Sunday, 24 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

As emoções do dia seguinte

As edições de quinta-feira (25/6) do Globo e da Folha de S.Paulo ofereceram sinais de que a grande imprensa está disposta a rever o insensato apoio a duas recentes decisões do Supremo Tribunal Federal relativas à atividade jornalística.


No Globo, um abundante noticiário (pág. 10) reproduziu o debate do dia anterior sobre o Direito de Resposta, promovido pela Escola da Magistratura do Rio.


Convém lembrar que no fim de abril, a grande mídia exultou com a decisão do STF extinguindo integralmente a Lei de Imprensa. Arrependeu-se logo depois porque a liquidação pura e simples da lei sem algo que a substituísse deixou um perigoso vácuo legal. Agora, ao participar do evento dos magistrados (que precisam de leis para basear seus veredictos), fica visível ao leitor que o jornalão carioca está reconsiderando o assunto.


A Folha atravessa um dos momentos mais difíceis da sua história recente – devido a proximidade com o senador Sarney – por isso foi mais rápida e ressuscitou menos de uma semana depois a questão do diploma de jornalismo por meio de um artigo do jurista José Paulo Cavalcanti Filho.


Imaginava o jornalão paulista que o nosso maior especialista em direito de comunicação faria coro aos que condenaram o diploma. Já na edição televisiva do Observatório da Imprensa de terça-feira (23/6), mestre Cavalcanti havia arrasado grande parte da argumentação das empresas jornalísticas; na quinta-feira, no artigo da Folha, foi ainda mais incisivo.


Para o Globo será fácil e conveniente endossar o clamor dos magistrados por um estatuto que regulamente o Direito de Resposta. Mas para a Folha será mais muito complicado. Afinal a cruzada contra o diploma foi iniciada por ela há 34 anos e, ao longo deste tempo, publicaram-se os maiores disparates e falácias não apenas sobre o diploma, mas principalmente sobre a profissão de jornalista que o jornal deveria respeitar e valorizar.


A ressaca do day after promete muitas emoções.