Leia abaixo os textos de quinta-feira selecionados para a seção Entre Aspas. ************ Folha de S. Paulo
Quinta-feira, 19 de julho de 2007
TRAGÉDIA EM CONGONHAS
Acidente aéreo pega redes desfalcadas, mas dá ibope
‘O maior acidente da história da aviação brasileira pegou as TVs desprevenidas. Anteontem, todas tiveram que improvisar, apurando informações e editando seus telejornais ao vivo, enquanto eram exibidos.
Mobilizadas para o Pan, as redes estavam desfalcadas em São Paulo. A Globo estava sem duas de suas estrelas, César Tralli e Ernesto Paglia, que ontem foram chamados de volta.
A Band estava com um terço dos repórteres (seis de 18) que cobrem o dia-a-dia em São Paulo trabalhando no Rio. Mas teve sorte. Foi a primeira a mostrar imagens do acidente, às 18h56, três minutos antes da Globo.
Com dez repórteres deslocados para o Rio, a Record só mostrou imagens às 19h47, depois da Rede TV! (19h20), mas antes do SBT (20h04). A Record teve dificuldade para alugar helicóptero (o dela está em manutenção e um locado foi enviado ao Rio), mas já tinha imagens do acidente às 19h20. Mas, como estava dando 20 pontos com o Pan, preferiu não interromper a programação _a Globo também não abriu mão de sua programação normal; exibiu até piada sobre crise aérea no ‘Casseta & Planeta’.
No horário do acidente, as redes já estavam com seus telejornais desenhados. Tiveram que mudar quase tudo. ‘O telespectador do ‘Jornal da Band’ pôde acompanhar a apuração dos fatos’, diz Fernando Mitre, diretor de jornalismo da rede.
O ‘Jornal Nacional’ entrou às 20h37 (22 minutos depois que o normal) e durou 1h03min. Pelo menos dez minutos de noticiário sobre o Pan foram jogados fora. William Bonner parecia âncora de rádio, entrevistando repórteres. Ontem, Bonner foi deslocado para São Paulo (onde deve continuar até hoje). Veio de carro, para não correr o risco de ficar preso em aeroporto.
O ‘JN’ de terça de 47 pontos, maior audiência desde maio de 2006 (ataques do PCC). O ‘Jornal da Record’, que durou 1h40min (quase o dobro), marcou 12. A Band trocou programas pelo ‘Sala de Emergência’ e chegou a triplicar sua audiência. As diretorias de jornalismo da Globo e Record consideram que fizeram ótimas coberturas.
CORTE
A TV Cultura dispensou anteontem cerca de 40 funcionários. Eles atuavam no Canal do Saber (canal via satélite dirigido a professores, que a Cultura produz para a Secretaria de Estado da Educação) e no programa ‘Quem Sabe, Sabe’, também financiado pelo Estado. A emissora diz que teve que fazer o corte porque o contrato com a secretaria está sendo renegociado desde abril e, desde então, não vem tendo receitas com os dois produtos.
SHERLOCK
Fim do mistério sobre o desaparecimento de um carrinho elétrico do Projac, central de estúdios da Globo. O veículo foi enviado para manutenção, mas como houve um erro na nota fiscal (seu número foi trocado por outro), chegou até a ser dado como roubado.’
TODA MÍDIA
O circuito interno
‘Dia de editar as cenas do ‘horror’. A Record apelou para celular, de dramaticidade no áudio. Ouvia-se ‘não pula!’, mas pouco se via. A Globo mostrou, num prédio, uma figura ereta em meio ao fogo -e cortou. A Cultura, que gravou a funcionária da TAM que se jogou, soltou uma nota avisando ter decidido ‘não veicular nem ceder as imagens capturadas mostrando a seqüência da queda’.
Mas eram outras as imagens ansiadas, ontem. No texto ‘+ lido’ da Folha Online, ‘Câmeras flagraram acidente; piloto teria tentado arremeter’. Segundo parlamentares que assistiram aos vídeos do ‘circuito interno de segurança’ de Congonhas, a velocidade era ‘muito acima do normal’, até quatro vezes mais.
