Sem receio de recorrer a simples analogias, pode-se afirmar que a pedagogia e o jornalismo são irmãos, filhos da comunicação. E, levando um pouco mais longe a brincadeira, pode-se afirmar ainda que um é exatamente a cara do outro. Ambos são formas de transmissão de informação e utilizam a comunicação, com suas diversas formas de linguagem, como meios de transmissão – são expressões da comunicação caracterizadas por sutis diferenças. O que seria um aluno senão um leitor, um ouvinte e um espectador simultaneamente?
Como pode ser observado no paradigma do processo de comunicação, pelo qual um emissor (jornalista/professor) envia mensagem (informação/conhecimento) a um receptor (leitor/ouvinte/espectador/aluno), a fórmula é idêntica no jornalismo e na pedagogia. O mesmo ocorre com o modo como o leitor ou o aluno assimilará essas informações e o retorno que dará ao emissor (feedback). Mesmo as relações entre professores e alunos, visivelmente mais próximas – e, portanto, com feedback mais eficiente –, são comparáveis às relações entre veículos de comunicação e leitores/ouvintes/espectadores, nos quais o retorno se dá por cartas, e-mails ou telefonemas.
Assim como cada veículo de imprensa tem público-alvo definido e destina a ele a linguagem que lhe é peculiar e ideal para a total absorção das informações, uma escola primária utiliza linguagem infantil, adequada aos alunos, de forma a otimizar o aprendizado. Qualquer forma de ‘ruído’ nessa transmissão, assim como no jornalismo, viabiliza uma possível perda de informações.
Não há dúvida, o jornalismo tem muito a aprender com a pedagogia, especialmente quanto à linguagem (seja escrita, oral ou semiótica). Também não há dúvida de que a pedagogia tem muito o que aprender com o jornalismo, a comunicação e seus efeitos.
Vontade política
Tornou-se comum o fato de colégios particulares utilizarem a assinatura de revistas semanais [ver remissão abaixo] como forma de caracterizar efetivamente o ensino de conceitos atuais. Independentemente da qualidade das revistas, nada há que negue a eficácia da decisão: é uma atitude proativa das escolas, cujos olhos estão sempre voltados para o vestibular.
A questão é: como proporcionar resultado semelhante nas escolas, públicas ou particulares, que não disponibilizem o acesso dos alunos às revistas? Uma resposta simples e funcional é a contratação dos serviços de um jornalista para o processo de triagem e clipagem das notícias mais relevantes de cada semana. O resultado é oferecido a alunos e professores no formato de jornal de recortes – com os devidos créditos resguardados. A opção pelo profissional de comunicação é fundamental, pela sensibilidade do jornalista em distinguir a relevância das notícias mesmo quando elas não ganham o devido destaque.
Para essa decisão, é preciso recursos para o pagamento dos serviços do profissional. Como ficariam as escolas públicas? O fundamental – sempre – é a vontade política dos governantes. Cabe ao poder público tornar viáveis a contratação do profissional e as prerrogativas legais para o serviço, que pode ser comum a todas as escolas, ajustando-se, evidentemente, às necessidades locais.
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Jornalista