Leia abaixo a seleção de quinta-feira para a seção Entre Aspas.
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O Estado de S. Paulo
Quinta-feira, 25 de setembro de 2008
ESCUTAS
Aner critica Tarso por projeto sobre grampos
‘A Associação Nacional dos Editores de Revistas (Aner) definiu como ‘um retrocesso’ o projeto de lei anunciado na semana passada pelo ministro Tarso Genro, da Justiça, que prevê a possibilidade de punição criminal ao jornalista ou ao veículo que divulgar escutas telefônicas, legais ou ilegais.
Em nota divulgada ontem, o presidente da entidade, Jairo Mendes Leal, afirma que ‘a criminalização de tais procedimentos’ revela ‘embaraços que se desejam impor à liberdade da imprensa’. O projeto foi enviado ao Congresso, já com assinatura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Segundo a Aner, a nova tentativa do governo contra a liberdade de imprensa ‘se junta à proposta de mudanças no direito constitucional do sigilo de fonte, sugerida pelo Ministro Nelson Jobim’. As duas juntas, diz a nota, são reveladoras ‘de embaraços que se desejam impor à liberdade da imprensa’. Elas representam ‘mais uma tentativa de obstaculizar o exercício jornalístico e a liberdade de imprensa, consagrados constitucionalmente como princípios estruturais do Estado Democrático brasileiro, e devem, peremptoriamente, ser repudiadas por toda a sociedade’.
O texto do ministro Tarso Genro altera o art. 151 do Código Penal, determinando a pena de reclusão de 2 a 4 anos para quem ‘diretamente ou por meio de terceiros’ realizar ‘interceptação de qualquer natureza’ – ou seja, grampo – ‘sem autorização judicial ou com objetivos não autorizados em lei’.
No entanto, da maneira como foi escrito ele autoriza o juiz a condenar um veículo de comunicação, jornalista ou a fonte caso entenda que a ação teve objetivo ilegal como chantagem, calúnia, injúria e difamação. Isso porque o art. 151 passa a ter um novo inciso – o nº 2 do parágrafo 1º – determinando que receberá a pena quem usar qualquer tipo de grampo ‘para fins diversos dos previstos em lei’.
A alteração foi preparada a pedido do presidente Lula, depois da revelação de que uma conversa entre o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, e o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) havia sido grampeada.
Cobrado pela oposição, que acha a iniciativa inconstitucional, o ministro da Justiça sustenta que seu projeto ‘mantém integralmente’ o direito à informação e o sigilo da fonte. Em resposta aos parlamentares, Tarso sustenta que ‘só o criticam os que não leram o texto’.
O que o projeto faz – acrescenta o ministro – ‘é dizer que utilizar essas informações para fins de obter vantagem ou proporcionar injúria, calúnia ou difamação passa a ser um delito conjugado. Apenas isso.’’
TECNOLOGIA
Michelly Teixeira
Lançamento do iPhone no Brasil vira guerra
‘O lançamento oficial do iPhone de terceira geração (3G) foi antecipado para hoje à noite. A expectativa inicial era que o aparelho chegasse ao mercado amanhã. A Vivo e a Claro brigam para ser a operadora símbolo do iPhone, e marcaram eventos simultâneos em São Paulo. A Apple informou que não vai participar de nenhum deles.
Na terça-feira, a Claro enviou a alguns assinantes e potenciais clientes um convite para a apresentação do aparelho celular da Apple, a ser feita no Terraço Daslu, às 21h30. Para não ficar atrás, a Vivo anunciou entrevista coletiva às 23h. Nenhuma das operadoras revela o preço que cobrará pelo iPhone. Segundo fontes do mercado, o preço médio do aparelho deve ficar em R$ 1,5 mil.
É grande a briga entre as teles para se antecipar às tendências de mercado. Na semana passada, o presidente da Claro, João Cox, disse que o iPhone será um dos pilares de sua estratégia para conquistar a liderança de mercado e tirar a Vivo da primeira posição. A Claro chegou a cobrar R$ 100 pela reserva do aparelho em seu site. Porém, desistiu da cobrança após ser criticada por consumidores e pelo Procon-SP, que considerou a cobrança ilegal.