Só perto das 21h, no bloco final algo improvisado do ‘Jornal Nacional’, vieram as cenas que ‘a Aeronáutica liberou há pouco’. Na imagem reproduzida acima, o avião leva três segundos para atravessar a pista contra 11 de outro, pouco antes, ‘o que, para a Aeronáutica, mostra que o avião estava com excesso de velocidade’.
BAND LÁ
William Bonner apareceu ontem em Congonhas, mas no dia anterior tanto Globo, que privilegiou novela, como Record estavam com parte das equipes no Pan. E a Band dominou assim a transmissão, a ponto de romper o velho monopólio da Globo na reprodução pelos canais de notícias CNN e BBC.
LULA E A PISTA
‘O presidente Lula manda a Polícia Federal verificar se houve irregularidades na obra de reforma da pista’, bradou William Bonner na escalada do ‘JN’. Na estatal Agência Brasil, ‘Lula exige apuração sobre condições da pista e responsabilidades da obra’.
A pista e suas ranhuras concentraram a especulação sobre a causa do acidente, pelo menos até o vídeo do ‘circuito interno’. Aqui e pelo mundo, da BBC ao ‘Financial Times’, em questionamentos a Congonhas nos enunciados de dezenas de reportagens.
IMPACTO POLÍTICO
A entrada em cena da PF, que projeta isenção e rigor, foi uma das primeiras ações do governo para responder ao ‘impacto político’. É o que avalia a Reuters Brasil, em reportagem notando que, nas ‘análises de bastidores do Planalto, Lula não estaria disposto a poupar ninguém, independente da relação’. Pode entregar o ministro da Defesa, alvo do ‘JN’, ontem.
Pela blogosfera toda, mais ‘bastidores’, como o de que o governo prepara ‘medidas drásticas’, a depender só de ‘investigações preliminares’.
NO RIO GRANDE
Nos jornais do Rio Grande do Sul, uma tragédia gaúcha, mais do que brasileira ou paulista. Uma realidade que os telejornais só foram descobrir ontem, editando as cenas de desespero dos familiares, no aeroporto de Porto Alegre.
TAM, GOL E A GESTÃO DE CRISE
Não é só governo que corre para enfrentar o ‘impacto’ da tragédia. A TAM, com blitz de mídia, motivou ontem enunciados como ‘Airbus não tinha excesso de peso’ e ‘famílias dos mortos serão indenizadas’, nos sites e TVs. Seguiu o modelo de ‘gestão de crise’ da GOL, que virou referência, como se lia meses atrás em portais de mídia.’
TV PAGA
Anatel impõe restrições na venda da TVA à Telefônica
‘A Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) impôs restrições à compra da TVA (grupo Abril) pela Telefônica. A agência reguladora negou anuência prévia para a compra das operações de TV por assinatura por meio de cabo no Estado de São Paulo. Em relação ao serviço oferecido por cabo fora de São Paulo e ao com a tecnologia MMDS (microondas), não houve restrições, e a anuência prévia foi concedida.
O diretor da Anatel José Leite Pereira Filho, que anunciou a decisão, disse ser favorável à entrada das teles no setor de TV por assinatura. ‘Estou convencido de que está na hora de abrir o mercado de TV por assinatura para as empresas de telefonia. Demos dez anos de carência [para as operadoras de TV], está na hora de abrir. Já houve tempo de desenvolver esse mercado.’
A compra da TVA pela Telefônica foi oficializada em outubro de 2006. Para ser aprovada, dependia de anuência prévia da Anatel, que analisa se a regulamentação específica do setor de telecomunicações foi cumprida. Depois, a agência envia parecer ao Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), que julga a operação do ponto de vista da concorrência.
Segundo Pereira, a participação da Telefônica nas operações de TV por assinatura por meio de cabo em São Paulo não foi aprovada porque a tele participa do grupo de controle da empresa, o que é proibido pela regulamentação do setor.
A regulamentação trata de maneira diferente o serviço de TV por assinatura de acordo com a tecnologia com o qual ele é provido. Quando são usados meios físicos (como cabo) para chegar à casa do assinante, as operadoras de TV são consideradas concessionárias de serviço público. A lei impede que um mesmo grupo econômico tenha duas concessões públicas em uma mesma área.
