Saturday, 23 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Diploma de jornalismo e observatórios de mídia

O Supremo Tribunal Federal decidiu que já não é mais obrigatório o diploma de ensino superior em Jornalismo para se exercer a profissão. Polêmico, este entendimento implica na desregulamentação do mercado de trabalho e em impactos futuros sobre a qualidade da informação veiculada junto à sociedade. Controversa, a sentença do STF não apenas afeta a categoria jornalística, mas todos aqueles que consomem informação, que se orientam pelos veículos de comunicação.


O MONITOR DE MÍDIA, a exemplo de outros setores, se preocupa muito com as consequências da decisão do Supremo. Como um projeto de pesquisa e extensão universitárias, lançamos um olhar crítico e atento para o cotidiano jornalístico, tentando destacar boas práticas e possíveis deslizes. Como uma iniciativa que complementa a formação de futuros jornalistas, o MONITOR faz da crítica de mídia um espaço de reflexão sobre os procedimentos e as condutas dos profissionais. Por isso, sem a exigência de formação específica e de nível superior na área, a qualidade dos produtos jornalísticos – a médio e longo prazos – pode ser afetada, sim, pode piorar.


Diplomas não são garantias totais de profissionais bem formados, plenamente capacitados. Nem no jornalismo nem em qualquer outra área. Sua obrigatoriedade era uma trava que ajudava a regular a circulação de repórteres, editores e redatores no mercado. Como no caso do exame da Ordem dos Advogados do Brasil, condição essencial para se advogar no Brasil, a exigência do diploma de jornalistas era uma regra de ingresso, uma condição mínima de termos gente atuando no mercado com alguma formação e capacitação da área. Essas salvaguardas evaporaram. O jornalismo continua, claro. Mas sem controles mínimos de qualidade.


Nos cenários que se apresentam, o jornalista continua a ser imprescindível para o bom tratamento dos dados do cotidiano. Jornalistas bem formados, comprometidos com sua função social, conscientes de seu papel profissional são úteis para a sociedade e para o seu desenvolvimento. Os observatórios de mídia, como o MONITOR, também têm suas contribuições para o aperfeiçoamento do jornalismo contemporâneo. Muito possivelmente agora, com novas regras – ou com a ausência delas -, os observatórios assumam funções mais relevantes ainda. A busca pela qualidade continua… 


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Esta é a edição de número 150 do MONITOR DE MÍDIA. Nossa equipe preparou um material especial para marcar essa etapa e os oito anos de acompanhamento ininterrupto do jornalismo catarinense. Com ou sem diploma, o MONITOR reforça o seu compromisso de observar os meios de comunicação, de contribuir para a evolução do jornalismo e para a difusão de uma cultura de consumo crítico das informações. Continuaremos oferecendo nossa contribuição para ampliar o diálogo entre as redações e a sociedade. Até a próxima edição!


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A pedra vira vidraça


MONITOR DE MÍDIA é avaliado


No próximo mês, o MONITOR DE MÍDIA completa oito anos de observação e análise da mídia estadual e nacional. Em 150 edições, nosso trabalho quase sempre foi diagnosticar o que a mídia leva ao público para que o consumo destes produtos seja mais palatável. Foram diagnósticos de mídia, reportagens, artigos, cartilhas e entrevistas. Para essa edição, que é um marco na história do grupo, o MONITOR DE MÍDIA optou por ser avaliado ao invés de avaliar. Já o fizemos na edição nº 97, em setembro de 2006. Por entender que também é um veículo de comunicação e, portanto, está sujeito a deslizes e avaliações, trazemos a seguir o diagnóstico que profissionais da área da comunicação fizeram sobre a nossa revista mensal multimídia. Agradecemos as avaliações feitas por profissionais do Jornalismo em Santa Catarina e em todo o Brasil.


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‘Venho acompanhando o Monitor da Midia, desde o seu aparecimento, e naturalmente tenho aprendido muito sobre a mídia regional catarinense, além de apreciar o rigor metodológico com que a equipe vem desenvolvendo o seu trabalho. Trata-se de uma experiencia ousada, criativa e inovadora, que deveria ser modelo para iniciativas congêneres em outras regiões nacionais.’ (José Marques de Melo, presidente da Federação Brasileira das Associações Científicas e Acadêmicas de Comunicação – Socicom)


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‘Se alguém desejar conhecer o significado de um curso superior como condição para o exercício da profissão de jornalista basta conhecer as atividades do Monitor da Mídia do Curso de Jornalismo da Univali.


Trata-se de uma ferramenta acadêmica e profissional que cumpre vários objetivos: aprimoramento dos estudantes, campo de exercício da consciência crítica pelos professores e uma forma de avaliar a complexidade dos trabalhos realizados pelos jornalistas.