De acordo com o órgão de defesa do consumidor, não se pode cobrar pela reserva sem prestar as devidas informações sobre o produto, como preço e data do lançamento.
Em agosto, a Claro subiu uma posição no ranking de telefonia móvel, ficando com uma diferença de 5,7 mil clientes para a TIM. Ambas têm 25,09% de participação de mercado, conforme ranking da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). A Vivo continua na dianteira, com 30,12% dos clientes.
O modelo do iPhone que funciona em redes de telefonia celular de terceira geração (3G) foi lançado nos EUA em 11 de julho. As redes 3G permitem comunicação de dados em alta velocidade no celular. No começo do mês, Roberto Lima, presidente da Vivo, disse que, de seus 41 milhões de clientes, cerca de 1 milhão poderiam se interessar pelo aparelho.
Na terça-feira, o iPhone ganhou um concorrente de peso no mercado internacional. A operadora T-Mobile anunciou nos Estados Unidos o lançamento do G1, primeiro celular equipado com o Android, software de telefones móveis criado pelo Google e fabricado pela taiwanesa HTC.’
INTERNET
Combate ao crime une PF e Microsoft
‘A Polícia Federal e a Microsoft vão estender ao Rio a parceria que mantém para o combate à pedofilia e demais crimes cibernéticos. O Estado será o primeiro a receber o Cets, programa desenvolvido pela multinacional de softwares que permite rastrear e armazenar dados dos IPs (Internet Protocols) de usuários que praticam crimes na rede.
O diretor de Programas de Engajamentos com o Governo da Microsoft, André Batista, esclareceu que o rastreamento será realizado pela troca de informações entre as polícias. ‘Se houver um alerta sobre um crime no Rio, o sistema pode indicar que uma ocorrência com as mesmas características acontece em Brasília, por exemplo’, explicou o diretor da Microsoft. Entre as informações que podem ser trocadas entre as polícias estão os servidores e os números de IPs suspeitos.
‘A pedido da Secretaria de Segurança Pública, estamos estendendo o Cets para o Rio. É um programa de rastreamento que coleta informações e deixa os dados disponíveis para investigações’, disse o diretor da PF, Luiz Fernando Corrêa, após a abertura da 5ª Conferência Internacional de Perícias em Crimes Cibernéticos.
De acordo com o diretor da PF, o uso do Cets dependerá de autorização judicial. ‘Qualquer interceptação – seja telefônica, cibernética ou de dados – cai no mesmo sistema. Por isso, o nosso cuidado quando há um desvio de conduta que seja de agente público ou de um criminoso que agrida o princípio constitucional da privacidade.’
DOIS CASOS
Foi preso ontem na Vila Matilde, zona leste de São Paulo, um aposentado de 72 anos acusado de estuprar a neta. Segundo a polícia, a mãe da menina contou que também era violentada por ele quando tinha a mesma idade da filha. De acordo com a menina, de 11 anos, quando a mãe saía para o trabalho, o aposentado ia para a casa delas e a violentava. O crime acontecia desde que ela tinha 8 anos.
Anteontem, um pintor de 30 anos foi preso acusado de molestar a filha, de 10 anos, e a sobrinha, de 8. De acordo com a polícia, o homem confessou ter praticado abusos sob o efeito de drogas, quando a sua mulher não estava em casa.’
FUTEBOL
Clube dos 13 vende transmissões à Globo
‘O presidente do Clube dos 13, Fábio André Koff, anunciou ontem o maior contrato de cessão de direitos de transmissão de TV da história do futebol brasileiro, assinado com a Rede Globo. O acordo envolve TV aberta e fechada, pay-per-view e placas publicitárias. ‘Renderá, no mínimo, R$ 1,4 bilhão entre 2009 e 2011’, diz. Os lucros podem variar para cima conforme a venda de pacotes de telefonia, TV paga e internet. A cifra é 60% maior que no triênio anterior.’
AMY WINEHOUSE
A biografia precoce de uma estrela
‘A primeira pergunta que as pessoas têm feito ao se deparar com Amy Winehouse – Biografia, de Chas Newkey-Burden, é: mas já escreveram um livro sobre ela? Pois é. Nesses tempos velozes de estrelato instantâneo e consumo inconseqüente, em que até bicho de estimação de peruas tem comunidade na internet, por que não ela? Histórias para preencher as páginas não faltam se for contar a quantidade voraz de escândalos da cantora, envolvendo bebedeira, overdoses de drogas, shows interrompidos, brigas e tentativas de reconciliação ruidosas com o marido Blake Fielder-Civil. Em grande parte é disso que trata o livro lançado no Brasil (Editora Globo, 208 páginas, R$ 19,90), com tradução de Helena Londres.
