O jornalismo é uma atividade central nas sociedades democráticas. Como bem observou o pioneiro dos estudos de jornalismo no Brasil, Luiz Beltrão, pernambucano de Olinda, no começo da década de 60: ‘Entre todas as atividades humanas, nenhuma responde tanto a necessidade do espírito e da vida social quanto o Jornalismo. É próprio da nossa natureza informar-se e informar, reunir a maior soma de conhecimentos possível […] Através desse conhecimento dos fatos o homem como que alimenta o seu espírito e fortalecendo-se no exame das causas e conseqüências dos acontecimentos, sente-se apto á ação.’ Mais do que isso, a divulgação e exposição de informações contribui para impulsionar os agrupamentos às decisões e realizações da vida social.
A formação superior num curso específico de Jornalismo, bem como a exigência do diploma para o exercício da atividade do jornalista, não é só uma questão corporativa, mas básica para a qualidade da informação num mundo cada vez mais complexo. Por isso, a preocupação de Beltrão com os futuros profissionais da imprensa há praticamente 50 anos. ‘Improvisam-se jornalistas e técnicos de jornal à base apenas de treinamento nas redações. Qualquer semiletrado se arvora em profissional, na maioria das vezes atraído pelo `prestígio´ de que gozará e pelos teóricos privilégios que o Estado lhe confere.’
Luiz Beltrão enfatiza mais a defesa da qualificação do jornalista: ‘Enquanto em todo mundo procura-se educar o jornalista para o exercício da profissão, entre nós relega-se a plano secundário a formação científica e técnica.’ Sábias e proféticas palavras de Beltrão. Apropriando-nos das observações de Luiz Beltrão e compartilhando com as mesmas, entendemos que as dificuldades em compreender esse campo decorrem, antes de tudo, de um generalizado desconhecimento do que seja jornalismo, da sua missão, da sua influência na cultura, no progresso e na civilização dos povos, do indeclinável dever que todos temos de assegurar a essa atividade humana essencial a mais essencial de todas as suas condições de desenvolvimento: a liberdade.
Garantias constitucionais e liberdades democráticas
Pernambuco, terra de grandes jornalistas que defenderam a ética, a liberdade e a verdade com todas as suas forças, como Frei Caneca, Barbosa Lima Sobrinho e Luiz Beltrão e outros, tem o compromisso histórico, cultural e social de defesa do jornalismo. Nesse sentido, faço um faço um apelo à bancada pernambucana no Congresso para que assine a proposta para a constituição de uma Frente Parlamentar em Defesa da Profissão de Jornalista.
Mais de 150 parlamentares já apóiam o documento. São necessárias 191 assinaturas para oficializar, no Congresso Nacional, a frente suprapartidária que deverá dinamizar a tramitação de projetos que restabeleçam a regulamentação profissional de jornalista. A lista divulgada pela Federação Nacional de Jornalistas traz os nomes de alguns parlamentares pernambucanos que ainda não assinaram o documento.
Tenho certeza que contamos com o apoio de toda a bancada pernambucana no Congresso na luta pela defesa da qualidade da informação e a ética no jornalismo, fundamentais numa sociedade democrática. Ainda faltam alguns nomes, mas estou convicto de que todos deputados e senadores pernambucanos vão participar da Frente Parlamentar em defesa do Jornalismo.
Dentro desse contexto, concluo, com Beltrão, convocando os parlamentares do estado a defenderem a formação superior específica em Jornalismo e a defesa da exigência do diploma de jornalista para o exercício profissional da atividade para que tenhamos um jornalismo que defenda, acima de tudo, a luta pela manutenção das garantias constitucionais e das liberdades democráticas.
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Jornalista e coordenador do Núcleo de Jornalismo e Contemporaneidade da UFPE