Desprovido de ranços e preconceitos, o Monitor da Mídia vem atingindo um elogiável padrão científico, comparado às experiências semelhantes no eixo Rio-São Paulo-Brasilia.


Pelas análises do Monitor da Mídia os profissionais são alertados sobre as grandes coberturas e as atuações que dão credibilidade ao jornalismo. Mas são, sobretudo, alertados sobre as falhas nas reportagens, os equívocos técnicos e éticos, as dúvidas e as pendências.


O balanço revela o importante papel que ocupa na comunicação estadual. Tem contribuído para a melhoria da imprensa catarinense. Que prossiga com mais maturidade, mais fundamentação científica e mais sucesso.’ (Moacir Pereira, comentarista do Grupo RBS e fundador do curso de Jornalismo da Universidade Federal de Santa Catarina)


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‘Os princípios éticos e o espírito crítico que meus pais sempre incentivaram em casa, solidifiquei na faculdade de Jornalismo, no encontro com alguns professores que não temo chamar de mestres. Foram provocações em sala de aula que me ajudaram a descontruir conceitos e enxergar com o menor número possível de barreiras o mundo ao redor. Fora da sala, às vezes além dos muros de tijolinhos à vista da Univali, o convívio com esses mestres me mostrou a importância de ouvir e estar disposta a aprender. Nesse sentido, tenho certeza do importante papel do Monitor de Mídia na minha formação.


Lá em agosto de 2001, estufei o peito ao contar para os meus pais e amigos mais próximos que o professor Rogério Christofoletti me convidara para integrar a equipe que fundaria o projeto. É com sorriso no rosto que descubro que, oito anos depois, o Monitor chega à edição 150, e de forma multimídia. Agora, estou do outro lado do balcão, na redação do Jornal de Santa Catarina. Confesso que às vezes dói ler certos diagnósticos, mas eu lido bem com verdades e a dor logo passa. Em outras ocasiões, fico feliz de perceber que o trabalho por aí continua sério, apontando bem caminhos, erros e acertos que nos guiam. Mas há momentos em que fico triste ao perceber que algumas avaliações saem equivocadas, ou por falta de experiência no campo de batalha (o que é normal), ou por desconhecerem os processos internos do Santa (o que pode ser facilmente resolvido, porque estamos à disposição para recebê-los) ou porque ninguém consultou a redação antes de afirmar certas coisas (e isso é grave, porque o conceito básico do bom jornalismo é ouvir as partes diretamente relacionadas e checar sempre antes de publicar. ‘Jornalista não é pago pra achar e, se não tem certeza, não deve afirmar’, ensinou-me um dos mestres).


Ser jornalista é trabalhar 24 horas por dia, ficar atento a tudo, ser útil ao leitor e não medir esforços (éticos) a serviço da informação. Enquanto isso, faço votos de que o Monitor continue contribuindo com o meu trabalho e o dos jornalistas em geral, seja para aplaudir ou criticar, seja pra eu sorrir, chorar ou sentir dor.’ (Letícia da Silva, editora de Segurança do Jornal de Santa Catarina)


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‘O Monitor de Mídia é a experiência mais consistente de crítica de mídia em ambiente acadêmico no Brasil. Durante muitos anos realizou, de forma sistemática e rigorosa, uma análise dos jornais catarinenenses. A cada quinze dias, os relatórios mostravam que os pesquisadores, estudantes e professores, esquadrinhavam os jornais em busca de erros, acertos, caminhos, etc. Na boa tradição periodística, a quinzenalidade era um ponto de honra que jamais deixou de ser cumprido.


Certamente, foi o fruto da experiência do Observatorio da Imprensa mais bem sucedido no Brasil e não é sem motivos que o seu coordenador comanda a Rede Nacional de Observatórios de Imprensa. Forçoso registrar a evolução nos parâmetros de referência para a atividade crítica. Nos primeiros anos, o modelo era o antigo Código de Ética da Fenaj. Causa e efeito, o livro ‘Monitores de Mídia’ sistematizava a metodologia ainda com o Código de Ética como eixo central nos procedimentos de análise.


O Monitor hoje se permite outros voos. Natural que, depois de tanta reiteração crítica sem grandes efeitos nos jornais estudados, os pesquisadores busquem outros caminhos e se abram para estudos mais abrangentes. Neste aspecto, a experiência de um ano como ombudsman do jornal O Povo, de Fortaleza, fez o jornalista Lira Neto produzir um livro sugestivamente intitulado Herança de Sísifo. Os novos caminhos do Monitor parecem resultado de uma conclusão assemelhada: nosso jornalismo ainda tem muita dificuldade de conviver com a crítica. No caso do jornalismo regional, de norte a sul a resistência é a mesma.


