Professores, estudantes, jornalistas e pesquisadores participaram da primeira audiência pública que começou a discutir a revisão das diretrizes curriculares dos cursos de Jornalismo, na manhã de sexta-feira (20), na sede da Representação do MEC no Rio de Janeiro.
A comissão de especialistas, encarregada da revisão curricular, espera concluir seu trabalho em junho e encaminhar à Secretaria de Educação Superior (Sesu) do MEC a proposta no segundo semestre para que entre em vigor já no próximo ano. A informação foi dada no final da audiência pelo professor José Marques de Melo, presidente da comissão. ‘O governo vai mudar no ano que vem. E quando muda governo muda tudo’, brincou, para explicar a razão da pressa.
Os debates na audiência revelaram uma preocupação relacionada com a qualidade do ensino, teórico e prático, a criação de regras definitivas para estágio dos estudantes e condições para que atuem nas diversas mídias, a adoção de políticas que dêem prioridade à formação humanística, a necessidade de aprimorar políticas voltadas para reconhecimento, fiscalização e avaliação periódica dos cursos de Jornalismo em todo o país, além de incentivo à criação de mecanismos legais para facilitar o acesso das universidades a emissoras de rádio e canais de televisão.
Os estudantes criticaram o aumento de vagas e a queda da qualidade de ensino nas universidades particulares em todo o país. O diretor de Coordenação e Supervisão da Secretaria de Educação Superior do MEC, Paulo Wollinger, defendeu o surgimento de vagas para atender a um déficit de 4 milhões de cursos superiores no Brasil. ‘O importante é expandir e brigar pela qualidade. Mas esta briga nem sempre é fácil’, disse, em referência à reação negativa de moradores ao fechamento de cursos em sete cidades por iniciativa do MEC.
O presidente do Fórum Nacional dos Professores de Jornalismo, Edson Luiz Spenthof, concorda com Paulo Wollinger sobre a importância de a comissão conseguir implantar uma orientação de âmbito nacional em defesa da especificidade do Jornalismo em relação a outras carreiras da Comunicação Social, como Publicidade, Turismo, Cinema, Relações Públicas. ‘As diretrizes nacionais servirão para orientar as normas de reconhecimento, fiscalização e avaliação dos cursos. A identidade regional pode ser preservada mas o núcleo comum estará previsto nessas diretrizes’, observou.
Compareceram à audiência representantes da Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação, da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação, da Executiva Nacional dos Estudantes de Comunicação Social, da Associação Brasileira dos Pesquisadores em Jornalismo.
Também participam da comissão Alfredo Eurico Vizeu Pereira Junior (Universidade Federal de Pernambuco), Eduardo Barreto Vianna Meditsch (Universidade Federal de Santa Catarina), Lucia Maria Araújo (Canal Futura), Luiz Gonzaga Motta (Universidade de Brasília), Manuel Carlos da Conceição Chaparro (Universidade de São Paulo), Sergio Augusto Soares Mattos (Universidade Federal do Recôncavo Baiano), Sonia Virgínia Moreira (UERJ).
Até 30 de março, alunos, professores, pesquisadores, profissionais e representantes da sociedade civil podem enviar suas contribuições sobre dois principais temas: o perfil desejável do profissional do jornalismo e as principais competências a serem adquiridas durante a graduação. O endereço para o envio: consulta.jornalismo@mec.gov.br