Acontece que, como na mídia, o imenso talento artístico de Amy como cantora e compositora – sem dúvida a figura feminina mais importante da música pop desta década – acaba perdendo no livro para a lavação de roupa suja, pela torrencial quantidade de confusões em que ela se mete. De imediato, com tão pouco tempo de (fulminante) carreira artística, não poderia ser muito diferente, já que, como qualquer fã sabe, vida e obra de Amy se confundem. Seja nos dois álbuns – Frank (2003) e Back to Black (2006) – ou em canções avulsas, tudo o que ela canta com contundência foi bem vivido.
Até aí, também, nenhuma novidade, e esse é um dos motivos pelos quais o livro a certa altura se torna cansativo, além de evidentemente redundante. Fica a impressão de que Chas o escreveu às pressas, tão oportunista quantos os tablóides que critica. O autor entrevistou o pai e a mãe da cantora, alguns jornalistas, pessoas do show biz e outras ligadas a ela, mas a biografia em grande parte reproduz notícias dos tablóides, compila frases de reportagens de jornais mais sérios, enumera suas premiações e conta como armou o estiloso cabelão enxu de abelhas. É uma espécie de clipagem encadernada, que não dispensa nem os casos extremos em que os ‘urubus da imprensa marrom’ descrevem minuciosamente até o material básico de sobrevivência que ela compra no supermercado. Haja paciência!
Para quem gosta de fofoca das mais venenosas, há farto material pontuando a agonia das overdoses de Amy e o sofrimento pela separação do marido. Desde o início do livro, aliás, sabe-se que Blake está preso. Porém, supondo que o leitor seja um marciano ou viva numa toca sem eletricidade e, portanto, não tenha lido nada a respeito na internet, é só na página 179, no último capítulo antes do epílogo, que ele vai saber o motivo da detenção de Blake. Este é só mais um caso de irritante falta de objetividade ao longo da biografia.
A propósito, ele está preso desde 2007 por agredir e ferir gravemente James King, proprietário de um pub. Dias antes do julgamento, Blake também foi acusado de obstruir a Justiça no caso da agressão. É claro que, mexendo num vespeiro desses, o livro perde a atualidade a cada edição de tablóides como The Sun, que informou anteontem que Blake se recusou a trocar a cadeia por uma casa de reabilitação. Ele pode ser condenado a dez anos de prisão e com isso – dada a paixão profunda de Amy por ele e o notório comportamento autodestrutivo da cantora, que remonta à separação dos pais na infância – sua carreira e até sua vida correm grande risco de ter um fim trágico, como temem os pais, amigos e fãs.
Voltando ao livro… A culpa pelos entraves na leitura não cabe só ao autor. Há erros gritantes de tradução e revisão e deslizes de checagem de informação. Na página 54, o texto diz que, em 2006, Amy e Simon Fuller (criador do American Idol) se separaram profissionalmente. Então, a cantora ‘adotou Raye Cobert como seu novo agente’ e ‘logo depois assinou seu primeiro contrato com a Universal/Island Records’. Como é possível, se seu primeiro álbum, Frank, saiu pela citada gravadora em outubro de 2003? Na página 96 há uma frase de péssima construção: ‘The Times declarou: ?Esse compacto, cheio de canções realmente antiquadas como grande souls, a exemplo dos Dinah Washington?…’
Fora deixar passar coisas como ‘nazal’ em vez de nasal, Tears Dry on Their On, quando o correto é Their Own, e ‘os Smith’ no lugar de ‘The Smiths’, entre vários outros equívocos, fica também evidente a falta de intimidade da tradutora com o jargão musical. Não há fundamento em traduzir ‘jazz standards’ ao pé da letra para ‘padrões do jazz’. Mais: ‘single de estréia’ é erroneamente situado como ‘estréia do single’, dois jazzmen, o baixista Charles Mingus (1922-1979) e o pianista Thelonious Monk (1917-1982), aparecem numa lista de ‘cantores’. O mais irritante é que a tradutora chama a lendária gravadora Motown de ‘o’ Motown incontáveis vezes.
