Ao analisarmos a atmosfera que configura a relação da comunicação de massa no contexto da segunda guerra mundial (1939-1945), podemos encontrar uma apreciação dos parâmetros do contexto evolucionista da teoria da comunicação, uma vez que se encontra um modelo de comunicação, o funcionalista-pragmático. Em tal época, o rádio era um dos maiores (para não dizer o maior) e, de certa forma, um dos mais acessíveis, veículos de comunicação de massa – vale salientar que a ênfase ao rádio se deu diante da evolução da técnica, pois o rádio era um poderoso instrumento de informação e comunicação.
No filme de Woody Allen A Era do Rádio, as informações desencadeadas via rádio eram fundamentais nas relações pessoais e sociais. O rádio tinha o poder de formar opiniões, estabelecer critérios de julgamento e ainda construir conceitos sócio-espaciais baseados nos princípios ideológicos do Estado. É a partir de tais constatações que identificamos o rádio nas relações cotidianas como construtor e modelador de culturas, de modos culturais: as pessoas passavam a agir de acordo com ideias veiculadas pelo rádio, sejam elas reais ou fictícias – a passagem dos marcianos pelo planeta Terra, na rádio-novela, é um exemplo dessa relação da comunicação de massa com a população, visto que acreditaram ser um fato real, e não fictício.
O rádio passou, então, a ser um grande mecanismo de persuasão, com propósitos largamente utilizados via mensagens ideológicas. Daí, serem tais conceitos ideológicos constantemente assimilados pelo público, na construção de múltiplos sujeitos, porém com comportamentos e opiniões similares.
Uma fábrica de sonhos
Nos dias atuais, percebemos que os sujeitos já não são mais meros receptores de ideias. Há uma possibilidade de interpretações que modificam os moldes de veiculação das informações. Assim, a ideia do modelo funcionalista-pragmático, de passividade do receptor, onde os indivíduos não possuem rosto e as individualidades se dilui, vai ficando de lado, de modo que o antigo conceito de comunicação (emissor-mensagem-receptor) vai sento substituído pelas modificações da mensagem diante da reação do receptor.
Entretanto, mesmo nos dias atuais, com a intensa proliferação de mídias, onde o sujeito tem a possibilidade de identificar múltiplos conceitos, ainda, em alguns casos, permanecem as ideias do modelo funcionalista-pragmático, com ênfase na passividade do receptor – identificamos uma constante aceitação passiva das mensagens nos telejornais, em especial o Jornal Nacional, pois o público ainda permanece com a ideia de que as veiculações do JN partem de uma verdade absoluta, dando total credibilidade às informações veiculadas pelos apresentadores do telejornal e trazendo-as para realidade.
Partindo de tais pressupostos, relacionamos a credibilidade das mensagens do rádio, vista no filme A era do rádio, como no trecho em que há um personagem com intenso sonho de ser atriz de rádio-novela, com as ideias de ‘fama’ que passa os jovens do mundo atual. A televisão de hoje ainda é uma fábrica de sonhos, da mesma forma que outrora foi o rádio.
******
Geógrafo e bacharelando em Comunicação Social – Jornalismo, Gurinhém, PB