Na atualidade, as Relações Públicas (RP) existem tanto como prática profissional como acadêmica, ou seja, não podemos mais pensar em atuar na área sem aliar os conhecimentos práticos com os acadêmicos porque hoje o mercado exige capacitação constante e conhecimento permanente não só da área como de outros campos de conhecimento como sociologia, psicologia, economia, marketing, filosofia, informática etc.
Com o início das atividades de Relações Públicas, em 1906, a partir do trabalho de assessoria de imprensa com vistas a melhoria da opinião pública realizado por Ivy Lee para mudar a imagem de Rockfeller e torná-lo um grande investidor e incentivador da filantropia nos EUA, a profissão foi ganhando forma e cores bem diferenciadas em relação a outras profissões existentes.
No Brasil, a profissão tem início em 30 de janeiro de 1914, a partir do importante trabalho de Eduardo Pinheiro Lobo, Relações Públicas da The São Paulo Tramway Light and Power Company Limited, atualmente conhecida como Eletropaulo (Eletricidade de São Paulo S.S.), considerado também o patrono da profissão no país. Longos anos se passaram até que a profissão fosse realmente oficializada a partir de 1950 com direito a sindicados, conselhos federais, regionais e códigos de conduta e ética para que a profissão tivesse um caráter sério, objetivo e profissional.
Nas universidades os cursos de Relações Públicas tem seu começo a partir de 1967 na Universidade de São Paulo (ECA-USP) e, posteriormente se difunde por praticamente todos os estados do país, ainda com exceção de alguns estados como Tocantins, o Acre e o Espírito Santo que ainda carecem de cursos superiores na área. Atualmente, existem mais de 96 cursos englobando as três (Jornalismo, Publicidade e Propaganda e Relações Públicas) áreas em sua grande maioria concentradas nas regiões sudeste e sul do país.
Fomento à pesquisa e foco
Ao ingressarem no campo de trabalho, os novos e promissores RP sentiram a necessidade de aprimorarem seus conhecimentos no campo das Relações Públicas a fim de atualizar suas habilidades estratégicas na implementação de projetos e planos de RP nos cenários organizacionais públicos, privados e do terceiro setor. Nesse contexto, muitos procuraram e procuram capacitação em cursos de especialização em comunicação corporativa, organizacional, marketing etc., como MBA’s e programas de mestrado e doutorado em Comunicação para atuarem de maneira mais consistente nesse ambiente organizacional que muda o tempo todo a partir do incremento da internet no ambiente corporativo globalizado.
Os mestrados e doutorados, em sua maioria englobam as áreas de Jornalismo, Publicidade e propaganda, Relações Públicas, Marketing, Produção Editorial etc., possuindo enfoque na Comunicação Social como um todo a fim de privilegiar todas essas áreas da maneira mais democrática possível. Mas, é certo, que esses cursos, quase sempre, privilegiam os profissionais de Jornalismo em sua grande maioria por se basearem em estudos de mídia, produção jornalística, recepção e cinema, o que, deixa de certa forma a desejar quanto ao desenvolvimento específico das outras habilitações da Comunicação Social como as áreas de Publicidade e Propaganda e Relações Públicas.
Condições da implantação de programas
Hoje, existem no país cerca de 28 cursos de pós-graduação – mestrados e doutorados – na área de Comunicação Social. Portanto, o fato da necessidade urgente da criação de mestrados e doutorados em Relações Públicas se justifica pela gama de pesquisadores reconhecidos no mundo todo no desenvolvimento de teorias com o foco nos estudos aplicados na área de Relações Públicas. Só para citar alguns, temos como um dos maiores pesquisadores da área o norte-americano James. E. Grunig, com sua Teoria Geral das Relações Públicas. E o Brasil não fica de fora do circuito mundial de pesquisadores nesta área como Cândido Teobaldo de Sousa Andrade com os Fundamentos Psicossociológicos e o Interesse Público, Fábio França com o estudo sobre a Conceituação Lógica dos Públicos, Cicilia Khroling Peruzzo com Relações Públicas no Modo de Produção Capitalista, Roberto Porto Simões com a Relações Públicas Função Política, Margarida Maria Khroling Kunsch que estuda a Função Estratégica da área aplicada no composto de Comunicação Integrada e Sistêmica, Manoel Marcondes Neto com o conceito dos quatro Rs das Relações Públicas e tantos outros empenhados em descobrir novos horizontes para as práticas e pesquisas na área de Relações Públicas.
Não podemos deixar de mencionar a importante contribuição de Luiz Beltrão com seus estudos sobre Folkcomunicação e outros novos pesquisadores ávidos no progresso e desenvolvimento das pesquisas em RP como Daiana Stasiak com seus estudos em Relações Públicas Digitais quando cria o conceito de WebRP e Marcelo Chamusca com o conceito de Realidade Virtual Aumentada a partir do uso das tecnologias móveis de comunicação à distância.
Esses exemplos são mais do que suficientes para mostrar a grande dimensão que o campo de práticas e estudos na área de Relações Públicas pode alcançar. O que não é modesto se for pensar no pouco tempo de existência que a área possui frente a outras profissões bastante seculares.
A partir desta análise, inúmeros profissionais e estudiosos da área percebem a grande importância e necessidade de se criar condições reais da implantação de programas de mestrado e doutorado em Relações Públicas não se limitando somente ao Brasil, mas em toda a América Latina e outros países e regiões que possuem importantes estudos no campo das Relações Públicas como os Estados Unidos e a Europa.
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[Ewerton Luis Faverzani Figueiredo é profissional de Relações Públicas e sócio-fundador e conselheiro do Instituto de Pesquisa em Memória Social – IPMS]