Mesmo com outros caminhos, o Monitor insiste, persiste e não desiste, como recomendava um velho militante. Isso não é pouco neste Brasil onde o jornalismo de qualidade enfrenta tantas adversidades.’ (Victor Gentilli, professor da Universidade Federal do Espírito Santo e vice-coordenador da Rede Nacional de Observatórios da Imprensa – Renoi)


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‘Três singelas razões fazem do Monitor de Mídia um media watcher acadêmico que consegue demarcar importante diferencial em relação aos seus congêneres em atividade em outros cursos de jornalismo do país. Primeiro, porque mantém um olhar bastante atento ao que se faz à sua volta, no jornalismo praticado em Santa Catarina , a sua base física – preocupação que denota a importância editorial conferida ao que ocorre na aldeia. Segundo, porque agrega aos diagnósticos que produz e à análise científica dos fenômenos midiáticos a sempre bem-vinda prática da reportagem, a espinha dorsal do ofício jornalístico – o que sugere a intenção manifesta de buscar uma compreensão mais acurada dos contextos e, assim, melhor interpretar o mundo que se espalha pela aforas do Vale do Itajaí. E por último, mas não menos importante, pela desenvoltura com que aplica os fundamentos históricos do jornalismo impresso (apuração criteriosa, honestidade de propósitos, clareza, exatidão e fidedignidade) aos novos recursos oferecidos pela tecnologia digital, sobretudo no que concerne à utilização inteligente das mídias sociais. Noves foras, no decorrer dessas 150 edições converteu-se num campo fértil para a semeadura de talentos capazes de, agora e no futuro, assumir sua parcela de responsabilidade na promoção do jornalismo de excelência – o que não é pouca coisa.’ (Luiz Egypto, redator chefe do Observatório da Imprensa)


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‘Parabéns a toda a equipe do Monitor de Mídia pelo trabalho essencial de tentar traduzir, interpretar e analisar o que os jornalistas fazem no seu dia-a-dia. Tem uma frase do educador Paulo Freire que resume tudo: ‘Não basta saber ler, é preciso saber ler o mundo’. Ou seja, não basta ouvir rádio, ver televisão, ler jornais e revistas ou acessar notícias na internet. É preciso entender como os conteúdos chegam até estes veículos, quem faz a seleção do que será ou não noticiado. Que interesses econômicos, políticos e ideológicos estão presentes neste cotidiano de produzir informação. O que foi omitido ou descontextualizado. Há inúmeras variáveis fundamentais para se entender o mundo da comunicação. Fico pasmo, com frequência, ao observar pessoas que ocupam postos de comando na sociedade, profissionais de sucesso em seus ofícios, não terem o mínimo discernimento ao absorver as mensagens veiculadas pela mídia. E é com base nelas que muitas decisões serão tomadas, influenciando a vida de cada pessoa em sua comunidade. Costuma-se dizer que, se o cidadão soubesse como é feita a salsicha, nunca comeria. Se soubesse como são produzidas as notícias e toda informação que circula na mídia, certamente também recusaria. Se fosse submetido a controles públicos de qualidade, boa parte do que a mídia produz teria que ser descartado antes de chegar aos consumidores, por caracterizar um produto com defeito, com riscos à saúde física e psicológica do indivíduo e da comunidade. Isto sem falar em crimes como o de manipular e omitir informações para obter vantagens políticas e econômicas. Ou impedir a construção de uma sociedade mais justa e menos preconceituosa. Sim, porque a mídia é menos democrática do que aparenta e exerce um papel preponderante na manutenção de uma sociedade desigual. Enfim, há muita coisa em jogo, fiquem de olho!’ (Celso Vicenzi, jornalista e ex-presidente do Sindicato dos Jornalistas de Santa Catarina)


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‘Tenho trabalhado em minhas pesquisas e minhas aulas com o conceito de Práticas Exemplares, que não é meu, é do Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas (Pnud). E por que começo o meu comentário com essa informação? Ora, é porque desejo, neste momento, partilhar a satisfação quanto a uma dessas experiências. Trata-se do Monitor de Mídia, que ao chegar ao seu número 150 ostenta mais do que o acúmulo de serviços prestados, oferece a quem interessar possa no campo do media criticism um know how que pode ser aproveitado, por exemplo, em organizações da sociedade civil, em faculdades e em comissões de parlamentares, nos moldes da campanha `Ética na TV´, da Câmara federal e de suas congêneres nas assembléias estaduais. A vantagem das referidas Práticas Exemplares, é que elas não são fechadas, pelo contrário, podem ser imitadas, copiadas, reproduzidas ou reinventadas, fazem parte dessa cultura altruística que se desenvolve pelo mundo, que á do copyleft, ou seja, direitos autorais abertos – desde que referenciados, é claro. É o contraponto do copyright.


