Os impressos estão se tornando cada vez mais informes publicitários, o que é um ofensa ao leitor que busca notícias diariamente com qualidade. Onde foi parar a credibilidade dos jornais? Ou o discurso que pregava compromisso com a verdade e com a informação para o público não deixa de ser utópico e extremamente mentiroso?
O motivo de tal parágrafo é a minha indignação com total falta de respeito dos jornais A Tribuna e A Gazeta, de Vitória, que pensam que o leitor é um asno. É a única explicação lógica para as notícias que são colocadas nesses veículos. A gota d’água saiu na edição de sexta-feira desses dois veículos. Comecei a ler A Gazeta e, ao chegar ao caderno de Política, um caderno considerado de prestígio no jornal, encontrei uma mensagem de cerca de meia página que dizia algo mais ou menos assim: ‘Parabéns, querida filha, por sua maravilhosa e brilhante atuação no vestibular, pois você passou em nono lugar para Odontologia… na Faesa!!!’
Entre 25 mil
Não tenho nada contra as faculdades particulares, pois acredito que o aluno com potencial se destaca em qualquer lugar. O que me chamou a atenção foram os agradecimentos: ‘Agradecemos ao Sr. Pignaton e aos maravilhosos 11 anos de estudo integral, que possibilitaram a conquista desse maravilhoso resultado’. Nessa hora fui obrigada a fechar o jornal, pois comecei a rir. Fui aprovada em terceiro lugar na Faesa e não recebi mais do que um ‘você não fez mais do que a sua obrigação’. Ao começar a ler A Tribuna, encontrei o mesmo anúncio e decidi parar de ler o impresso com medo do que pudesse encontrar mais à frente.
O fato de ter ou não um anúncio de 15 mil reais numa página de caderno importante do jornal não é problema meu. Mas, no domingo, dia 27 de novembro, esse anúncio começou a me incomodar. Pelo simples fato de que a ‘anunciada’ estava numa entrevista ao jornal, com sua mãezinha dizendo que é mais fácil para o profissional seguir a mesma carreira dos pais.
O que esses veículos pensam? Eu entendo perfeitamente a questão da falta de tempo do jornalista em apurar matérias, mas chega a ser absurdo entrevistar a mesma pessoa de um anúncio, veiculado cerca de cinco vezes nos dois jornais mais importantes do Espírito Santo, para fazer matéria sobre vestibular. Se não estou enganada, prestaram o exame cerca de 25 mil pessoas, ou seja, de 25 mil pessoas de dentro e fora do Espírito Santo que fizeram vestibular, A Tribuna só conseguiu entrevistar essa pessoa?
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Estudante de Comunicação/Jornalismo da UFES