Entre as melhores partes há uma que detalha com bons comentários faixa por faixa os dois álbuns da cantora. Outros trechos interessantes em que a música é o centro da questão, fala-se de suas influências do jazz, dos shows bem-sucedidos, da conquista da América e as críticas favoráveis a suas atuações no palco e em gravações. Um dos entrevistados que saem em sua defesa é a jornalista britânica Julie Burchill, que a compara a Edith Piaf (1915-1963), Judy Garland (1922-1969) e Billie Holiday (1915-1959), mulheres históricas, divindades da canção planetária, com ‘grande talento para cantar’ e ‘também uma grande capacidade para adotar um comportamento temerário’.
Bom motivo para se preocupar com sua possível vinda ao Rio para o réveillon (deve ser uma festa fechada para 4 mil pessoas no Forte de Copacabana), seguida de pequena turnê que deve passar por São Paulo.’
TELEVISÃO
Record negocia aval
‘O governo italiano quase pôs água no vinho da Record. Dirigentes locais ficaram receosos em liberar as gravações da próxima novela da rede brasileira, Vendetta (título provisório, que significa ‘vingança’), em Palermo, na Sicília, Itália.
‘Houve um pouco de dificuldade no início, já que Vendetta fala da Máfia italiana, mas depois que eles leram a sinopse, nos liberaram’, conta o diretor da novela, Ignácio Coqueiro.
Com estréia prevista para março de 2009, no lugar de Chamas da Vida, a trama de Lauro César Muniz terá seus três primeiros capítulos gravados na Itália.
‘Filmaremos em Palermo, em Castellammare e em vários outros pequenos lugares à beira-mar. Depois, a trama será filmada em São Paulo e no Rio’, fala Coqueiro.
Durante a pesquisa de locação, a equipe da Record teve apoio da prefeitura de Palermo, que ajudará também em novembro, durante as gravações, com infra-estrutura e policiamento. Além de contar com apoio local, a produção alugará equipamentos de filmagem em Roma para efeitos especiais e contratará a equipe de dublês italianos do filme Cassino Royale, de James Bond.’
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Folha de S. Paulo
Quinta-feira, 25 de setembro de 2008
CAMPANHA
Justiça proíbe Luizianne de usar fala de Lula
‘A prefeita de Fortaleza (CE) e candidata à reeleição, Luizianne Lins (PT), foi proibida de colocar em sua propaganda na TV uma fala do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em que ele a defendia de ataques de adversários. A gravação foi feita em fevereiro deste ano.
A decisão, de caráter liminar, acata uma das duas representações da coligação de Patrícia Saboya (PDT) à Justiça Eleitoral, alegando que se trata de ‘gravação externa’, o que é vetado pela legislação.
Na gravação, o presidente afirma que os adversários de Luizianne a atacam porque comandaram o poder por 500 anos e não fizeram o que precisava ser feito, mas bastou uma ‘baixinha’ chegar para fazer.
Na TV, a informação de que a gravação foi feita no começo do ano aparecia apenas em uma legenda pequena. No rádio, não há nenhuma informação.
Para a advogada da coligação de Luizianne, Isabel Mota, a fala de Lula não é descontextualizada, por ele ter falado em um ano eleitoral. Ela deve entrar hoje com um recurso para tentar derrubar a liminar.’
TODA MÍDIA
O truque
‘O site Talking Points Memo se perguntava no início da noite, sobre a repercussão de mídia: ‘O truque está funcionando?’. ‘Wall Street Journal’ e Fox News ainda insistiam na ‘suspensão’ da campanha por John McCain. Mas ‘New York Times’ e ‘Washington Post’ já traziam em manchete a resposta de Barack Obama, mantendo o debate.
Drudge seguia com o republicano, mas acima da manchete trazia a informação de que o apresentador David Letterman, suspensa a entrevista com McCain, havia gravado piadas como ‘O que vai fazer se, eleito, as coisas ficarem ruins? Suspender ser presidente?’. Depois entrou no YouTube, antes até da transmissão, com a revolta do comediante ao saber -e mostrar imagens ao vivo- de uma entrevista do republicano, no mesmo horário, na mesma CBS.
