Wednesday, 18 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1318

Uma nova disciplina para o curso de graduação em Jornalismo

Jornalismo é jornalismo, seja ele esportivo, político, econômico, social. Pode ser propagado em televisão, rádio, jornal, revista ou Internet. Não importa. A essência não muda porque sua natureza é única e está intimamente ligada às regras da ética e ao interesse público [Heródoto Barbeiro e Patrícia Rangel, 2006, p. 13]. Porém, trabalhar com jornalismo esportivo tem suas especificidades. Frequentemente, ele se confunde com entretenimento e tem uma linguagem própria. Em nenhuma outra área do jornalismo, informação e entretenimento estão tão próximos.

No Brasil há cerca de 470 escolas de Jornalismo e cerca de 12.000 profissionais são colocados no mercado por ano [http://pt.wikipedia.org/wiki/Escola_de_jornalismo].

Qual a importância desses novos profissionais em estudar o esporte e o jornalismo esportivo no Brasil? Um jornalista recém-formado tem a noção do amplo mercado de trabalho que o Jornalismo Esportivo pode oferecer? Há espaço e necessidade do Jornalismo Esportivo tornar-se uma disciplina obrigatória dentro do curso de Graduação em Jornalismo? Essas questões serão discutidas e analisadas ao longo desse artigo.

Antes de analisar todas essas questões, levantamos a hipótese de que os alunos de jornalismo estariam mais bem preparados para o mercado de trabalho se pudessem estudar e entender a importância e o quanto o esporte e o jornalismo esportivo podem abrir portas para o futuro profissional.

Neste artigo objetivamos também verificar a viabilidade de introduzir o Jornalismo Esportivo como disciplina obrigatória no curso de Graduação em Jornalismo e identificar sua necessidade dentro da grade curricular do curso. Iremos identificar a aceitação dos alunos de Jornalismo com a nova disciplina e elaborar um conteúdo programático para a nova disciplina, de forma que o aluno fique apto a trabalhar o jornalismo esportivo em diversas mídias, principalmente TV, rádio, Internet e impresso.

Metodologicamente, delimita-se esse artigo, inicialmente, como sendo uma pesquisa conjuntural. Qualquer análise científica envolve uma gama de ferramentas específicas e adequadas, afins de que se alcance algum tipo de resultado [Dionísio Carmo Neto, 1996, p.23]. Utilizaremos a Sociologia como ferramenta teórica para basearmos a importância do esporte na vida do brasileiro e fundamentarmos a importância de jornalismo esportivo como ciência e, consequentemente, mais discutida e analisada durante o período da Graduação.

Através do estudo desse elemento, realizaremos uma análise conjuntural quantitativa asincrônica contemporânea analítica.

A análise conjuntural quantitativa é usada quando há a necessidade ou existe a possibilidade de se quantificar variáveis para se obter ou simular determinados resultados numéricos [Ibib, p.24]. Para tal análise, a pesquisa utilizará como ferramenta:

** Pesquisa Documental por meio de bibliografias que permitam conceituar o tema;

** Entrevista com jornalistas esportivos para saber o que a nova disciplina somaria ao curso de jornalismo. Nossos entrevistados foram: Nivaldo de Cillo, repórter esportivo da TV Bandeirantes; Professor de Jornalismo e escritor Jober Teixeira Júnior e Carlos Gomes, professor de Jornalismo da FAAP e diretor do departamento de Esporte da TV Bandeirantes. Realizamos um questionário com 150 alunos de faculdades de Jornalismo das cidades de São Paulo, Mogi das Cruzes e Taubaté.

Como dito anteriormente, além de conjuntural e quantitativa, a análise será asincrônica, contemporânea e analítica, isto é, iremos analisar conjunturalmente e quantitativamente um conjunto de variáveis observadas sem um instante de tempo determinado (asincrônica), podendo-se conviver com os acontecimentos (contemporânea) e interpretando a situação conjuntural (analítica).

CAPÍTULO I

A relevância da disciplina Jornalismo Esportivo para a graduação

As atividades esportivas no Brasil representam entre 2% a 3% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil. De 1999 até 2005, o crescimento médio anual do PIB brasileiro foi de 4,85%. Nessa mesma época, o PIB do esporte foi de 11,8% ao ano. A atividade esportiva está presente, direta ou indiretamente, em dois terços da população brasileira. 315.000 pessoas são empregadas de forma direta ou indireta, e possui uma massa salarial de 6,9 milhões de reais. De 170 milhões de brasileiros, 102 milhões acompanham algum esporte [Estimativas da FGV e Pesquisa Sportv].

