Com o avanço da internet mudanças aconteceram no espaço virtual e na forma de interação dos usuários, principalmente no jornalismo online e na nova maneira de se pensar a disseminação das informações para um novo público em uma nova plataforma. Com o advento das ferramentas digitais e com o surgimento dos portais, o “fazer jornalismo” se tornou algo mais abrangente e mais diversificado, alcançando um número maior de indivíduos, que buscam por informações e notícias do meio no qual se vive. Com a difusão de informações de todos os veículos, aglomerados em um só: a internet. Surge então, o que chamamos de multimidialidade. Com isso, o profissional da área da comunicação de hoje, tem de ter conhecimentos sobre determinados assuntos para aplicação e a facilitação no trabalho na hora de colocar as informações em tempo real, atendendo a demanda de seu público.
Introdução
Devido às mudanças no eixo tecnológico várias plataformas digitais sofreram mudanças na sua forma de uso e manuseio. Escrever para o online com o passar do tempo se tornou um meio mais prático, porém, mais criterioso, devido à veracidade das informações em tempo real a serem passadas. Segundo Dube (2001), produzir notícias on-line é mais complexo e excitante do que fazer em qualquer outro meio. Os jornalistas on-line, diz ele, são obrigados a pensar nos múltiplos níveis de uma só vez: palavras, idéias, estrutura da notícia, design, interatividade, áudio, vídeo e fotos.
Para o profissional multimídia, conhecer um pouco de cada ferramenta – que diversos profissionais do jornalismo impresso ou de TV utiliza – é de suma importância para que o trabalho desses profissionais se torne ágil e prático. Ao referir-se a tal assunto Scanlan (2000) ressalta que o desafio para o jornalista na Web é usar as palavras para promover múltiplas perspectivas – não para repetir a informação, mas para adicionar novos julgamentos que aprofundem o entendimento e o impacto da notícia. A difusão dos veículos de comunicação no meio virtual facilitou o processo de elaboração da notícia, fazendo com que leitor, acompanhasse em tempo real o andar dos fatos. Para Pollyana Ferrari (2010) autora do livro Jornalismo Digital, as informações a serem noticiadas, não estão apenas nos portais, mas, em outras plataformas digitais. “O conteúdo não está apenas na área de noticias dos portais, mas sim espalhado em blogs, sites de relacionamentos, redes sociais de música como, por exemplo, a Last, Fm, entre outros” (FERRARI, 2010, p. 39).
Notícia em tempo real
Ao sair da redação em busca dos fatos em destaque, o repórter deve em primeira mão, levar consigo os instrumentos indispensáveis para a publicação da notÍcia em tempo real. Boas imagens, por exemplo, é uma forma de levar o internauta a aproximar-se mais do local do fato. O caráter noticioso na redação dos portais leva o leitor a escolher o que de fato lhe interessa. O hipertexto, por exemplo, permite que o leitor acesse outras informações, referente ou não, ao fato a ser lido em mesmo tempo. Pollyana Ferrari em sua obra Hipertexto Hipermídia,descreve a utilização de hiperlinks para facilitar o acesso:
“Em um primeiro momento, pode-se pensar que essa é uma lógica clara e prática. A matéria publicada por último é a mais recente e, portanto, a que vale a pena ser lida primeiro. Bastava ir para a coluna “últimas noticias”, e ver, em uma imensa tripa de títulos, todo o noticiário do dia” (FERRARI, 2007, p. 14).
Através do ciberespaço, podemos alcançar um número cada vez maior de leitores, com o intuito de propagar as noticias em tempo real. A hipermídia permite modificar a escrita, possibilitando aos profissionais da comunicação, ir além das fronteiras, já que o jornal online é feito de forma linear, ou seja, o usuário escolhe o que quer ler, levando o profissional a editar sempre os seus textos, permitindo que o usuário tenha livre arbítrio para executar a leitura e fazer suas sequências.
Estrutura da webnotícia
No jornalismo online ou webjornalismo a forma escrita online é diferente da forma escrita de papel, pois se refere a dois espaços distintos e diferentes que requer uma adequação dos fatos noticiosos tanto no que diz respeito á capacidade da escrita nos dois contextos. Diante dos avanços tecnológicos, Dimes (1997) enfatiza que o jornalismo deve obedecer aos mesmos paradigmas e pressupostos do jornalismo clássico. O que muda, de acordo com ele, é o processo de produção de conteúdo. A essência do fazer jornalístico permanece inalterada, o que troca são os meios e as ferramentas. Pois no jornalismo online, há um espaço mais amplo e infinito, onde a maneira de escrever torna-se mais arbitrária, já no clássico há uma limitação do próprio espaço que é o jornalismo impresso e requer uma hierarquização da estrutura noticiosa que é o lead.
Segundo Canavilhas (2001), estruturar uma notícia na web implica na produção de um guião que permita visualizar a sua arquitetura, nomeadamente a organização hierárquica dos elementos multimédia e suas ligações internas. Essas estruturas podem ser lineares, reticulares ou mistas (SALAVERRIA, apud Canavilhas, 2001). No caso da estrutura linear, a mais simples, os blocos de textos estão ligados através de um ou mais eixos que permite a unilinearidade, não podendo saltar de um eixo para o outro. Na segunda estrutura, a reticular o espaço é livre para todas as possibilidades de leitura. A mista apresenta estrutura dos dois tipos das outras duas, impedindo o grau de liberdade em comparação a linear e a reticular, mas abre espaço para oferecer ‘‘pistas de leitura’’ bem definidas.