Já antes o site Politico ressaltava a opinião de um republicano, sobre a suspensão, ‘Oh, quem foi o idiota que apareceu com esse truque?’.
LULA & LARRY
Em reportagem com chamada na primeira página, o ‘New York Times’ noticiou a ‘raiva na ONU’ com Wall Street e George W. Bush. Destacou, como ‘discurso que refletiu o tom do encontro’, as palavras de Lula: ‘Nós não podemos permitir que o peso da ganância sem limites de alguns caia sobre os ombos de todos’. A reportagem era, entre outros, de Larry Rohter.
SOLUÇÃO GLOBAL
No ‘Financial Times’, a atenção foi para o francês Nicolas Sarkozy e a proposta de um organismo que, com China, Índia e Brasil, erga um novo ‘capitalismo regulado’. Lula entrou por sua defesa de regulação global.
O ‘WSJ’ juntou França e Brasil no enunciado sobre os líderes que cobram ‘solução global para a crise financeira’. Em tom opinativo, elogiou o Banco Central ‘falcão’ e questionou os projetos sociais ‘populistas’ de Lula.
‘THE LUCKIEST’
No ‘FT’, o correspondente Jonathan Wheatley diz que ‘a confiança do Brasil acumula problemas para o futuro’ se vier a elevar gastos.
Porém, abrindo e tomando a maior parte do texto, aponta ‘inveja’ no exterior diante da economia, da desigualdade menor etc. E arrisca que a crise confirma ‘o presidente mais sortudo da história’, pois o país era ameaçado por ‘super-aquecimento’ e agora vai ‘esfriar sem afetar demais o crescimento’.
MAIS DINHEIRO
Diretores de Bradesco, Itaú e Unibanco surgiram nas primeiras páginas e até no rádio, nos últimos dias, para reafirmar a solidez do sistema diante da crise. E ontem até a economista Maria da Conceição Tavares surgiu em entrevista à Reuters para dizer que ‘os bancos brasileiros não estão metidos nesta ciranda’.
Por outro lado, em manchete no UOL, mas pouco além, ontem, ‘Banco Central muda o compulsório e libera mais dinheiro’. Segundo a Bloomberg, ‘um sinal de que a crise é pior do que se esperava’, por aqui.
POR TUPI
O ‘Los Angeles Times’ abordou longamente as novas reservas. Deu números, fotos e ouviu David Zylbersztajn, que comandou a agência de petróleo sob FHC, hoje na área privada. Ele quer manter o acesso das companhias ocidentais
HUGO CHÁVEZ E…
A agência chinesa Xinhua deu que Lula se encontra com Hugo Chávez na semana que vem. Seria a reunião ‘regular’ que ambos acertaram, diz o Itamaraty. Segundo a agência, eles devem discutir Bolívia, petróleo etc.
O RAFAEL
De Nova York, em destaque da Agência Brasil ao ‘Jornal Nacional’, Lula afirmou ter ‘certeza’ de que o embargo do Equador à Odebrecht será resolvido. ‘Quando chegar a hora de falar com o Rafael (Corrêa), eu falarei.’
MARTA E O TRÂNSITO
No alto da home page do UOL, ontem, em enunciado sobre a sabatina na Folha, ‘Marta atribui caos no trânsito a Gilberto Kassab e José Serra’.
EM CAPÍTULOS
No Reino Unido, TVs como a ITV, tablóides como o ‘Daily Mirror’ e jornais de prestígio de ‘Telegraph’ a ‘Time’ e ‘Guardian’ seguem dia após dia, com relatos detalhados dos novos capítulos, o julgamento da morte do brasileiro Jean Charles de Menezes. Ontem, deram a visita do júri à estação de metrô, a sessão com o vídeo que precede sua morte e o depoimento de um primo.’
ATAQUE
Dono de jornal em SP tem seu carro queimado
‘O carro do dono do jornal ‘Diário de Santa Bárbara d’Oeste’, que circula no município localizado a 135 km de São Paulo, foi incendiado na noite da última segunda-feira em frente ao prédio do jornal.