Pode-se afirmar que o Monitor de Mídia, ao completar 150 edições, reúne elementos para também ser considerado uma Tecnologia Social, não somente pelo serviço intrínseco que tem prestado no rumo da construção de uma sociedade auto-reflexiva, mas porque também se trata de um observatório que, ao fazer uma leitura crítica da mídia, exibe descobertas avançadas de como fazê-lo bem, sempre com uma preocupação construtiva – não é lugar-comum, é no sentido do construtivismo, mesmo. Partindo agora para a fase de maturação, o Monitor de Mídia certamente conseguirá aprimorar os três requisitos para a sua consolidação enquanto uma tecnologia social, ou seja, viabilidade, sustentabilidade e replicabilidade. Num país marcado por experiências brilhantes mas ou natimortas ou de vida curta, chegar ao número 150 já é um bom pedaço do caminho. Esperamos que o Monitor de Mídia não só se consolide, mas também cumpra a sua missão de distribuir dividendos de suas exemplares práticas.’ (Luiz Martins da Silva, professor da Universidade de Brasília (UnB) e responsável pelo S.O.S. Imprensa)


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O que há por trás da notícia


Taiana Eberle e Yana Lima


Acordar de manhã cedo e ler as principais notícias da região e do mundo parece muito simples: a sua frente, um menu com centenas de informações sobre política, economia, entretenimento, esportes, entre outros assuntos. Ligar o rádio e ouvir a voz marcante do locutor ao anunciar os últimos acontecimentos da madrugada também parece tarefa fácil. Sintonizar a televisão ao meio-dia e assistir a uma reportagem interessante de um minuto pode prender a sua atenção, mesmo que por pouco tempo. Em todos os três casos, o leitor, ouvinte ou telespectador muitas vezes não imagina que o repórter passou o dia anterior inteiro nas ruas, entrevistando, ouvindo pessoas ou até mesmo acompanhando uma operação policial para selecionar o que havia de melhor e mais verdadeiro.


Esta edição do MONITOR DE MÍDIA buscou, nos principais meios de comunicação de Itajaí e de Balneário Camboriú, como são produzidas as notícias que chegam até a casa dos leitores, ouvintes e telespectadores. Os meios foram escolhidos aleatoriamente e durante uma tarde ou manhã, acompanhamos um pouco do dia-a-dia e da correria nas redações. Aproveitando o contato direto com que exerce o Jornalismo, entrevistamos alguns profissionais para saber sua opinião sobre a atual decisão do Supremo Tribunal Federal que extinguiu a obrigatoriedade do diploma de jornalista para o exercício da profissão.


Diário do Litoral – Diarinho


Para quem não é da região de Itajaí e nunca ouviu falar do jornal tipicamente peixeiro (caracterização do povo itajaiense), vai uma breve introdução. O jornal tem 30 anos de circulação e começou como qualquer outro diário tradicional. Depois de dois anos, o fundador Dalmo Vieira optou por algo diferente, por falar a linguagem do povo que lia o Diarinho. Hoje em dia, o jornal usa palavrões e gírias um tanto ‘peculiares’, compreendidas por uma limitada parcela da população, que necessariamente precisa conhecer o linguajar dos itajaienses para captar a mensagem. Os editores não vêem muito problema em estampar fotos de cadáveres ensangüentados e o grande atrativo do jornal é a sessão policial.


Acompanhamos o trabalho durante a tarde – período mais atribulado da redação – de 22 de junho, uma segunda-feira. E o trabalho aumentava à medida que entardecia. A sala do jornalismo é dividida por funções. Logo na entrada, seis computadores reservados à área da reportagem. Estavam ali dois estagiários e duas jornalistas. No canto direito da sala, estavam os computadores Apple especiais para a diagramação do jornal. Naquela tarde, trabalhavam dois diagramadores: um deles, Felipe Trajon, substituía outro, que estava em férias. Ele é, na verdade, o repórter fotográfico do Diarinho. No final da sala estavam quatro editores: Adão Pinheiro, editor de Polícia; Anderson Bernardes, editor de Geral; Marcelo Roggian, editor de Esportes; Sandro Silva, editor da coluna Voz do Povo e de Economia.


Os 102 funcionários do Diarinho trabalham em Itajaí e nas outras três sucursais. O trabalho se divide em jornalismo, área comercial, financeira, publicitária e de serviços gerais. Tudo isso para que no dia seguinte, as 48 páginas do jornal estejam do jeito que o leitor está acostumado a ver. A equipe se comunica diretamente, já que a sala não tem paredes divisórias. E por falar em parede, logo ao entrar é possível ver a decoração diferente de uma delas: capas do Diarinho de várias edições compõem o cenário. Não podemos esquecer que na equipe de reportagem estava Zé Brodinho. O repórter boneco é uma espécie de ‘primo do João Buracão’, uma iniciativa do programa Fantástico, da rede Globo, que se tornou ícone das denúncias sobre falta de infra-estrutura das ruas.


