Sunday, 22 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Falta de compromisso do homem público com o dinheiro público

Durante muitos anos do governo PSDB com PMDB (este é sanguessuga… ataca em todas as frentes…) e outras agremiações da mesma linha, a imprensa não conseguia (se o fez, foi de modo tímido) mostrar os desmandos, falcatruas, apadrinhamento, desvios de verba e tantas outras mazelas da política brasileira. Hoje, melhor dizendo, desde o governo do soberano Luiz Inácio Lula da Silva, em 2003, a mídia vem desempenhando um papel fundamental na revelação de tudo aquilo que se encontra nos covis brasiliense (entenda, Congresso Nacional e Planalto).

Mais ativa do que nunca, a imprensa faz uma varredura pelas gestões estaduais e municipais desse país afora (ainda tem muito a mostrar) e nos apresenta uma total falta de homem público comprometido com o dinheiro público. Excetuando, claro, a revelação protagonizada pelo então “d'Artagnan” tupiniquim, Roberto Jefferson (PTB), que denunciou a prática de compra de votos na Câmara, o chamado mensalão, bomba suficiente para criar a maior crise políticasofrida pelo governodo presidente Lulaem 2005/2006, a imprensa está navegando por mares revoltos e tsunamis políticos.

Instigante, veloz e eficaz no modo de apresentar a roubalheira do governo PT com seus agregados, PCdoB, PMDB (sempre…), PDT e o restante da corja, a imprensa é sempre muito questionada, apedrejada e apelidada como “mídia golpista”, “a ditadura da mídia” e tantas outras desqualificações aberrantes. “Nunca antes na história deste país”, imitando um pouco o discurso do nobre convalescente ex-eterno presidente Lula, se viu tanta lama no ventilador quando o assunto é dinheiro público X representante do povo.

Para além da “pauta pronta”

Que isso tudo sempre aconteceu neste vasto território brasileiro não é novidade nenhuma. O espanto talvez seja o modo avassalador, veloz e absurdo como isso vem se processando. Das duas uma: ou a imprensa antes (na época do PSDB e demais asseclas) não foi suficientemente investigativa e possivelmente conivente com alguns grupos, ou atualmente ela reassumiu sua função prioritária de ouvidoria da sociedade.

É impossível não reconhecer que a imprensa tem contribuído, e muito, para desmascarar lobos com peles de cordeiros, santos de pau oco e bandidos que estão conectados às grandes corporações financeiras e políticas. É impossível não reconhecer que a Polícia Federal e o Ministério Público Federal e demais unidades estão fazendo o dever de casa direitinho. Também é impossível aceitar que a justiça é rápida e sempre justa (às vezes é).

Um fator primordial nisso tudo é que estamos sem oposição. Sim, porque oposição neste país só o PT sabia fazer. O PT sempre foi (e é) ímpar neste quesito. Depois dele nenhum partido assumiu o front. Nenhum. Afinal, a escola foi específica para alunos vermelhos e futuros governantes. Os demais estudantes da chamada direita desse país ficaram na janela vendo a banda passar tocando “não, não, não vou não…minha mulher não deixa não”. Você pensava que era a música “Banda” de Chico Buarque? Uhhh golou o ovo….Chico foi na época em que existia uma intelectualidade e visão socialista/transformadora da sociedade. Hoje? Ou você se contenta com as músicas vulgares e as piadas do Pânico, ou assiste aos BBBs e às Fazendas da vida, ou Ana Maria Braga debatendo reforma política no horário da manhã com as donas de casas. Depois escolhe uma dessas figuras para representar o povo no Congresso e ponto final.

Voltando ao papel da imprensa falada, escrita, televisionada, facebookada, blogada, twittada e conectada, que bom que ela está alerta, ativa, operante, reveladora. Que bom que ela se renova e amplia suas fronteiras para além da condicionante “pauta pronta”. Se ela erra? Muito e muito. Mas ainda assim é considerada a voz ativa de uma sociedade. Sem ela, estamos fadados ao fracasso e perderemos o timing para consolidar o sistema democrático.

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[Teresa Leonel é socióloga e jornalista, professora de Jornalismo e Publicidade, especialista em Ensino da Comunicação Social e mestranda em Comunicação]