Desde que o Supremo Tribunal Federal (STF) derrubou a obrigatoriedade do diploma de jornalismo em 2009, sob o argumento de que restringia a liberdade de expressão, vários embates em programas destinados ao tema tomaram conta do noticiário nacional. No ultimo dia 30, o Senado aprovou, em primeiro turno, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que defende a obrigatoriedade do diploma de jornalista para o exercício da profissão. Foram 65 votos a favor e sete contrários à proposta.
Não sei ao certo até hoje quem foi super beneficiado com essa derrubada, mas sei que muita gente aproveitou a boquinha e pimba! Olha aqui, agora sou jornalista. Desculpem-me os oportunistas ou merecedores de plantão, mas eu não os considero jornalistas de formação. Eu, que passei quatro anos estudando muito e apresentei meu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) três vezes. Foi de rachar a cuca.
O senador Wellington Dias (PT-PI) defendeu a obrigatoriedade do diploma. “Qualquer profissional, tratando da sua profissão, pode expressar-se em qualquer lugar. Estamos falando do exercício da profissão de jornalismo. Isso é outra coisa completamente diferente. Se temos universidades, faculdades, que não tínhamos no passado, hoje, precisamos valorizar, sim, a profissão do jornalista”, disse.
Assim como a jornalista e professora da Universidade Federal Fluminense, Sylvia Moretzsohn. “O principal equívoco do debate sobre a obrigatoriedade do diploma especifico para o exercício da profissão de jornalista reside na confusão de liberdade de expressão e liberdade de imprensa. Liberdade de expressão, todos devemos ter, num regime democrático, mas valeria saber se os jornalistas empregados em grandes empresas de comunicação gozam dessa liberdade. Liberdade de imprensa, no contexto atual, ou seja, no contexto da concentração de capital e, portanto, no contexto das grandes corporações de mídia, não tem nada a ver com a luta que os revolucionários de fins do século 18 empreendiam contra o absolutismo ou o colonialismo: tem a ver com o exercício de uma profissão”, declarou a jornalista.
A importância no mercado de trabalho
O que os dois autores estão querendo dizer, é que existe uma profissão por trás disso tudo. O jornalismo é uma profissão e há uma série de pessoas preocupadas em produzir material, editar e veicular notícias para a população. A professora e jornalista destacou ainda que o jornalismo é, sim, uma profissão que exige curso superior dada a sua complexidade de não apenas saber comunicar, mas entender os processos pelos quais a informação é elaborada, as rotinas de produção, a relação com as fontes, os interesses em jogo. Além, evidentemente, das técnicas adequadas para a apuração, redação, edição e disseminação dos fatos de relevância pública.
O que nós vemos em empresas que buscam esse profissional, qualificações cada vez mais pomposas e técnicas exigidas ao candidato, idioma universal, versatilidade para atuar pela empresa e, salários fora do padrão devido à caminhada estudiosa que o jornalista passa até se formar.
Essa queda da obrigatoriedade do diploma fez com que os salários oferecidos no mercado fossem nivelados por baixo no que tange ao conteúdo que dominamos. Qual jornalista consegue planejar uma vida com uma remuneração dessas? Se tiver filhos, então, melhor trocar de profissão. Pode fazer os comparativos com as outras profissões, jornalista recebe bem menos por mês.
A valorização do ser humano é dada à sua importância no mercado de trabalho.
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[Wilson Gomes é radialista e jornalista, Guarujá, SP]