Cerca de 90% da população brasileira acompanha algum tipo de esporte [Idem]. Diferente do público das outras editorias do jornalismo, o esporte possui um público extenso e de diferentes níveis sócio econômicos, o que possibilita ao jornalista esportivo o trabalho com públicos de diferentes níveis de classe. O esporte é acompanhado ou praticado por todas as classes sociais.

De onde vem essa paixão pelo esporte? De onde vem esse sentimento de prazer que o brasileiro tem quando assiste uma partida de futebol, ou um jogo de vôlei, ou qualquer outro esporte? Usamos a sociologia para explicar como é o impacto do esporte da vida do brasileiro.

A sociologia é uma ciência que estuda as relações que se estabelecem entre as pessoas que vivem numa comunidade ou grupo social, ou entre grupos sociais diferentes que vivem no seio de uma sociedade mais ampla [Mini Dicionário da Língua Portuguesa]. O futebol, por ser uma atividade grupal e também social, tem merecido, de parte dos sociólogos, estudo mais profundo, para que entendamos melhor suas relações, quando se tem uma atividade social da mais alta relevância.

 “O futebol , como nossa paixão popular e esporte número um, encena um ritual coletivo de intensa densidade dramática e cultural, em consonância com a realidade brasileira. É a combinação de simbologias, por meio das quais podemos estudar o Brasil. Futebol é simbologia e metalinguagem, e como tal, revelador das culturas das coletividades e revelador expressivo das condições humanas.” [Murad, Maurício, Dos Pés a Cabeça, 1996, Ed. Irradiação Cultural]

O futebol, oriundo da Inglaterra, chegou ao Brasil de forma elitista e racista. Proibido aos negros, mestiços e brancos pobres, teve uma resistência enorme das classes dominantes, porém teve que curvar-se à insistência da grande maioria menos favorecida, tornando-se o “esporte rei” e mais que isso, pela habilidade e magia de nossos atletas, um estilo de arte. Passes, dribles, fintas, a malemolência e a ginga, coisas buscadas nas danças, na própria capoeira, cultura brasileira, nos diferenciaram dos demais atletas do mundo inteiro. O “estilo” do futebol brasileiro está intimamente ligado ao modo de vida e á cultura da grande maioria de sua população.

“Eu é que já estava longe, me refugiando na arte. Que coisa lindíssima, que bailado mirífico um jogo de futebol!…Era Minerva dando palmadas num Dionísio adolescente e já completamente embriagado…Havia umas rasteiras sutis, uns jeitos sambalísticos de enganar, tantas esperanças davam aqueles volteios rapidíssimos…” [Andrade, Mário, Crônicas de 1939]

Segundo o Professor e escritor Jober Teixeira Jr, “o futebol, mais do que prática esportiva é uma oportunidade prática de se exercitar a cidadania. Portanto, mais do que constatação, interpretação e paradigma do Brasil, o futebol é proposta, é projeto e desejo da coletividade”. As raízes do futebol se espalham pelas esferas da realidade social,pois, diferentemente de outras instituições, o futebol reúne muita coisa na sua invejável multivocalidade. É uma estrutura totalizante em sua acepção teórica [Da Matta, Roberto, Antropologia do Óbvio, in Dossiê Futebol, Revista USP,jun.jul.ago.1994].

“Em uma das obras clássicas da Sociologia, Émile Dürkheim sugere que a religião é menos importante como um conjunto específico de crenças e divindades do que como uma oportunidade para a reafirmação pública da comunidade… Apesar da ausência de vínculos sangüíneos, os homens da tribo sentem que estão relacionados entre si porque partilham um totem. O culto a uma equipe esportiva, como o culto a um animal, faz com que todos os participantes se tornem altamente conscientes de pertencerem a um coletivo. Ao aceitarem que uma equipe em particular os representem simbolicamente, as pessoas desfrutam um parentesco ritual, baseado neste vínculo comum.” [Dürkheim, Émile, apud Lever, Janet, A Loucura do Futebol, 1983, Ed. Record]

Segundo o Professor Jober Teixeira, “o futebol é para os brasileiros um misto de necessidades imediatas e práticas de luta e obtenção de resultados e objetivos, e ao mesmo tempo a expressão de alegria e da arte popular, expressando uma sintonia entre o individual e o coletivo, dentro e fora dos gramados”. O professor exemplifica através de uma resposta que todo torcedor tem, na ponta da língua, quando questionado sobre qual time torce: “Eu sou gremista” ou “Eu sou corintiano”. De acordo com o professor, a palavra “eu” significa a individualidade; a palavra “sou” representa a identidade; e “gremista” ou “corintiano” ou qualquer que seja o time, é a coletividade. A palavra “eu” indica a personalização ou a individuação do sujeito ao time. Dessa maneira, incorporado á sua personalidade, o time faz parte do individuo.

