Friday, 08 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1313

Descaminhos do estudo científico na Comunicação

Em Jornalismo Opinativo, José Marques de Melo, partindo da ideia de que os discursos jornalísticos nas suas diversas vertentes engendram lugares simbólicos por onde transita o inconsciente, equaciona com originalidade – considerando as tendências do conhecimento científico no jornalismo – alguns aspectos fundamentais desse processo comunicativo.

Para tanto, o autor teve a necessidade de confrontar os pressupostos desenvolvidos pelos americanos e europeus, constatando de modo geral que nos primeiros predomina uma disposição analítica comprometida com a intencionalidade do emissor, enquanto nos segundos ganha mais destaque o estudo das estruturas do conteúdo. Mas, de qualquer maneira, não há dúvidas de que ambas as escolas lidam com os fenômenos da comunicação jornalística deixando fora do circuito a problemática do sujeito e caindo, com frequência, em premissas de natureza sociológica comprometida, ora com o pragmatismo de uma sociedade consumista, ora com o cientificismo que se legitima em conceitos fechados de verdade.

Em razão disso, e pressentindo a necessidade de centrar sua análise na linguagem, o estudo brasileiro feito por Marques de Melo e Cremilda Medina, entre outros, se estrutura sobre o princípio dialético de que, para a formulação adequada de um estudo científico no universo comunicacional, as relações entre a linguagem, a comunicação jornalística e o poder, se faz necessário efetuar um deslocamento radical das teorias atreladas ao socialismo contextual e à primazia do significado.

O jogo das relações com o simbólico

Com esse objetivo, acredito que seja possível perceber, amparando-me em conceitos lacanianos, que o estudo em jornalismo somente chegará à dimensão do humano no momento em que os estudos se percebam como habitantes da linguagem. Nesse sentido, o pensar científico no seio do jornalismo deixa em evidência que, nos processos de comunicação, tanto o emissor quanto o receptor estão implicados no fundamento da dependência dos significantes da linguagem.

Nessa perspectiva, o discurso jornalístico, enquanto fenômeno da linguagem, surge, em princípio, como cadeia significante, como lugar simbólico onde a mentalidade expressiva se organiza de modo a formar unidades indiciais. Assim concebido, o discurso científico na esfera do jornalismo institui, por intermédio dos estudos linguísticos feitos por Lacan, quatro lugares indispensáveis: o lugar do agente, o lugar do outro, o lugar da produção e o lugar da verdade. Nesse caso, o percurso pressuposto pela cadeia do significante se expressa como um caminho que determina esses lugares e estes, por sua vez, consubstanciam o conteúdo jornalístico, fazendo com que a ideologia do jornalismo se defina no complexo jogo das relações com o simbólico.

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Estudante de Jornalismo, Recife, PE