Como a Telefônica já é concessionária de telefonia fixa, não poderia ter o controle de uma operadora de TV por assinatura por meio de cabo. Essa restrição legal não existe quando o serviço de TV por assinatura é prestado por meio de microondas ou satélite (DTH).
Na avaliação da Anatel, a Telefônica ficou com 19,9% do capital com direito a voto nas operações de TV por assinatura da TVA em São Paulo por meio de cabo. Apesar de essa participação ficar abaixo do limite que caracteriza participação no grupo de controle (20%), o acordo de acionistas feito entre as empresas dá à Telefônica poder de veto nas decisões. Isso, para a Anatel, se equipara a ter participação no controle.
Para contornar esse obstáculo, a Telefônica e a TVA terão que enviar à Anatel novo acordo de acionistas, em que a Telefônica perca o poder de veto nas decisões da empresa. Só nessa condição, a Anatel diz que poderá liberar a operação.’
TELEVISÃO
Chef ‘infernal’ atormenta reality show
‘Sue Ray já vendeu de passeios com burros a isolamento térmico, e sua última empreitada foi investir todo o dinheiro em um restaurante, o Bonapartes, em uma cidadezinha de Yorkshire, na Inglaterra. Colocou a cozinha nas mãos de um jovem chef sem experiência. O resultado? Um restaurante vazio e à beira da falência.
Sem entender por que as coisas não vão bem em seu Bonapartes, enquanto o vizinho vive lotado, Sue recebe a consultoria do ‘infernal’ chef Gordon Ramsay. O périplo pode ser acompanhado em ‘Ramsay’s Kitchen Nightmares’, cuja terceira temporada estréia hoje, no canal pago GNT.
Nesta espécie de ‘Extreme Makeover’ de restaurante, Ramsay literalmente transforma a vida de seu ‘objeto de estudo’ num verdadeiro pesadelo. Usa toda sua (falta de) delicadeza para desancar cada detalhe -do cardápio pretensioso à falta de higiene da cozinha de um restaurante que faria a alegria de qualquer fiscal da vigilância sanitária. E ‘propõe’ ao chef: ‘Pare de cozinhar para o seu ego e volte ao básico’. Mas nem uma simples omelete, a primeira na vida do pretenso chef, sai a contento.
Diante desse cenário, Ramsay faz de tudo. E, aparentemente, as coisas estão melhorando. Mas só aparentemente…
RAMSAY’S KITCHEN NIGHTMARES
Quando: hoje, às 22h30
Onde: GNT’
Paulo Santos Lima
‘À Queima-Roupa’ sobrepõe cinema e realidade de 67
‘Em ‘À Queima Roupa’ (TCM, 22h), Walker é um homem traído. Não só por sua mulher (com seu melhor amigo, que, por sua vez tenta matá-lo) mas também pelo mundo, com seu jogo inesperado.
Não é à toa, assim, que a primeira imagem de Walker seja incerta, de tão desfocada e ultra-avermelhada. Porque, golpeado inesperadamente pela vida, é como se ele mergulhasse num pesadelo agônico, e daí a vingança ser sua única certeza. John Boorman, o diretor, sabiamente adota um paralelismo narrativo que amplifica essas ambigüidades, com passado e presente confundindo-se, como num grande delírio.
O que resulta aqui é, também, um paralelo entre filme e o mundo de 1967, múltiplo entre sortes e azares, de corrida espacial a guerras em selvas tropicais. E a ponte está justamente em Lee Marvin, ator vigoroso, rosto e corpo talhados, devidamente moldados para o inesperado do mundo, inclusive para a experiência de cinema moderno que caracteriza esta obra-prima de Boorman.’
MERCADO EDITORIAL
Último livro da série Harry Potter vaza em jornal
‘A crítica de literatura do ‘New York Times’ Michiko Kakutani conseguiu um exemplar do último livro da série de Harry Potter (‘Harry Potter e as Relíquias Mortais’), antes de seu lançamento mundial, na madrugada do próximo sábado, e publicou resenha no site do jornal (www.nytimes.com).
