Thursday, 14 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1314

A banda mais bonita da universidade

Na última semana, o curso deComunicação em Mídias Digitais da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) foi destaque na discussão – ainda recente – a respeito da precariedade das universidades públicas, tanto nas mídias locais quanto nas nacionais. Um vídeo-protesto postado na terça-feira (7/6) no YouTube pelos alunos e intitulado Construção. A banda mais bonita da Universidade, parodiando a música “Oração”, da banda paranaense “A banda mais bonita da cidade”, questionava a falta de instalações dignas para o funcionamento do curso financiado parcialmente com verbas do Reuni.

A principal reclamação dos alunos seria o atraso das obras de construção do prédio que abrigará o curso. O prazo inicial era de 150 dias, iniciado no segundo semestre de 2009, sendo que a obra já está em pelo menos um ano atrasada. Fato é que, até o momento, o vídeo já teve mais de 150 mil visualizações e as primeiras manifestações já surgiram, inclusive da reitoria da UFPB. No site da Agência de Notícias da Universidade, o reitor se solidarizou com os alunos e afirmou que as duas empresas contratadas extrapolaram o prazo de finalização e foram punidas.

A difusão do vídeo foi endossada por comentários de estudantes de outras universidades que têm os mesmos problemas e atrasos comuns à UFPB. Personalidades do Twitter, como Rafinha Bastos e Marcelo Tas, também se manifestaram em favor dos estudantes. Na última notícia acerca do caso recentemente divulgada no site da Agência da UFPB, foi ressaltado que o Departamento de Mídias Digitais era um dos mais bem equipados do país, pois contava com 60 Macintosh, segundo Guido Lemos, pesquisador do Lavid – TV Digital – e coordenador do Reuni. Os alunos respondem que o pior, e que não foi posto no vídeo, é que, apesar de contarem com equipamentos novos, estes não se encontram em condições de serem instalados e continuam em caixas amontoadas em sala emprestada.

Descaso e falhas

Então, cabe a análise: será que só de novas tecnologias viverão os alunos de mídias digitais? Partindo do princípio que se trata de um curso superior de bacharelado e que disciplinas como Sociologia e Filosofia são obrigatórias na grade de formação, como compreender as problemáticas das universidades federais pelas quais esses alunos passam ainda no seu ingresso?

Com a repercussão do vídeo inicialmente postado no YouTube e divulgado no Twitter com posterior tuitaço, podemos analisar a funcionalidade das redes sociais nas mídias e como se apresentam como dispositivos que levam informações de um pequeno grupo para uma maioria, causando a identificação de todos com o descaso com os alunos e as falhas comuns à organização pública.

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[Amanda Tenório é mestranda do Programa de Pós-graduação em Comunicação da UFPB]