prática jornalística como globalização

No jornalismo pós-Gutemberg, ou seja, já amparado por mecanismos e tecnologias a serviço de meios de comunicação de maior alcance, sejam eles impressos ou outros, o fazer jornalístico sempre dependeu em práticas bem definidas. Com a invenção da impressão, veio o primeiro jornal. Com a chegada de tecnologias mais avançadas, como o rádio e televisão, o jornalismo se adaptou e moldou linguagem, usando a seu serviço as características mais marcantes de cada um.

No caso do jornalismo impresso, existia a vantagem do leitor levar o papel para qualquer lugar e ler a notícia em qualquer momento e no seu ritmo. As notícias podiam também contar com fotos ilustrativas. Com a chegada do rádio, além da evidente inovação de transmitir comunicação em voz via ondas magnéticas à distância, o jornalismo se beneficiou de seu caráter “imediatista”, passando a fornecer informação em tempo real, usando inclusive outros elementos tecnológicos a seu favor, como o telefone. A televisão, por sua vez, trouxe a imagem em movimento para o jornalismo, o que até então era feito somente através de reportagens em noticiários exibidos em salas de cinema.

Mesmo com todos estes avanços tecnológicos, por muito tempo cada um destes diferentes formatos jornalísticos caminhou de forma separada e autônoma, com formatos bem definidos na apresentação de suas notícias e com graus sensíveis de inovação – transmissões televisivas ao vivo, jornais coloridos, rádio via satélite, entre outras.

Partindo da teoria de Sinclair, que enumera quatro pilares – fim da Guerra Fria e seus blocos, ideologia neoliberalista, mobilidade e pós-modernidade – para caracterizar o surgimento do fenômeno da globalização, é possível pensar que o fazer jornalístico residia em blocos bem definidos e autônomos, cientes de seu papel em um todo, mas que não interferiam de forma essencial um no outro.

Se, segundo Ianni (1995: 137), a globalização tem o poder de “embaralhar o mapa do mundo”, este fenômeno – mais especificamente os saltos tecnológicos que ela trouxe – também é capaz de provocar a ocorrência, “de maneira lenta e imperceptível, ou de repente, do desaparecimento das fronteiras entre os três mundos modificando-se os significados nos sistemas onde nações e regiões tornam-se independentes”. Em uma analogia com o jornalismo, os mundos podem ser os três formatos que até então eram os bastiões da sua prática – impresso, rádio e televisão – e a internet como o catalisador deste fenômeno globalizante.

Sem apresentar imediatamente uma evolução em sua linguagem – no caso, foi uma evolução logística, de alcance e de formato de consumo – o jornalismo na web se apropriou de elementos já conhecidos pelo público – texto e fotos – em seu início. Com a rápida evolução das tecnologias digitais disponíveis (conexões mais rápidas, conexões móveis, computadores mais potentes e ferramentas mais avançadas), o áudio e o vídeo também foram levados ao meio virtual, e obviamente o jornalismo se apropriou delas dentro deste novo meio.

Mesmo sem apresentar algo realmente novo – como foi o rádio, com o áudio e coberturas ao vivo, ou a televisão, com a imagem em movimento dentro da casa do espectador, a internet foi à sua maneira revolucionária por agregar estes elementos pré-existentes nas outras modalidades jornalísticas e formatá-los para criar algo diferente. Atualmente, pela internet o acesso à informação é moldável ao tempo disponível do leitor e portátil como um jornal, tem o poder de ser urgente e rápido como o rádio, e também oferece uma experiência audiovisual do fato apresentado, tal como oferece a televisão. O que há de novo na internet é a possibilidade de conectar tudo isso, seja texto-vídeo, texto-áudio, ou mesmo texto-texto.

Diferentemente dos outros veículos, que até então eram linguagens diferentes inter-relacionáveis, mas autocontidas como um processo, o advento da internet e sua proposta de conectividade – ou se preferir, globalização – não necessariamente criou uma forma específica de fazer jornalismo, mas propõe uma maneira mais essencial para fazê-lo, onde a informação pode ser colocada em primeiro plano, através de uma convergência de fontes e possibilidades de documentá-la.

Deslocando os atores

No entanto, a chegada da internet não abriu apenas caminhos dentro do jornalismo – sejam eles na delimitação de suas linguagens ou de sua prática no dia-a-dia. As rotas do mundo virtual se abriram em múltiplas direções, às vezes desorganizadas, com uma rapidez inédita e com origens das mais variadas.

Ao analisar o fenômeno da globalização, Canclini (1996) citou uma troca de poder, que transferiu do Estado-nação ao mercado o poder de garantir o acesso aos bens globalizados. Segundo ele, hoje é o mercado que estabelece “um regime convergente para essas formas de participação através da ordem do consumo”.

Partindo deste pressuposto, Santuário atribui aos veículos midiáticos o papel de “deslocar os atores tradicionais da vida política contemporânea”. No entanto, com possibilidade de comunicação unilateral aberta pela internet, este papel deixou de ser exclusividade do jornalismo e de seus instrumentos massificados de comunicação. O poder absoluto dos veículos, caracterizado pela teoria do gatekeeping, não se aplica mais. De certa forma, o meio se tornou maior que a mensagem, com um número crescente de pessoas acessando e produzindo informações.