A rotina no Diarinho é assim: no começo da tarde, os editores se encontram na sala da diretora do Jornal, Samara Thol, neta de Dalmo, para a reunião de pauta. O MONITOR DE MÍDIA não participou da reunião, que durou cerca de 15 minutos, mas Anderson explicou que lá eles discutem o que vai estar na capa da edição do dia seguinte e os assuntos que vão ou não para o jornal. Enquanto isso na redação, o movimento das teclas do computador é mais intenso do que o dos repórteres. Uma delas, a jornalista Renata Rosa, estava apurando duas pautas na rua. Os demais estavam concentrados no computador e no telefone. No período da manhã, outros dois repórteres já haviam produzido material para as editorias de Variedades e Geral.


Já é hábito do Diarinho receber visitas dos leitores com sugestões de pauta, reclamações e para fazer denúncias. É por isso que reservaram uma salinha para receber esse pessoal que passa diariamente por lá. O retorno do público chega também por telefonemas e e-mails. Durante as horas em que estivemos lá, uma leitora procurou a redação para reclamar. Ela sentiu-se prejudicada numa matéria que falou mal a seu respeito e não a entrevistou. Anderson garantiu à leitora o direito de resposta, mas logo apontou o erro do repórter em não ter procurado o outro lado do problema.


Anderson Bernardes contou que a Geral publica cerca de 20 notícias por dia. Os editores também escrevem reportagens e para ele, a maior satisfação do trabalho é ‘quando o jornal consegue resolver alguma dificuldade ou criar algum problema para quem precisa ser incomodado’. Samara Thol é também a editora-chefe do jornal. Ela compara a rotina do veículo com uma indústria que funciona durante as 24 horas por dia. ‘O jornal não para nunca. De madrugada, ele está rodando na gráfica e sendo distribuído. Quem trabalha aqui não pode ter dia ruim, todo dia é de muita coisa’. Os turnos de funcionários do jornal se alternam e cada equipe complementa o trabalho da outra. ‘As pessoas que recebem o jornal em casa não têm idéia do trabalho que é fazer o jornal num período tão curto de tempo’.


Rádio Menina


Essa gente de voz bonita que te acorda, te acompanha no caminho do trabalho ou mesmo na hora da faxina, se reúne desde muito cedo no prédio em que se instalou o Sistema Menina de Comunicação. É numa das principais avenidas de Balneário Camboriú que funcionam os estúdios da TV Mocinha e da Rádio Menina. Ainda faz parte desse sistema a Rádio Guri AM, de Lages.


O MONITOR DE MÍDIA acompanhou de perto o trabalho da Rádio Menina, emissora que cobre o litoral e o Vale do Itajaí. São 21 programas, sendo três jornalísticos e notícias que vão ao ar de hora em hora. Tudo isso, resultado do trabalho de técnicos, departamentos comerciais e administrativos, telefonistas, relações públicas, jornalistas e radialistas. Todos eles se desdobram para dar conta dos ‘pepinos’ que chegam até a rádio. Isso porque há desde a recepção do prédio da Rádio Menina um movimento constante.


A secretária atende ao telefone, passa para os ramais, atende a senhorinha que vem pedir emprego, faz o anúncio grátis da oferta para a senhorinha, pega o telefone novamente, recebe um casal com uma criança que a mãe acaba de saber que perdeu o bebê. É problema atrás de problema, e a rádio parace ser a solução dessa gente.


Os estúdios da rádio Menina ficam no segundo andar. O primeiro programa de notícias da rádio já havia ido ao ar. O Bote a Boca no Trombone começa às 7h e são duas horas de notícias da região, com participação do público e transmitidas também ao vivo na TV Mocinha. Os apresentadores Osmar Fernandes e Carlos Eduardo Mendonça (conhecido como Bolinha) vão para o estúdio com notícias garimpadas na internet por Inalda do Carmo, jornalista produtora de todos os noticiários da rádio. O resto da manhã fica para a equipe tentar solucionar os problemas que chegaram à produção e para produzir o Jornal do Meio-dia.


No final do corredor, na sala mais escondida, Inalda do Carmo fica no computador e ao telefone. Tinha hora que tudo acontecia ao mesmo tempo e a ela tinha que dar um jeito. Segurava um telefone entre as pernas, falava ao celular, checava o e-mail, atendia o público. ‘É tanta coisa que às vezes eu nem sei mais de qual programa estou falando’. Ela é a única jornalista formada da equipe e trabalha na Rádio Menina há três anos. No final da manhã é vez de Inalda e Paulo César de Oliveira, conhecido como PC, apresentarem o Jornal do Meio-dia.


