O Sindicato dos Jornalistas Russos desafiou uma ordem de despejo do governo na semana passada, afirmando que tentaria ficar em seus escritórios – em um edifício controlado pelo Estado – mesmo sofrendo pressão estatal. A ordem de despejo exigia que os escritórios fossem esvaziados até o dia 18/5 – 10 dias antes do 26º Congresso Mundial de Jornalistas em Moscou.
Segundo Igor A. Yakovenko, secretário-geral do sindicato, as autoridades informaram que o espaço seria ocupado pelo Russia Today, canal estatal criado em 2005 para promover as visões do Kremlin. ‘O governo está desfavorecendo um grupo de imprensa independente para favorecer outro dedicado a propaganda’, resume Joel Simon, diretor-executivo da organização Comitê para a Proteção dos Jornalistas, com sede em Nova York.
Controle da mídia
Os esforços do presidente Vladimir Putin para controlar a mídia russa vêm preocupando os jornalistas independentes do país. Há duas semanas, correspondentes da agência de notícias Russian News Service, que fornece boletins de hora em hora para estações de rádio, anunciaram seus pedidos de demissão em protesto contra a nova política da rede, que estipula que metade da cobertura jornalística deve ser pró-Kremlin.
Após o colapso da União Soviética, eram comuns reportagens, na imprensa em geral, sobre temas como corrupção, pobreza, saúde pública e guerra na Chechênia, mas elas foram reduzidas drasticamente sob o governo de Putin. Críticos do Kremlin afirmam que as opiniões da oposição correm o risco de sumir do discurso público.
As três redes nacionais de TV estão sob influência do governo. Os veículos jornalísticos independentes se reduziram a poucos sítios, uma quantidade pequena de jornais e uma única rádio, a Ekho Moskvy. Conteúdo produzido em outros países é barrado na maior parte das freqüências de rádio do país e o Parlamento considera fazer algumas restrições à internet. Informações de C. J. Chivers [The New York Times, 19/5/07].