Esses tipos de estruturas somente são executadas através dos hipertextos e dos links embutidos, – que são os links que estão dentro da noticia – , pois a lógica de estrutura de leitura na web apresenta camadas de informação onde os leitores podem optar por assuntos até ao limite de informação disponível seguindo os links embutidos e saltando de nível de informação.
“A flexibilidade dos meios online permite organizar as informações de acordo com estruturas hipertextuais. Cada informação, de acordo com as suas potencialidades e os elementos multimédia disponíveis, exige uma estrutura própria” (SALAVERRIA, 2005, 108).
Essa flexibilidade que aponta Salaverria apresenta uma mudança de paradigma em relação ao que se verifica na imprensa escrita. Pois na web não será o jornalista que definirá como o leitor lerá a noticia, mas o idôneo leitor fará o seu percurso de leitura.
Técnicas de redação no online
Escrever para a Web não é realmente tão diferente do que escrever para os meios de comunicação impressos. A diferença mais óbvia, segundo a consultora norte-americana de escrita online Amy Gahran (apud Rhodes, 1998), é que a Web oferece aos leitores a oportunidade de acessar informações de forma não-sequencial. Se para o leitor, é a forma de ler que muda radicalmente, para o jornalista é o processo de produção noticiosa que se altera com a introdução de diferentes elementos multimídia. Pois, escrever para a web requer mudança de escrita quanto a escrita tradicional do jornalismo clássico, que é o do impresso usando as técnicas do lead. Levando em consideração o critério de noticiabilidade e o gênero informativo, mas sem deixar de adequar a linguagem utilizada do impresso no online.
Isso vem ao encontro de Dube (2001) que diz que na Web os jornalistas não devem se esquecer do fundamental do jornalismo. O autor lembra que os fatos ainda devem ser duas ou três vezes checados; a escrita precisa ser simples, direta e objetiva; as notícias devem incluir contexto; e as práticas éticas devem ser seguidas. Ele chama a atenção dos profissionais para a armadilha da velocidade e das novas ferramentas que podem distrair os jornalistas do básico. O tipo de escrita, segundo Rich, que atrairá a maioria dos leitores é incerta. Mas uma coisa é clara: leitores online querem informações em layers. Eles querem títulos, resumos, sínteses, reportagens completas e links para material adicional.
Rich (1998) comenta que a forma de escrita não-linear requer diferentes caminhos de planejamento, organização e criação de notícia. Em nenhum meio, alerta ela, o processo da escrita envolve planejamento, organização, escrita e reescrita. Mas, notícias online requerem alguns elementos únicos para escrever para a Web. Dube (2001) aconselha aos jornalistas que devem mostrar, contar, demonstrar e interagir com os leitores. Eles devem combinar o melhor de cada meio: usar texto para explicar, vídeo para mostrar e usar interatividade para demonstrar e atrair.
Conclusão
Vários estudos já foram realizados e alguns pontos definidos em busca de um modelo de publicação de notícias para a Web. No entanto, há muito que explorar, pois se trata de um meio de comunicação totalmente novo. Alguns sites noticiosos já vêm produzindo conteúdo exclusivamente para o meio online. Porém, outros se limitam a transpor as noticias de sua versão impressa.
A forma de apresentar a notícia também é um fator importante. A maioria prefere utilizar o modelo da pirâmide invertida com a informação principal aparecendo logo no início do primeiro parágrafo. Pesquisadores já estão em busca de um novo tipo de pirâmide que é a deitada, horizontal que motiva o surgimento da interatividade da notícia na rede em contraponto com hierarquização da estrutura da noticia no papel. Independente do modelo de estrutura adotado para apresentar a notícia é necessário sempre utilizar elementos chaves que instiguem o leitor a continuar a ler.
O processo de produção noticiosa na rede envolve planejamento, organização, escrita e reescrita. A forma de fazer a notícia em relação aos meios de comunicação tradicionais é diferente. Mas, a essência, o fundamental do jornalismo de acordo com Dube e Dimes permanece inalterado. A informação ainda deve ser checada, a linguagem deve ser simples, direta e objetiva e os princípios éticos devem ser seguidos.
Resta esperarmos a evolução deste novo ambiente que cada vez se altera para que enfim, o jornalismo online se aproprie de suas bases para estudá-la de forma que encontre a maneira de produzir noticias online. Mas, antes disso, a Web, assim, como os demais meios de comunicação, deve ter uma linguagem própria, que explore melhor suas características e potencialidades e que ofereça aos leitores maior comodidade e facilidade de leitura.
Referências bibliográficas
FERRARI, Pollyana. Jornalismo Digital. São Paulo: Editora Contexto, 2010.
FERRARI, Pollyana. Hipertexto Hipermídia: as novas ferramentas da comunicação digital, São Paulo: Editora Contexto, 2007.
CANAVILHAS, João (2001) Webjornalismo: considerações gerais sobre o jornalismo na web. Em http: // www.bocc.ubi.pt/pag/canavilhas-joao-webjornal.pdf
SCHMITT, Valdenise. Redação Jornalística On-Line : Tudo o que um profissional precisa saber para desenvolver conteúdo noticioso para a Web. Emhttp://www.posuniasselvi.com.br/artigos/rev02-15.pdf
DINES, Alberto. O jornalismo no próximo milênio. Ordem/Desordem. Belo Horizonte, n. 13, p. 5-8, out. 1997.
DUBE, Jonathan. (2001). Writing News Online – A dozen Tips. Available: www.cyberjournalist.net/tips.html[2001, jul. 04].
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Germana Plácido de Carvalho Mendes e Tamara Cristina Bastos Santos são estudantes