A semana que passou vai certamente inscrever-se de forma gloriosa na história do Judiciário. Mas na história da imprensa representou a continuação de um conflito que começou no ano passado e parece condenado a manter-se aceso por muito tempo.
Quanto mais o governo, seu partido e seus aliados acusam a imprensa de parcialidade mais se amplia uma crise que tem tudo para ganhar conotações institucionais.
O erro desses falsos observadores da imprensa é presumir que jornalistas não têm brios profissionais nem consciência. Para os detratores da imprensa, o fotógrafo que faz um flagrante incômodo ou a repórter que registra uma conversa telefônica num restaurante não são profissionais zelosos, cônscios de seus deveres na busca de fatos. São mercenários, títeres nas mãos de interesses escusos que comandam a mídia.
A imprensa, para esses observadores, seria uma entidade abstrata, sem gente, sem alma, sem noção de cidadania, enquanto que os 40 denunciados pelo Ministério Público – e agora réus –, estes merecem solidariedade, apoio, compreensão.
Esta forma de desumanizar e diabolizar instituições assemelha-se àqueles espasmos que desde meados do século passado são conhecidos pelo nome de totalitarismo.