Em casos de grandes grupos (Record ou Globo), que já agregam diferentes veículos, esta convergência aconteceu de forma mais automática, onde se estabeleceu comunicações entre estes setores e sua complementação, agregando textos de jornais a reportagens do canal de televisão ou clips de uma entrevista em rádio. Um exemplo são matérias em texto em sites como ClicRBS ou R7, que também apresentam vídeos com a mesma notícia, mas com a representação visual do fato, como um complemento ao texto, que por sua vez, pode apresentar informações mais aprofundadas do que o vídeo, que tem uma linguagem mais ágil.

Apesar de ser impossível avançar com responsabilidade e aproveitar as tecnologias sem levar em conta a ética no novo processo operacional, também é fundamental o fenômeno da infraestrutura nas telecomunicações para a revolução tecnológica. Tais como a modernização via satélite, TV a cabo, videotexto, microcomputadores, câmeras, entre outros. De acordo com Hamelink mencionado por Santuário (2002), o acesso ao fluxo da comunicação implica, necessariamente, o acesso à infraestrutura técnica. A disponibilidade da tecnologia, de sua investigação e de seu desenvolvimento, está relacionada, em forma crescente, com a possibilidade de reduzir seus custos unitários mediante operações em grande escala (Hamelink, 1977: 27).

Um exemplo da importância do acesso massivo à internet ocorreu em maio de 2013, na Islândia, um país do Norte da Europa, onde 95% da população têm acesso a Rede Mundial de Computadores. Conforme especialistas na área política, graças à ampla penetração da internet os cidadãos islandeses usaram o Facebook e o Twitter para opinar sobre a nova constituição do país. “Pelas redes sociais e pelo site oficial do conselho criado para fazer a redação do documento, as pessoas sugeriram itens, opinaram sobre mudanças e participaram da primeira legislação colaborativa”, observa o professor da Escola de Ciências Sociais da Bifröst University, Eiríkur Bergmann, que estava em Porto Alegre na quinta-feira, 23 de maio de 2013.

Segundo Bergmann (2013), a ideia surgiu quando a Islândia estava em um contexto favorável, por ter penetração de quase 95% de internet, um povo desiludido com a política e no limite por causa da crise de 2008. Foi nesse ano que houve a “Revolução das Panelas e Frigideiras” – pacífica –, quando os utensílios de cozinha viraram batuques e a população foi exigir, em frente ao parlamento, uma postura diante do colapso econômico.

Ainda conforme Bergmann (2013), embora o contexto brasileiro seja diferente, em especial em relação à quantidade de cidadãos com acesso à internet, a participação poderia se tornar realidade. “O Brasil tem uma herança muito, muito interessante de participação (do povo). Tem o exemplo de 1989, que se espalhou em todos os lugares (do país), e as audiências públicas”, (Bergmann, 2013).

Caso maus-tratos a animal

No Brasil,o caso de moradores de um prédio em Porto Alegre que gravaram os maus-tratos a um filhote de cão e postaram o vídeo no YouTube, também em maio de 2013, conforme publicado no site do G1, mostra como a disponibilidade da tecnologia pode transformar um caso local em repercussão regional e global. Primeiro o caso gerou mobilização e repercussão nas redes sociais e logo ganhou amplo espaço em todos os canais de comunicação como: rádios, TVs e jornais.

Embora ainda exista um grande compartilhamento nas redes sociais das notícias produzidas pelos meios de comunicação tradicionais, esse fato já mostra uma nova tendência. Uma produção feita por um cidadão em um ambiente privado e disponibilizado na internet, acaba por pautar todos os meios de comunicação e se transforma em um acontecendo público, com vários desdobramentos e providências, inclusive, por parte das autoridades.

Conclusão

Percebe-se nesse contexto que a evolução da história e o processo democrático foram fundamentais para alcançar-se o atual estágio da globalização e da tecnologia. Para isso, travaram-se guerras e venceram-se barreiras físicas, como por exemplo, a derrubada do Muro de Berlim. Com a passagem desses marcos históricos no mundo, obtém-se uma ambiente mais propicio para a consolidação da globalização, o desenvolvimento e a expansão de novas formas de comunicação. No Brasil, a formação se dá desde a metade da década de 90 com a entrada da internet.

Daí adiante, com o investimento em mais infraestrutura na área da comunicação, começou-se a impulsionar a tecnologia. A internet e as novas formas de comunicação possibilitam uma unificação entre tempo e espaço, incluído os meios de comunicação de massa, que mudaram os eixos da comunicação. Desde aquele momento, a comunicação passou de mão única, receptor-consumidor; para um processo comunicacional participativo e interativo, cidadão-consumidor. Graças à facilidade das tecnologias e a disponibilidade das redes sociais, começou a praticar-se uma comunicação local/global, e vise e versa, além de forma transversal.

Isso pode notar-se nos dois casos relatados acima. Quando um registro de maus-tratos a um animal em ambiente completamente privado e local, é postado nas redes sociais e torna-se uma notícia com repercussão global. Outro fato ilustra a realidade na Islândia, onde a população conta com uma excelente infraestrutura para as telecomunicações e 95% dos moradores têm acesso à internet, e eles foram capazes via Facebook e Twitter, participar e interagir para opinar sobre a redação da nova constituição do país.

Referências

SANTUARIO, Marcos E. A comunicação globalizada na América Latina. Novo Hamburgo. Feevale, 2002.

BERGMANN, Eiríkur. TERRA. Constituição colaborativa da Islândia serve de exemplo ao Brasil. Disponível aqui, acessado em 24 de maio de 2013.

G1. Vizinhos gravam vídeo e denunciam maus-tratos a cão em Porto Alegre. Disponível aqui, acessado em 25 de maio de 2013.

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Elstor Hanzen e Leandro Miguel Souza são jornalistas