As pautas chegam até a redação pelos telefonemas e pelas visitas de quem os procura para pedir doações e fazer denúncias. Outros tipos de pauta também chegam, como os assessores de imprensa, que vêem na radio uma ótima oportunidade de estar na mídia. Naquela manhã Inalda recebeu o telefonema de um assessor pedindo 10 minutos para um político da cidade falar. Só que a jornalista não gostou nada da idéia. Enquanto isso, PC marcava uma entrevista para ir ao ar Jornal do Meio-dia. ‘O negócio é muvucar’, provoca ele, que queria promover o debate político no programa daquela quinta-feira.


O retorno do que é falado no rádio é imediato explica Inalda. ‘Falamos aqui e em 5 minutos o problema está se resolvendo’. O que ela quis dizer com isso, foi demonstrado claramente no caso de uma outra senhora daquele dia. Isidora Naconetti foi até a sala do jornalismo da Rádio explicar que precisava de um botijão de gás. Ela mora num bairro de Camboriú e a maioria das coisas que tinha em casa foi levada por moleques, para comprar droga. ‘Não fala meu endereço ao vivo moça, senão eles matam a gente’. A senhora já tinha ganhado um fogão ali na rádio, mas precisava do gás. Durante o Jornal do Meio-dia, a secretária da recepção veio com bilhetes de várias doações para Dona Isidora.


O rádio já se modernizou. Os equipamentos são digitais e a instantaneidade na comunicação do radialista com o público ficou ainda mais ativa com programas de computador como MSN. Enquanto o Jornal do Meio-dia estava no ar, os ouvintes mandavam mensagens para os locutores e até mesmo corrigiam qualquer informação errada. Mas as cartas escritas à mão, no papel amarelado e arrancado do caderno ainda são comuns lá naquela rádio. São pedidos de cestas básicas, donativos que partem dos anunciantes, empresários e de ouvinte para ouvinte.


A jornalista Inalda tinha operado o coração há 40 dias, mas já estava de volta à ativa. Ela não nasceu assim jornalista de rádio com voz bonita. Enquanto trabalhava, Inalda contava que na faculdade gostava de rádio, mas que não dava certo pra coisa. ‘Eu era muito ruim. Mas era isso que eu gostava e queria melhorar. Trabalhei uns quatro meses de graça na Rádio Camboriú depois de formada só para me aperfeiçoar’. Hoje em dia, ela acompanha os outros colegas que não são jornalistas durante a apresentação do programa para dar o suporte necessário com notícias e às vezes até ajuda na hora de falar corretamente o Português.


O idioma da rádio é o mesmo de todo o Brasil, mas a língua falada é a da senhora que precisa do botijão de gás, do político que presta contas da denúncia e do anunciante. Apesar de não existir o termo ‘Jornalismo Assistencialista’, usado por PC naquele dia durante a apresentação do programa, foi possível entender um pouco do que ele quis dizer sobre a prestação de serviço do jornalismo à comunidade. Comunidade esta que, mesmo depois de tantas novas tecnologias na comunicação, continua ligada à invenção de 114 anos do italiano Guglielmo Marconi.


Ric Record


No alto do Morro da Cruz, a sede da emissora Record em Itajaí funciona desde 1996 e somente em 2008 passou a pertencer a Rede Independência de Comunicação, fundada no Paraná. A equipe inicia seus trabalhos a partir das oito horas da manhã, mas o horário varia de acordo com a urgência das notícias.


Na manhã em que a equipe do MONITOR DE MÍDIA acompanhou o trabalho da emissora, foram produzidas durante o turno três reportagens para serem veiculadas no Jornal do Meio Dia. Uma sobre a operação caça-níqueis em Itapema, outra sobre o festival de inverno em Balneário Camboriú e ainda uma sobre os preparativos da visita do Presidente Lula até a cidade de Itajaí.


A produtora Karoline Candida Cabral (jornalista formada) e a pauteira Luana Lempke (estudante de Jornalismo) são responsáveis pela produção das notícias e, junto com mais 12 pessoas, foram a equipe de jornalismo da RIC Record. Não são realizadas reuniões de pautas oficiais com todo o grupo para discutir o que será ou não veiculado. São Karoline e Luana quem decidem e trocam ideias a todo o momento.


Durante a manhã, elas procuram se orientar por meio de e-mails ou telefonemas de pessoas da comunidade e às vezes, de órgãos como a polícia e o corpo de bombeiros, sobre os principais acontecimentos que podem virar notícia. Na sala onde trabalham há três televisores, conectados na RBSTV, na Record News e na RIC Record. Os monitores servem para os jornalistas acompanharem as notícias que produzem, bem como a concorrência.


As repórteres, juntamente com os cinegrafistas, gravam em média duas reportagens no período da manhã. Conforme as notícias surgem, são feitas as coberturas. A maioria das matérias fica pronta antes do jornal ser veiculado, já que a produção acontece na tarde do dia anterior e na manhã do dia em que o jornal vai ao ar.


