O Ministério da Educação divulgou esta semana que irá cortar seis mil vagas para o curso de Direito em todo país. A medida foi baseada no mau desempenho dos alunos no exame da OAB. A preocupação com a qualidade da formação acadêmica no país não é demonstrada em todas as carreiras. Para o Jornalismo, a única ação do Ministério é liberar mais e mais autorizações para cursos.
Há seis anos atrás, só havia uma universidade que oferecia a especialização em Campinas. Hoje, são mais de seis instituições ministrando o curso na região. Duas conseqüências graves surgem dessa oferta demasiada de mão-de-obra em comunicação: sucateamento dos profissionais e baixos salários para os que conseguem entrar no mercado.
Os alunos têm pouco contato com a realidade da carreira: aprendem sobre imparcialidade, quando sabemos que quem manda é o anunciante. Ou não aprendem nada, como o estudante que presencie questionar colegas sobre quem era o prefeito da cidade e qual era o seu partido. As universidades não se importam em formar portadores de diplomas, ao invés de jornalistas, e o MEC nada faz a respeito.
O exemplo da OAB
E, do lado de fora, essa massa de profissionais faz com que o mercado se prostitua. Salários baixos, péssimas condições de trabalho e muita falta de respeito entre colegas de trabalham se digladiando por espaço.
Essa situação poderia ter sido amenizada com o Conselho de Jornalismo, órgão pelo qual a classe lutou vorazmente contra, acreditando que serviria apenas de censura. Ninguém se ateve ao exemplo da OAB, que defende o mercado dos advogados, tornando-os uma classe mais forte e unida, que conquista cada vez mais prestígio e vantagens. E, como percebemos na ação do Ministério da Educação, eles fizeram mais um ponto a favor da ‘justiça’ e de seu mercado.
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Jornalista, Campinas, SP