Segundo o editor-chefe, Marcos Antonio de Oliveira, testemunhas viram dois homens se aproximar do Golf em duas motos. Eles despejaram um galão de gasolina e atearam fogo.
Quinze dias atrás, dois ladrões foram presos tentando assaltar o jornal.’
PROPAGANDA
Publicidade de remédio será discutida em 15 dias
‘A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) sinalizou ontem que as mudanças na propaganda de medicamentos, discutidas há pelo menos três anos, deverão sair em aproximadamente um mês.
A agência quer endurecer as regras para a publicidade de remédios. Pela proposta, nas propagandas em rádio ou TV, o próprio apresentador ou locutor terá de mencionar a possibilidade de riscos e efeitos colaterais do medicamento.
A nova regra deverá obrigar os anunciantes a usarem frases de advertência padronizadas, que terão de ser ditas pelo apresentador ou pelo locutor principal da peça publicitária. No caso de um medicamento que contenha cânfora em sua composição, por exemplo, a frase de advertência deverá ser ‘não use em crianças menores de dois anos de idade’.
Pela proposta, 45 princípios ativos deverão ter frase-padrão, entre eles ácido ascórbico (vitamina C), dipirona sódica e paracetamol.
Nas propagandas impressas, a frase de advertência não poderá ter tamanho inferior a 20% do maior tipo de letra usado no anúncio.
‘As propagandas só mostram os benefícios dos medicamentos. Mas eles não podem ser vistos como um produto qualquer’, disse o presidente da Anvisa, Dirceu Raposo de Mello.
Mello disse que se reunirá em 15 dias com o ministro José Gomes Temporão (Saúde) para definir o texto final da nova resolução para propaganda e publicidade de medicamentos.
Após o encontro, o texto será submetido à diretoria colegiada da Anvisa. A proposta não terá de passar pelo Congresso ou pelo presidente da República.
Com a aprovação da resolução pela diretoria da Anvisa, as empresas terão prazo de 180 dias para se adaptar às novas regras, a partir da publicação no ‘Diário Oficial’ da União.
Campanha
O Ministério da Saúde lançou ontem uma campanha para conscientizar a população quanto aos riscos da automedicação. O ministério distribuirá cartilhas, cartazes e vai veicular no rádio spots sobre o assunto – o principal locutor será o médico Drauzio Varella.
Segundo pesquisa da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), em 2006 foram registrados 32,8 mil casos de intoxicação por medicamentos no país. O número significa um aumento de 30% em relação a 2005.
Temporão anunciou o lançamento de uma publicação que irá ajudar médicos na prescrição de medicamentos, o Formulário Terapêutico Nacional 2008. Serão distribuídos 50 mil exemplares a equipes do programa Saúde da Família, farmácias populares e profissionais de saúde, entre outros.’
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Rigidez com publicidade é alvo de crítica
‘Tanto a indústria de medicamentos quanto as organizações da sociedade fazem críticas à proposta da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) de endurecer as regras para a publicidade.
‘Lamentavelmente, a Anvisa está legislando sobre publicidade sem que tenha profissionais especializados em seu corpo funcional’, afirmou Sálvio Di Girólamo, secretário-geral da Abimip (Associação Brasileira da Indústria de Medicamentos Isentos de Prescrição).
Di Girólamo citou pesquisas que apontam que o consumidor não consegue reter mais do que três mensagens ao ver ou ler uma peça publicitária.
Para o Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor), a nova resolução, se aprovada com as mudanças, não avançará muito. A advogada do instituto, Daniela Trettel, diz que a publicidade estimula a autimedicação. ‘No Brasil, as pessoas usam medicamento como se fosse uma bala’, completou.’
TELEVISÃO
‘BBB 9’ eliminará 2 participantes na estréia
‘A Globo fará uma série de mudanças na próxima edição do reality show ‘Big Brother Brasil’, a nona, a começar pelo programa de estréia. Não haverá mais a carreata-merchandising em que os participantes eram transportados de um hotel até o Projac, onde fica a casa-confinamento do programa.
‘BBB 9’ terá 14 ou 16 participantes. Serão escolhidos dois a mais (16 ou 18). Todos ficarão em um hotel durante alguns dias antes da estréia, porém só saberão se realmente entrarão no programa na hora em que o reality show começar, pouco depois das 22h de 13 de janeiro. Dois selecionados serão barrados na porta da casa.