Na Copa do Mundo há a maior comprovação sociológica do que o brasileiro é capaz, independente da camada social: organiza-se nas ruas e espaços comunitários para numa ação conjunta mostrar toda a sua cidadania. Como modalidade desportiva mais popular do mundo, o futebol cria espaços públicos permissíveis a experiências comunitárias sensacionais.

Em menos de um ano, teremos a Copa do Mundo na África do Sul. O jornalista esportivo Nivaldo de Cillo passou pouco mais de um mês na sede da Copa de 2010, cobrindo a Copa das Confederações, evento que antecede a Copa do Mundo. Segundo o jornalista, é preciso entender que para a África do Sul o futebol , nos próximos meses, será mais que um megaevento de bilhões de dólares que vão ser gerados em função dele, ou ainda o legado que o país irá herdar quando os holofotes se apagarem. É, por consequência, mais que um evento esportivo. Nivaldo afirma que estamos diante de um acontecimento histórico, filosófico e racial. O futebol é um esporte fundamentalmente dos negros da África do Sul. Os brancos, que são apenas 10% da população adotaram o rugby como o esporte principal do país. É nesse esporte onde estão as maiores verbas publicitárias, os maiores investimentos, a elite do país. Os negros, maioria absoluta no país sul africano, também são a maioria esmagadora de pobres. Estamos diante do apartheid, mesmo depois da "libertação" alcançada pelo brilhante Nelson Mandela, praticamente sem forças para continuar a defesa de seu povo.

Através da convivência com os sul africanos, Nivaldo afirma que a Copa do Mundo é o orgulho de uma camada expressiva de uma população oprimida por anos e anos de segregação racial, de preconceito, de desigualdade social. Com a Copa do Mundo, brancos e negros estarão lado a lado, vibrando e torcendo, num dos eventos mais importantes do planeta.

“Pode chamar de esperança o ano do mundial de futebol. Não imagino que os problemas irão desaparecer a cada gol marcado, a cada vitória dessa ou daquela seleção. Mas pelo menos por um tempo, as diferenças gritantes que qualquer visitante percebe ao chegar no aeroporto de Joanesburgo, serão abrandadas por um só corrente: o futebol é um esporte onde todos podem ser iguais, no campo, na arquibancada, na vida. Depois, sei lá. Depois acho que tudo vai seguir como antes, infelizmente”. [Trecho da entrevista do jornalista esportivo Nivaldo de Cillo, repórter da TV Band]

 A voz dos estudantes

De Maio a Agosto, pesquisamos com 150 estudantes de Jornalismo sobre a inclusão da disciplina Jornalismo Esportivo na grade curricular de suas Universidades. Foram ouvidos 50 alunos da Universidade de Taubaté (UNITAU), 50 alunos da Universidade de Mogi das Cruzes (UMC) e 50 alunos da Unifiamfaam.

Opinião /Universidade UMC (UNITAU) FIAMFAAM
Aceitariam 37 40 38
Não aceitariam 5 5 4
Tanto faz 8 5 8
 

Pesquisa realizada entre 10 de Maio de 2009 e 27 de Junho de 2009

Dos 150 alunos de Jornalismo que foram entrevistados, 115 dos estudantes, ou seja, 76% dos futuros jornalistas, querem especializar-se, ou se interessam em jornalismo esportivo.

Mesmo com esse alto número, o Diretor do Departamento de Esportes da TV Bandeirantes de São Paulo, Carlos Gomes, não acha necessário que haja uma disciplina específica para jornalismo esportivo. “Não vejo necessidade. Jornalismo esportivo deve ser um curso de pós graduação, uma especialização”. Porém, Carlos Gomes acha importante que os estudantes de jornalismo tenham conhecimento sobre os negócios que envolvem o esporte, marketing esportivo e administração esportiva. Apesar de não concordar com uma disciplina específica de jornalismo esportivo, Carlos Gomes concorda que os alunos de jornalismo devem obter conhecimento sobre marketing, negócios e administração esportivo e, é nessa lacuna, que pretendemos atuar, levando aos alunos de jornalismo, a importância de se conhecer o mundo esportivo, especificamente o futebol.