A repórter Camile Magalhães saiu por volta das oito horas da manhã para fazer a primeira matéria do dia, em Balneário Camboriú. Ela retornou às 10h20min e meia hora depois, a equipe do MONITOR DE MÍDIA acompanhou o trabalho da jornalista e do cinegrafista Raphael Ribeiro na cobertura sobre os preparativos para a visita do Presidente Lula em Itajaí. Camile procurou obter informações com a polícia, com assessores e organizadores, mas só conseguiu a palavra de um membro do Departamento de Trânsito. A equipe retornou para a sede da emissora meia hora depois, para a gravação dos offs (texto em que o repórter não aparece) e edição da reportagem, que seria veiculada a partir do meio dia. A repórter ainda participou ao vivo no estúdio, ao apresentar as notícias do esporte.


Conforme se aproxima o horário de o jornal entrar no ar, a movimentação se intensifica: repórteres voltando das ruas, editores finalizando as matérias, apresentadores conferindo e finalizando o roteiro do programa. Começa também a produção final do programa Tribuna do Vale. As duas equipes trabalham juntas na mesma sala.


O Jornal do Meio-Dia tem duração de uma hora. São veiculadas de 10 a 12 reportagens, entre quatro blocos e intervalos de três minutos. Na manhã em que acompanhamos o trabalho na Record, o ministro da Pesca Altemir Gregolin participou de uma entrevista ao vivo.


O apresentador Graciliano Rodrigues chega na metade da manhã e troca informações sobre as matérias preparadas para o jornal do Meio-Dia. Muitas vezes, ele só assiste às reportagens quando já estão no ar. Sobre o merchandising presente durante o jornal, Graciliano defende a idéia de que o produto é avaliado antes de obter espaço, e que apesar de não concordar muito com esta prática, não pode ir contra as imposições da emissora.


Eram 12h e 20 minutos, o jornal estava no ar ao vivo e a repórter Jamille Cardoso gravava os offs na sala de edição da emissora. Como a matéria só foi finalizada após o início do jornal, ela entrou somente no último bloco. O estagiário Carlos Magagnin afirma que quando a reportagem não fica pronta, ela simplesmente não vai ao ar. ‘Mas se as matérias já foram anunciadas nas manchetes, a equipe tem que dar um jeito de deixar tudo pronto. O que não conseguimos passar no Jornal do Meio-Dia, às vezes é aproveitado para o jornal da noite’.


Às 13h, entra ao vivo o programa Tribuna do Vale, com Antônio Kormann e Joaquim Lacerda. O programa é transmitido no mesmo estúdio que o jornal. Por não ter intervalo entre um programa e o outro, em poucos segundos as câmaras são viradas e o programa com pauta mais comunitária entra na programação regional até a 13h30min da tarde.


Sucursal da RBS


A Rede Brasil Sul de Televisão (RBS TV) é uma das 18 afiliadas da Rede Globo. Em 1979, a RBS que até então tinha sede apenas no Rio Grande do Sul, passou a transmitir programação em Santa Catarina. Em Itajaí, funciona uma sucursal da rede, filial da emissora de Blumenau.


Localizada acima de uma loja de tapetes e tecidos no centro de Itajaí, a sucursal da Rede Brasil Sul pode surpreender muitos visitantes pelo pequeno espaço que ocupa. Ali funciona um estúdio da TV, uma redação de jornais impressos e ainda a parte comercial da RBS no litoral catarinense. Ao todo, são três jornalistas, um repórter fotográfico e dois cinegrafistas que participam da equipe de jornalismo da sucursal. Além deles, um grande número de pessoas envolvidas com a parte comercial da empresa também trabalha ali.


Devido à visita do Presidente Lula a Itajaí, no período da manhã a redação estava agitada. Vieram de Blumenau a jornalista Giovana Pietrzacka e o repórter fotográfico Jandyr Nascimento para ajudar na cobertura do evento.


Após uma manhã corrida, antes de iniciar a reportagem, a jornalista Sicília Vechi entra em contato com o editor responsável em Blumenau e conta os principais acontecimentos e assuntos durante o evento. Eles decidem o que deve ou não ser abordado pela matéria que será preparada para os jornais impressos do grupo em Santa Catarina. Além disso, o editor também comunica à repórter o espaço que ela terá no Jornal de Santa Catarina. A mesma troca de informações também ocorre com a outra repórter que foi até o evento, para que ambas não abordem o mesmo assunto em matérias diferentes.


Os repórteres da redação do jornal impresso costumam chegar por volta das 9h30min e cumprem uma jornada de cinco a sete horas. Em casos de coberturas extras, como a que ocorreu no dia em que a equipe do MONITOR DE MÍDIA acompanhou, os jornalistas fazem horas extras e têm apoio da equipe de Blumenau. Como o evento foi de grande importância para a cidade, durante a semana, a equipe de Itajaí produziu reportagens prévias sobre os motivos e a importância da visita do Presidente Lula a Itajaí e as mudanças que o evento traria para a cidade. ‘Durante a manhã, procuramos apurar os assuntos e enviar até às 15h30min para a redação em Blumenau. Quando a cobertura da reportagem ocorre no período da tarde, o material pode ser enviado até às 17h 30’, comenta Sicília Vechi.


