Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Comunidade hispânica critica documentário da PBS

Líderes latinos e veteranos militares criticaram a série The War (A guerra, tradução livre), produzida pelo documentarista Ken Burns com exibição prevista para setembro pela PBS, porque o programa não incluiu entrevistas com latinos que lutaram na Segunda Guerra Mundial. Eles alegam que os latinos merecem mais reconhecimento por terem lutado no conflito e pediram à emissora que faça mudanças no documentário.


A PBS e Burns querem satisfazer uma importante parte de sua audiência, mas não gostariam que isto parecesse que o documentarista foi forçado a realizar tais mudanças devido a protestos. Depois de encontros com líderes, inclusive com o comitê para assuntos hispânicos do Congresso, Paula Kerger, executiva-chefe da PBS, prometeu que as mudanças seriam feitas ainda esta semana.


A emissora espera que o programa se torne um registro importante da guerra e tenha a mesma popularidade que The Civil War (A Guerra Civil, tradução livre), também produzido por Burns. Em carta divulgada nesta quarta-feira (11/4), Paula informou que ‘a PBS, Ken Burns e sua co-diretora e co-produtora Lynn Novick decidiram produzir conteúdo adicional para focar nos depoimentos dos veteranos latinos na Segunda Guerra Mundial em todos os produtos da série’.


Campanha nacional


Embora o programa ainda não tenha sido exibido na PBS, Maggie Rivas-Rodriguez descobriu que não havia entrevistas com latinos na série em novembro do ano passado, quando Burns exibiu trechos do documentário em um museu. Maggie tem um projeto sobre veteranos latinos da Segunda Guerra Mundial na Universidade do Texas para garantir a representação deles em livros, filmes e conferências. Em fevereiro, ela organizou a Campanha para a Defesa da Honra (Defend the Honor Campaign, em inglês), com o objetivo de pressionar a PBS e Burns a incluir latinos no documentário.


Segundo Maggie, muitos americanos não sabem das experiências vivenciadas pelos latinos ao longo da história. ‘É um ponto delicado não dizer a eles que suas experiências são únicas no país. Eles não são valorizados – não eram na época e não são hoje’, lamenta. ‘É uma grande vitória para a comunidade latina e para nossos veteranos e suas famílias que se sacrificaram muito para defender este país. Quando iniciamos a campanha, achamos que a PBS não concordaria em realizar tais mudanças. É um tributo a Paula Kerger, que nos escutou seriamente’.


Tarefa complicada


A série de Burns enfoca a participação de diferentes comunidades do país na guerra, colocando depoimentos de personagens que lutaram no conflito para contar como isto mudou a vida deles e o mundo. Burns declarou que aprecia as preocupações latinas. ‘Não pensamos em excluí-los, ou excluir qualquer outro grupo. Na verdade, muitas histórias não foram mostradas, pois tentamos focar na experiência humana a partir de alguns indivíduos de apenas quatro cidades americanas’, esclareceu. O documentarista já está viajando pelos EUA para promover o documentário; a PBS planeja lançar também produtos sobre o tema, incluindo um livro. As afiliadas da rede estão produzindo pequenos documentários locais sobre experiências de guerra para complementar a série.


Para incluir depoimentos de latinos sem comprometer o roteiro, Burns terá de achar veteranos de guerra latinos em uma das quatro cidades representadas – Waterbury, Mobile, Sacramento e Luverne – , além de procurar registros em vídeo do conflito para compor os depoimentos. O documentarista levou seis anos para realizar o filme. Ele chegou a afirmar que não faria mais mudanças, porque o documentário já estava pronto. Com informações de David Bauder [AP, 8/4/07] e da Campanha da Defesa da Honra [11/4/07].