O al-Rai TV, canal de televisão privado do Kuait, exibiu na quinta-feira (9/2) um novo vídeo no qual a jornalista americana Jill Carroll, seqüestrada no Iraque no dia 7/1, apela por sua libertação. ‘Eu estou aqui. Eu estou bem. Por favor, apenas façam o que eles querem, dêem a eles o que for que eles queiram o mais rápido possível’, diz ela, com um véu na cabeça. ‘Tenho muito pouco tempo. Por favor, façam algo rápido’, completa, informando que a gravação havia sido feita em 6/2, depois corrigindo para o dia 2/2 e afirmando que enviaria também uma nova carta confirmando que estava em poder dos mujahedeen [guerreiros santos].
A fita teria sido mandada ao escritório da emissora em Bagdá, juntamente com a carta escrita por Jill, de acordo com o editor Hani al-Srougi, que informou que a entregaria às autoridades. Não se sabe os motivos que levaram os seqüestradores a enviarem o vídeo para a emissora do Kuait – as duas primeiras gravações com a jornalista foram enviadas para a al-Jazira, que as exibiu, mas não divulgou o áudio. As duas emissoras cobrem a mesma região de transmissão, mas a audiência da al-Jazira é consideravelmente maior.
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No vídeo, com duração de 22 segundos, Jill parece ‘calma – ao contrário do vídeo anterior exibido pela al-Jazira no dia 30/1, quando a jornalista estava nervosa e chorando’ ao informar que os seqüestradores exigiam a libertação de prisioneiras iraquianas, observou, em seu sítio, o Christian Science Monitor, jornal para o qual ela trabalhava como freelancer quando foi seqüestrada e que, apesar do nome, não é uma publicação religiosa. ‘É sempre difícil ver alguém falando sob coerção. Estamos procurando mais informações sobre a carta a que Jill se refere no vídeo. Estamos em constante contato com a família dela e fazendo o possível por sua libertação’, disse em declaração Richard Bergenheim, editor do jornal. Os pais da repórter afirmaram que têm esperanças e que são gratos a todos os que estão trabalhando pela libertação de sua filha.
Depois da exibição do novo vídeo, a organização Repórteres Sem Fronteiras apelou mais uma vez aos seqüestradores para soltarem a jornalista, enfatizando que ela é apenas uma observadora neutra do conflito. ‘Lembramos aos seqüestradores que ela é uma jornalista que estava apenas fazendo seu trabalho, que é descrever as condições nas quais os iraquianos estão vivendo. Ela não é responsável pelas decisões do governo americano’, afirmou a RSF em seu sítio. Segundo a ONG, 37 profissionais de mídia foram seqüestrados desde o começo da guerra, em março de 2003 – destes, cinco foram mortos.
Na quinta-feira (9/2), o vice-ministro de Justiça do Iraque, Busho Ibrahim Ali, afirmou que as tropas americanas planejavam libertar 450 prisioneiros homens no dia 16/2, mas que nenhuma das quatro ou cinco mulheres sob custódia seriam soltas. Informações da Editor & Publisher [9/2/06], dos Repórteres Sem Fronteiras [10/2/06] e de Qassim Abdul-Zahra [Associated Press, 10/2/06].