O trabalho do repórter fotográfico Marcos Porto, há 14 anos na RBS, consiste em fotografar os fatos jornalísticos e seus personagens, além de selecionar as dez melhores fotos produzidas. Em seguida, ele as envia para a agência de Porto Alegre, através do site do grupo de comunicação. Cada veículo de comunicação tem acesso às fotos dele e de outros jornalistas, e pode escolher a que pretende divulgar de acordo com o foco do assunto abordado.


Durante a seleção das imagens, o fotógrafo discute com a repórter sobre os principais aspectos destacados na reportagem dela, que se adequarão às fotos indicadas por ele. Além disso, eles também trocam idéias de possíveis legendas explicativas para a foto, assim como dúvidas gramaticais referentes à nova ortografia da língua portuguesa.


Os veículos on-line estão em contato direto com os jornalistas da sucursal para relatar e publicar na internet os principais acontecimentos da região. Também, sempre que necessário, a equipe de Itajaí entra em contato com os editores de Blumenau para troca de idéias ou sugestões que possam ser feitas na reportagem, como o caso de infográficos, tabelas e matérias de apoio que possam sustentar o tema trabalhado.


Sobre a decisão dos assuntos que serão noticiados, Sicília Vechi explica a que há um conselho editorial da RBS, composto por integrantes dos jornais A Notícia, Diário Catarinense e Jornal de Santa Catarina, que sugerem possíveis assuntos que poderão ser abordados, sempre consultando os repórteres locais.


Em relação à receptividade do público, ela afirma que nos últimos meses aumentou o número de pessoas que entraram em contato com o jornal para fazer denúncias e reclamações sobre possíveis fatos que podem virar notícia: desde pedidos pessoais até reclamação de moradores em áreas de risco. ‘Essa procura pelo jornal aumentou após a enchente de novembro de 2008 e geralmente são pessoas de menor poder aquisitivo’.


Apesar de trabalharem em diferentes veículos de comunicação, é possível perceber o clima de descontração e interação entre a equipe de reportagem da TV e do jornal impresso e on-line, bem como entre os integrantes da parte comercial da sucursal.


Transmissão ao vivo


A equipe de jornalismo da RBS TV em Itajaí inicia os trabalhos a partir das 8h da manhã e termina por volta das 16 horas. Em casos especiais, como no dia em que acompanhamos a equipe, a produção teve início às 6 horas com uma entrada ao vivo do estúdio da sucursal para o jornal Bom Dia Santa Catarina, o primeiro a entrar no ar.


Durante o período matutino, são gravadas reportagens para o Jornal do Almoço e para o RBS Notícias. A repórter Deise Somariva conta que costuma ler os jornais e verificar as rondas policiais pela manhã para se informar sobre os principais acontecimentos. Para o Jornal do Almoço, a sucursal entra ao vivo com a divulgação de notas do dia ou entrevistas.


À tarde, costumam-se gravar as reportagens produzidas, cujos assuntos não são necessariamente de veiculação imediata. Geralmente nas coberturas para TV, a sugestão de pauta vem de Blumenau e é a equipe de Itajaí que decide o que será prioridade ou não.


Com relação à produção das reportagens, elas são gravadas e pré-editadas em Itajaí e enviadas para Blumenau. Lá, eles são responsáveis pela edição de toda a reportagem e veiculação, já que em Itajaí não há equipamentos para isso. Na opinião de Deise Somariva, o dia-a-dia é agitado. ‘É muito corrido, pois são muitas notícias já que a cobertura é de toda a região’.


Leitor, ouvinte e telespectador: todos em um só


O clima de descontração e a boa receptividade foram as características predominantes nas redações que o MONITOR DE MÍDIA acompanhou. Outro aspecto em comum foi a agitação dos integrantes das equipes conforme o horário do fechamento do jornal ou a entrada ao vivo do programa – de rádio ou TV – se aproximavam.


Além disso, em todos os veículos também foi possível encontrar opiniões semelhantes, principalmente no que se refere à exigência de qualidade jornalística. Independente do tipo de mídia, a preocupação com o público e a importância das notícias mais relevantes no segmento local foram os principais valores-notícia da rádio, TV e dos jornais impressos participantes desta reportagem.


Apesar de cada meio utilizar uma linguagem diferenciada para cada tipo de público, todos eles têm o objetivo de transmitir a mensagem para que qualquer pessoa consiga compreender as informações sobre o mundo que nos cerca.

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Monitor de Mídia