Todavia, Heródoto Barbeiro e Patrícia Rangel afirmam que a não existência de uma disciplina ou um curso de jornalismo esportivo é um erro grave. “Muitas faculdades não têm (ainda) um curso de jornalismo esportivo para adequar os princípios gerais do jornalismo ao esporte. Uma falta grave.” [Heródoto Barbeiro e Patrícia Rangel, 2006, p. 105]

A disciplina de Jornalismo Esportivo preencheria esse espaço dentro do curso de jornalismo, já que levaria ao aluno a oportunidade de explorar esse mercado tão grande. O esporte possui uma diferença fundamental com relação as outras editorias: a paixão. Falar de esporte, em qualquer que seja a mídia, é falar da paixão e da emoção que envolve qualquer modalidade esportiva. Segundo Wesley Cardia [Wesley Cardia, 2004, p.87], quando trabalhamos com marketing e negócios do esporte, há um elemento que nunca deve ser esquecido, justamente a paixão, como citamos acima. Segundo o autor, nenhuma outra área do jornalismo usa tanto a emoção para “conversar” com seu público.

Em 2014 o Brasil será cede do maior evento de futebol do mundo. Com a Copa do Mundo da Fifa, inumas opções de trabalho se abrirão. Para quem gosta e pretende seguir a carreira de jornalista esportivo, o evento abrirá portas no mercado. Aos que não pretendem seguir essa carreira, o número de empregos e oportunidade de negócios que se abrirão antes e depois desse evento poderá ser uma grande fonte de renda.

O jornalista Nivaldo de Cillo, cita que o o tempo (para criação da disciplina de jornalismo esportivo) para isso é agora. Segundo ele, “nosso jornalismo esportivo está vivendo uma certa crise de identidade. No caso da televisão, a luta pelo IBOPE [empresa que mede, minuto a minuto, a audiência das TVs na cidade de São Paulo], algumas vezes deixa a "verdade" de lado em busca do sensacionalismo. Não é regra, graças a Deus, mas exceção já preocupa. Além do que, os interesses comerciais/financeiros, falam sempre mais alto. O jornalismo impresso e radiofônico caminham, mesmo sem tanta exposição, pela mesma perigosa estrada. Mas há o que se comemorar. Os espaços estão surgindo, com as novas mídias”.

CAPÍTULO II

Conteúdo para a disciplina de Jornalismo Esportivo

Quando pensamos no conteúdo dessa nova disciplina, não podemos esquecer que, apesar do alto número de alunos que se interessam pelo jornalismo esportivo, o curso é de Graduação e há, mesmo que seja um número mínimo, alunos que não gostam ou não pretendem trabalhar com jornalismo esportivo. Porém, trabalharemos com esses alunos a importância de se estudar o jornalismo esportivo e suas diversas atuações no mercado, como marketing, administração e negócios do esporte.

Por esse motivo, abordaremos questões teóricas de produção, direção, sociologia e marketing, mas sempre voltados para o esporte e para o jornalismo esportivo. Aos alunos que não pretendem trabalhar com a editoria de esportes, colocaremos a importância de saber utilizar as ferramentas do jornalismo esportivo, já que é uma área crescente no Brasil e, como vimos no capítulo anterior, de um público consideravelmente grande.

Aqui, sugeriremos um conteúdo de 2 semestres para a disciplina Jornalismo Esportivo.

1º Semestre

– Apresentação da disciplina e cronograma de seminários e programas

– História do Jornalismo Esportivo no Rádio e na TV

– Sociologia do Esporte

– Conceitos de Categoria, gênero e formato

– Pautas/Espelho/Roteiro e Texto e Edição para Rádio e TV

– Remake (reprodução) de um programa esportivo em Rádio e TV

Nesse primeiro semestre, o aluno teria uma boa carga teórica sobre a relação da sociologia com o esporte. Essa visão serve para mostrar ao aluno a importância que o esporte têm na vida do brasileiro. Atrelado a esses conceitos, propomos uma pequena carga teórica de conceitos de categoria, gênero e formato na TV e no rádio, o que serve de base para a discussão de pautas, roteiros e textos para os mais variados veículos de comunicação. Ao final do semestre, os alunos escolheriam um programa de TV e um programa de rádio que não esteja mais na grade de programação de nenhuma emissora, e reproduziriam esse programa, utilizando as técnicas específicas do jornalismo esportivo expostas em aula.

