Wednesday, 18 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1318

A profissionalização do mercado de trabalho

O debate sobre a necessidade do diploma de jornalista e das mudanças nas diretrizes curriculares do curso de Jornalismo não é legítimo e deve ser estendido para todos os profissionais do mercado de comunicação no Brasil. O jornalista é graduado em Comunicação Social com habilitação em jornalismo, assim como os publicitários, relações públicas e radialistas. Como comunicador, honrar e ampliar os princípios dessa atividade, hoje cada vez mais direcionada para a convergência dos meios de comunicação.

Profissionais de Relações Públicas, publicitários, radialistas e técnicos de rádio, TV, jornais e revistas são simplesmente ignorados quando se trata da discussão sobre diretrizes curriculares de um curso que forma e coloca no mercado de trabalho, antes de tudo, um comunicador. As associações da classe não se entendem e mantêm o debate distinto para cada atividade profissional na área da comunicação social.

Ora, o curso é de Comunicação Social. A condução de um debate sobre diretrizes curriculares deve começar na teoria da comunicação humana para depois seguir caminhos que se alastram por múltiplas disciplinas, tais como: Lingüística, Filosofia, Sociologia, Antropologia, Economia, Estética da Comunicação, Letras etc.

Uma enorme ironia

Na sociedade de mercado do século 21, o profissional da comunicação que não adquire um leque de conhecimentos abrangente e dinâmico está fadado a ser engolido pelo caráter convergente do mercado consumidor de mídia. Conhecer e saber se posicionar em discussões empresariais, políticas, gestão, marketing, economia, cultura e responsabilidade social são características inerentes da profissão que tem por atividade e fim transmitir informações a seus diversos públicos. Desta maneira, formaremos um profissional amplo no sentido de considerar um curso de comunicação social que oferece disciplinas generalistas, no âmbito teórico, e abarca todas as atividades profissionais da comunicação social, extinguindo assim, as habilitações. O curso é de Comunicação Social e por isso mesmo, defendo a iniciativa de apresentar propostas de diretrizes curriculares para ofertar um curso com as disciplinas teóricas citadas acima e a junção de todas as habilitações num só modelo educacional de comunicação social para o século 21.

Por outro lado, as empresas de comunicação, não se reinventam e não conseguem sobreviver ao caos da convergência e do mundo digital. Poucos profissionais do mercado da comunicação têm a oportunidade de se qualificarem através de programas de treinamento e capacitação desenvolvidos pelas empresas. O que se torna uma enorme ironia da profissão, pois quem deveria estar planejando e realizando essas atividades dentro da organização é o profissional de Relações Públicas, ou melhor, o comunicador.

Informação correta e verdadeira

Portanto, conclamo aqui, profissionais do mercado de comunicação, sejam estudantes, professores, pensadores, editores, jornalistas, publicitários, escritores, chargistas, desenhistas, artistas e técnicos em geral: salvem o curso de Comunicação Social!

A profissionalização do mercado de trabalho é, sem dúvida, o caminho a ser percorrido por todos que vivem a comunicação e fazem dela um instrumento fundamental para desenvolvimento do país e da população brasileira. Desta maneira, é o comunicador que desempenha o papel essencial de transmitir ao público a informação correta e verdadeira. Vivemos a revolução da informação e das comunicações. Não podemos ficar calados nesse momento relevante da história.

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Professor do curso de Comunicação Social da UFRN, Natal, RN