A idéia de J.B. de Oliveira, o Boninho, diretor-geral de ‘BBB’, é eliminar no primeiro dia candidatos que apresentam um determinado perfil no processo de seleção e revelam outro durante a estadia no hotel. Ou seja, o comportamento dos candidatos no hotel é que determinará esse primeiro ‘paredão’, em que Boninho será o único ‘votante’.
A mudança também dá margem para o descarte de selecionados que tenham alguma relação com altos funcionários da Globo _em duas edições de ‘BBB’, a emissora teve que cortar participantes, por esse motivo, após tê-los anunciado.
A principal novidade de ‘BBB 9’, contudo, será o perfil dos competidores. A maioria terá mais de 25 anos e alguns, mais de 45.
INVESTIMENTO
Diretor musical do ‘Domingão do Faustão’, o ex-RPM Luiz Schiavon viajará a Londres para negociar com assessores de Madonna uma apresentação da cantora, durante sua estadia no Brasil, no dominical da Globo.
ERUDITO É POP 1
Ao contrário do que se temia na Globo, a apresentação do pianista Arthur Moreira Lima e da orquestra da CSN, sob a tutela de João Carlos Martins, no último ‘Domingão do Faustão’, foi um sucesso. Deu picos de 28 pontos, mesmo desempenho das ‘Videocassetadas’.
ERUDITO É POP 2
A partir de agora, Fausto Silva levará a seu programa, uma vez por mês, um músico erudito e uma orquestra sinfônica de projeto social.
TUDO IGUAL
O ‘SBT Repórter’ voltou a exibir neste mês programas inéditos. Mas para a audiência do SBT isso não fez diferença. Em setembro, o jornalístico está com 5,0 pontos no Ibope da Grande SP, um décimo a menos do que em agosto, com reprises.
DÚVIDA
Nos bastidores da Band, ninguém acredita que o programa de Daniella Cicarelli voltará ao ar em outubro. A emissora nega o adiamento do retorno.
REESCRITA
A Record desistiu de produzir um especial sobre ‘A Hora e Vez de Augusto Matraga’, de Guimarães Rosa. Adaptará outro conto do autor: ‘O Duelo’.
GIRO
Wagner Moura estará segunda no ‘Roda Viva’ (Cultura).’
FILMES
ponto final?
‘Representante brasileiro na corrida pelo Oscar de melhor filme estrangeiro 2009, o longa ‘Última Parada 174’, de Bruno Barreto, abre hoje o Festival do Rio, em sessão de gala, para convidados, no Cine Odeon.
A amigos, o cineasta já exibiu o filme, em sessões privadas. Do fotógrafo e diretor Walter Carvalho, Barreto diz ter ouvido o comentário: ‘Esse filme deveria ter sido o primeiro de todos. Talvez vá ser mais difícil para ele vir agora e talvez ele seja o último ou, pelo menos, o que encerra um ciclo’.
O ciclo a que Carvalho se refere é o dos filmes brasileiros ambientados na guerra do tráfico no Rio de Janeiro, que teve impulso com o sucesso mundial de ‘Cidade de Deus’ (2002), de Fernando Meirelles.
‘Última Parada 174’ pretende ser ‘o oposto’ do filme de Meirelles, segundo Barreto, ao se concentrar no universo emocional de seu protagonista, para ser ‘um épico intimista’.
‘É um filme sobre as conseqüências da violência, não um filme sobre a violência’, diz.
A trama de ‘Última Parada 174’ é uma versão ficcional da vida do garoto de rua Sandro Nascimento, narrada no documentário ‘Ônibus 174’, de José Padilha, que rompeu com Barreto, segundo esse último.’
Marco Aurélio Canônico
Filme registra viagem fracassada de Michael Moore
‘‘Esta é a história da tentativa fracassada de um cineasta de mudar as coisas.’ É assim que o diretor Michael Moore apresenta seu novo filme, ‘Slacker Uprising’, que ele lançou de graça na web, anteontem, apenas para os internautas dos Estados Unidos e do Canadá.
O documentário registra a turnê que Moore fez por 62 cidades norte-americanas nas cinco semanas que antecederam a eleição presidencial dos EUA em 2004, buscando votos para o candidato do Partido Democrata, John Kerry, contra George W. Bush, que tentava (e conseguiria) se reeleger.