A crítica, que assim rompe o embargo imposto pela editora da obra, destaca que a saga do jovem bruxo será encerrada sob um tom bastante sombrio.
‘Harry Potter e as Relíquias Mortais’ é, em sua maior parte, um livro sombrio que marca a iniciação final de Harry nas complexidades e dificuldades da vida adulta’, escreveu ela.
Kakutani não dá detalhes sobre como conseguiu o livro, apenas relata que o teria comprado em Nova York.
A crítica adianta que seis personagens morrerão, e que dezenas sairão feridas ou serão torturadas no confronto entre as forças do bem e do mal em Hogwarts.
A nova ministra da Magia, infiltrada pelo maléfico Voldemort, será responsável por um período de terror.
‘O mundo de Harry Potter é um lugar onde coexistem o mundano e o maravilhoso, o ordinário e o surreal’, diz.
Kakutani avalia a série como um épico que sofre influências da saga de cavalaria do rei Artur até a série cinematográfica ‘Guerra nas Estrelas’.
Brasil
A editora Rocco prevê o lançamento da versão brasileira no dia 10 de novembro. A série já vendeu cerca de 2,5 milhões de livros no Brasil.’
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O Estado de S. Paulo
Quinta-feira, 19 de julho de 2007
TRAGÉDIA EM CONGONHAS
Tragédia aérea estufa ibope
‘Índice de TVs ligadas cresceu quase 10% no horário do fato
O Pan encolheu na TV e a audiência subiu, tudo por conta da cobertura do acidente da TAM na noite de terça-feira.
Segundo medição prévia na Grande São Paulo, o share, número de televisores ligados no horário do acidente – que ocorreu por volta das 19 horas – estava na casa de 74,4%. Na segunda-feira, no mesmo horário, o share era de 69%.
Na Band, os principais noticiários cresceram de tamanho. O Primeiro Jornal, que normalmente tem meia hora de duração, ficou das 7 às 9 horas no ar. Na seqüência, das 9 às 10 horas, entrou o Sala de Emergência, plantão especial do jornalismo da emissora sobre a tragédia.
A Band, por sinal, foi a primeira a noticiar a o desastre, seguida pela Globo. Segundo levantamento da Controle de Concorrência, empresa que monitora os breaks comerciais, as emissoras interromperam a programação por volta das 19 horas para noticiar o acidente. A Band registrou, das 19h22 às 21h13, média de 8 pontos de audiência. A RedeTV!, que entrou na cobertura às 19h22, alcançou 4 pontos e chegou a pico de 10 no Rede TV!News. O Jornal Nacional, obteve 47 pontos. Na segunda-feira, havia registrado 44.
A Record, que sempre abusou de desastres nos seus jornalísticos – só noticiou o acidente às 19h47 – recusa-se a divulgar sua audiência, sob o pretexto de não associá-la à exploração da tragédia. O Estado apurou que a rede obteve audiência na casa dos 15 pontos no horário.
No SBT, só para variar, nem Pan nem acidente da TAM. A rede foi a última emissora a noticiar o acidente, às 20h06.
Globo e Record cortaram pela metade os boletins do Pan. Na Record, a ordem é exibir apenas os resultados dos jogos e cortar entradas ao vivo do Rio. Ontem, a emissora não exibiu nenhum jogo coletivo.
Entre-linhas
O SBT informa que perdeu dois funcionários no acidente com o vôo da TAM em São Paulo. Um deles, João Roberto Brito, de 45 anos, era diretor-geral do SBT em Porto Alegre, e o outro, Luiz Pinto, de 53 anos, era gerente comercial do SBT na capital gaúcha.
A HBO esclarece que a festa de domingo passado no bar Astronete não foi para o lançamento da série ainda sem nome de Karim Ainouz. Foi apenas uma comemoração da equipe de filmagem da série, que ainda não tem data para estrear. As gravações em São Paulo terminam somente em novembro.’
TV registra mulher se jogando de prédio
‘A repórter Laís Duarte e o cinegrafista Marcelo Scano, da TV Cultura, testemunharam uma das cenas mais chocantes do acidente com o Airbus da TAM. Eles registraram o momento em que uma mulher, aparentando menos de 30 anos, se jogou do segundo andar do prédio da TAM Express em chamas, a uma altura de cerca de 15 metros. O avião havia acabado de se chocar com o edifício. Ela bateu a cabeça violentamente no chão e foi socorrida por dois bombeiros e um voluntário.