2º Semestre

– Cronograma de seminários e programas

– Produção e Direção de programas esportivos em Rádio e TV

– Marketing e Negócios do Esporte

– O esporte e as novas mídias

– Esporte e Política

– Elaboração de projeto

– Elaboração de programa em Rádio e TV ou impresso, Web, etc.

No início do 2º semestre da disciplina, teremos a exposição dos programas de rádio e TV que foram produzidos e analisaremos os aspectos de produção e direção. Isso será feito como gancho para a parte teórica de direção e produção de programas esportivos. Propomos conceitos de marketing e negócios do esporte e como o futuro profissional poderá usufruir as novas tecnologias e as oportunidades que elas dão ao jornalista esportivo. Por fim, após todo conteúdo exposto, os alunos apresentarão ao final da disciplina, um novo programa de TV, rádio, ou jornal impresso, site, etc.

Considerações finais

O Jornalismo esportivo deve ser encarado como ciência, e não apenas como uma extensão do jornalismo. Por trás de cada programa de TV, de cada texto no jornal ou na revista, de cada site, ou de qualquer outra nova mídia que tenha conteúdo esportivo, há uma série de conceitos que envolvem não apenas a simples narração ou comentário dos fatos, mas sim uma gama de teorias que envolvem não só o “como”, o “porque” ou “pra quem” falamos, mas envolvem toda uma cultura de como o brasileiro encara o esporte.

E é essa cultura e essa magia que o esporte trás ao brasileiro, que deve ser levada mais a sério nas faculdades de jornalismo. Abrir espaço para que os futuros profissionais possam entender como o esporte mexe e muda com a vida das pessoas; como o esporte faz parte da vida de cada um que enxerga no seu time de coração, uma extensão de sua família.

Como abordamos, o jornalismo esportivo tem espaço dentro do curso de graduação. Estudar o esporte e a ciência que é o jornalismo esportivo, é de grande necessidade, não só para quem é apaixonado por futebol ou outro esporte, mas também para todo profissional de jornalismo, que precisa saber da importância e da influência que o esporte tem na cultura e na política brasileira.

O esporte tem uma participação relativamente grande dentro do PIB nacional e 90% da população brasileira acompanham algum tipo de esporte. Com esses números temos obrigação de tratar o esporte, conseqüentemente o jornalismo esportivo, como uma ciência, suas variáveis, importância e influência do esporte na sociedade brasileira.

Diversos dirigentes esportivos são filiados á partidos políticos, se elegendo vereadores [Marco Aurélio Cunha é vereador de São Paulo e superintendente de futebol do São Paulo Futebol Clube] ou participando de campanhas políticas. Sem contar ex-jogadores que, usando a força do esporte, atrelam-se à política.

A força do esporte, principalmente do futebol, deve-se a exploração do marketing esportivo e da paixão/emoção que o esporte gera nas pessoas. Através dessa paixão, o esporte pode decidir o futuro político do país.

Bibliografia

ANDRADE, Mário de. Crônicas, 1939.

BARBEIRO, Heródoto; RANGEL, Patrícia. Manual do Jornalismo Esportivo. Ed. Contexto, 2006.

BUENO, Silveira. Minidicionário da Língua Portuguesa, São Paulo: FTD, 1998.

CARDIA, Wesley; Marketing e Patrocínio Esportivo. Ed. Bookman, 2004.

DA MATTA, Roberto, Antropologia do Óbvio, in Dossiê Futebol, Revista USP, 1994.

HELAL, R. Passes e impasses: Futebol e cultura de massa no Brasil, ed. Petrópolis, Vozes 1997.

MACINTOSH, P.C. O desporto na sociedade. Lisboa, Prelo, 1975.

MURAD, Maurício. Dos pés a cabeça.Ed. Irradiação Cultural, 1996.

PRIONI Marcelo, Ricardo LUCENA. Esporte: história e sociedade. Como o esporte explica a vida. Ed. Vozes, 1996.

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Fernando Ivo Antunes é jornalista