‘Slacker Uprising’ (algo como ‘levante dos preguiçosos’) refere-se à busca pelo voto dos jovens desinteressados em política, que se abstinham das eleições (nos EUA, o voto não é obrigatório). ‘Iremos aos campi das universidades para fazer com que as pessoas votem’, diz Moore, no filme.
O diretor chegou a lançar outra versão do filme, intitulada ‘Captain Mike Across America’, no Festival de Cinema de Toronto de 2007, mas fez uma reedição para dar ‘mais peso e substância’, segundo disse ao jornal ‘The New York Times’, e colocou a nova versão na rede, para ser assistida ou baixada no site slackeruprising.com.
Apesar do acesso ao site ser bloqueado para quem não está nos EUA ou no Canadá, os internautas de outros países já encontram o filme (em inglês) em sites de download como o www.mininova.org.
Celebridades
A turnê -e, por extensão, o filme- é totalmente centrada em Moore, que estava no auge de sua fama em 2004, ano em que seu polêmico ‘Fahrenheit 11 de Setembro’ venceu a Palma de Ouro, em Cannes.
Com sua conhecida retórica teatral e humorística, Moore saiu lotando auditórios de universidades e oferecendo macarrão instantâneo e cuecas novas para cada ‘preguiçoso’ que se registrasse para votar e fizesse um juramento de ir às urnas -a tática lhe valeu um processo por parte do Partido Republicano, que a considerou ilegal.
Moore também mobilizou artistas como Eddie Vedder, do Pearl Jam, que canta ‘Don’t Be Shy’, de Cat Stevens, em um dos encontros. Aparecem ainda figuras como a velha heroína folk Joan Baez, o trio R.E.M. e o ator Viggo Mortensen.
O diretor dedica parte do filme a mostrar os ataques que sua turnê sofreu de protestantes pró-Bush. Ele entrevista seus antagonistas e mostra os ataques que sofreu, na TV, de George Bush sênior.
No fim, Moore busca se dissociar da derrota democrata, anunciando que, em 54 das 62 cidades em que sua turnê passou, John Kerry venceu.
Ao som de ‘It’s the End of the World as We Know It (and I Feel Fine)’, do R.E.M., o filme anuncia: ‘Um número recorde de 21 milhões de jovens eleitores votaram no dia 2 de novembro. Foi a única faixa etária em que Kerry ganhou. Infelizmente, seus pais votaram em Bush’.’
LITERATURA
Folha de S. Paulo
João Ubaldo recebe prêmio Camões 2008
‘Passado e presente da literatura brasileira foram celebrados anteontem à noite na Biblioteca Nacional, no Rio. Em cerimônia conjunta, o escritor João Ubaldo Ribeiro recebeu o prêmio Camões 2008, e foi inaugurada exposição em homenagem ao centenário de Machado de Assis.
‘A minha proximidade afetiva com Machado é bem maior do que aquela como escritor’, disse Ubaldo, pouco antes de receber o principal prêmio dado a autores de língua portuguesa -que lhe valeu 100 mil (R$ 267 mil).
Ubaldo disse que ‘é bom saber que, enquanto escritor da língua portuguesa, pude cumprir, pelo menos no ver de meus contemporâneos, a minha obrigação com seriedade, denodo e amor, porque é desta língua que vivo e nada mais me enaltece do que imaginar que esta língua me agradece’.
A mostra ‘Machado de Assis: Cem Anos de uma Cartografia Inacabada’ reúne 200 peças -entre fotos, manuscritos, periódicos, livros e cartas- que fazem parte do acervo da Biblioteca Nacional.
A exposição se divide em dois módulos. ‘Temas para um Dicionário Machadiano’ distribui-se em pequenos verbetes ilustrados sobre as facetas do escritor: crítico, cronista, dramaturgo, romancista e, funcionário público.
‘Machado de Assis e o Rosto da Cidade’ relaciona vida e obra do autor com o Rio antigo. Todos os textos são de Machado. ‘Eu quero que as pessoas vejam o que os olhos de Machado alcançaram’, diz Marco Lucchesi, curador da mostra, aberta até 8 de novembro.’
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