Partidários do presidente venezuelano Hugo Chávez comemoraram o fim da Rádio Caracas Televisión (RCTV), na madrugada de domingo (27/5) para segunda-feira, em uma festa pública em frente aos escritórios da emissora. Eles brindavam ao nascimento de uma nova ‘televisão socialista’ e ao fim do veículo anti-Chávez, chamado pelo presidente de ‘ameaça para o país’.
O novo canal público, TVES, deu início às transmissões com artistas cantando músicas pró-Chávez e um talk show. Em meio à programação, propagandas governamentais anunciavam que ‘agora a Venezuela pertence a todos’. A União Européia afirmou, em declaração, que se preocupa com o fato de o governo venezuelano não ter feito nenhum tipo de ‘concorrência aberta’ para a escolha de uma estação para suceder a RCTV. ‘A União Européia acredita ser importante relembrar as promessas feitas pelas autoridades venezuelanas sobre uma concorrência aberta para esta mesma licença’, afirmou a presidência do bloco.
Comparações
A medida do presidente também foi criticada por organizações internacionais em defesa da liberdade de imprensa. ‘O fechamento da RCTV, fundada em 1953, é uma séria violação da liberdade de expressão e um verdadeiro golpe para a democracia e o pluralismo’, afirmou a Repórteres Sem Fronteiras, organização com sede em Paris.
Um dos principais jornais da Venezuela, o El Nacional anunciou o ‘fim do pluralismo’ no país e condenou o crescente ‘monopólio de informação’ do governo. O arcebispo venezuelano Baltazar Porras Cardoso, citado no diário brasileiro O Estado de S. Paulo, comparou Chávez a Hitler, Mussolini e ao cubano Fidel Castro – este, amigo próximo do presidente. ‘Diariamente, o sectarismo deste governo limita o espaço de ação daqueles que não concordam completamente com ele’, declarou o religioso.
Confronto
Na segunda-feira (28/5), policiais atiraram gás lacrimogêneo e balas de borracha na direção de manifestantes contrários ao fechamento da emissora. Estudantes universitários bloquearam uma faixa de uma grande avenida da capital horas depois do fim das transmissões da RCTV. Segundo Ana Tereza Yepes, da Universidade Metropolitana de Caracas, pelo menos dois alunos foram feridos com balas de borracha e um foi atingido por um tubo de gás lacrimogêneo. Ela afirmou ainda que cerca de 20 estudantes receberam tratamento por terem inalado o gás.
Enquanto alguns alunos disseram que o protesto organizado por eles era pacífico, policiais da Guarda Nacional declararam ter sido atacados por universitários com pedras e paus. Informações de Fabiola Sanchez [AP, 28/5/07] e Rafael Noboa [AFP, 28/5/07].