‘Ela ficou bem na marquise, com outro homem, tentando escapar da fumaça. As pessoas na rua lhe pediam calma, mas, de repente, ela se jogou’, disse Laís. A equipe da Cultura havia chegado havia menos de cinco minutos, para fazer uma reportagem sobre a derrapagem do avião da Pantanal, na segunda-feira.
Quando viu a jovem se atirar, a repórter afirmou ter lembrado de imagem semelhante ocorrida durante o incêndio do Edifício Joelma, no centro de São Paulo, em 1974. ‘Não era nascida naquela época (ela tem 29 anos), mas foi como se eu estivesse na mesma situação.’ Na hora, ela disse ter se sentido impotente. ‘Eu ouvia gritos de socorro, mas não tinha o que fazer. Era muito arriscado.’
Apesar do perigo de desmoronamento do prédio, o cinegrafista ficou a cerca de cinco metros de onde a mulher caiu. Scano admitiu que o fato de ter registrado a cena pode lhe trazer projeção profissional, mas afirmou que preferia não estar lá naquela hora. ‘Eu queria não ter visto. Cheguei em casa às 4 da manhã, vi minha mulher e pensei que poderia ser ela. Chorei muito.’ Em nota, a TV Cultura informou que decidiu não divulgar as imagens da mulher caindo.
A Secretaria de Segurança disse que não era possível confirmar que a vítima seria a funcionária da TAM Express Michele Dias Miranda, de 24 anos, cujo corpo já foi identificado e liberado pelo Instituto médico-legal.’
VENEZUELA
TVs a cabo na mira de Chávez
‘AP, Caracas – O governo venezuelano pretende fazer uma reforma na legislação que regulamenta as rádios e televisões do país para obrigar os canais de TV a cabo a ‘respeitar a lei’ e transmitir o hino nacional e os discursos do presidente Hugo Chávez. O anúncio foi feito menos de 48 horas depois de a emissora oposicionista Rádio Caracas Televisão (RCTV) ter começado a transmitir por cabo, após mais de 40 dias fora do ar. ‘Faremos algumas reformas para que aqueles que operam a televisão por cabo e a televisão de sinal aberto sejam obrigados a respeitar a lei venezuelana’, disse o ministro de Comunicações, Willian Lara, à emissora estatal Radio Nacional da Venezuela (RNV).
Há 53 anos no ar, a RCTV era a emissora de maior audiência da Venezuela e a única de alcance nacional que se mantinha na oposição a Chávez. Como o governo se recusou a renovar sua licença para transmitir pelo canal 2 da TV aberta, ela teve de sair do ar no dia 27 de maio. Chávez justificou a decisão acusando os diretores da RCTV de ser golpistas e não cumprir com seus compromissos legais e fiscais. A medida, porém, motivou críticas de diversos países e organizações internacionais, que a interpretaram como um ataque contra a liberdade de imprensa na Venezuela.
Segundo Lara, a reforma da legislação que regula as atividades da mídia venezuelana será levada a cabo com o auxílio da chamada Lei Habilitante – um dispositivo legal que foi aprovado pela Assembléia Nacional no início do ano e permite ao presidente governar por decreto durante 18 meses. O ministro também disse à RNV que a nova legislação obrigará todos os canais de TV por assinatura a transmitir ‘os comunicados dos poderes públicos’.
Para o especialista em meios de comunicação Marcelino Bisbal, professor da Universidade Católica Andrés Bello, em Caracas, o anúncio causa ‘assombro’. ‘Isso demonstra que a decisão tomada por Chávez em maio contra a RCTV teve uma motivação política’, disse Bisbal à venezuelana Unión Radio.
A RCTV começou a transmitir por cabo na segunda-feira, prometendo manter sua linha ‘pluralista’ e ‘continuar lutando’ para voltar à TV aberta. Ela pode ser vista na Venezuela por assinantes das operadoras DirecTV, Intercable, Supercable e Planetcable.’
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